qual é sua flor favorita?

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O dia seguinte chegou e Olivia acordou exausta. A noite anterior havia sido difícil novamente, com a tensão em casa a deixando sem energia. Mas, como sempre, ela precisava seguir em frente. A responsabilidade de cuidar de Oliver e de fazer o que fosse possível para melhorar a situação a empurrava para fora da cama. Ela se arrumou rapidamente, vestindo seu moletom amarelo surrado — o único que a fazia se sentir minimamente confortável — e calças jeans que, com o tempo, foram se desgastando até ficarem com rasgos nos joelhos. Os tênis All Star, igualmente velhos e desgastados, eram o único par que ainda conseguia usar sem que os pés ficassem completamente molhados quando chovia.

Olivia pegou Oliver pela mão, e os dois seguiram para a floricultura. O caminho até lá parecia mais longo do que nunca, e o cansaço físico e mental estava começando a pesar. Quando chegaram à floricultura, Luke já estava lá, organizando as flores na vitrine. Ele olhou para ela ao longe, e, ao ver como ela parecia cansada, um leve sorriso se formou em seu rosto.

"Ei, Olivia!" Ele acenou, afastando-se da vitrine para se aproximar. "Você e o Oliver chegaram bem hoje, né?"

Olivia tentou sorrir, mas o cansaço ainda era evidente em seu rosto. Ela olhou para ele e, por um momento, se sentiu grata por ter um lugar onde poderia escapar um pouco da pressão do mundo lá fora. "Sim, estamos bem, obrigado. Só... só cansada mesmo," ela respondeu, tentando não mostrar o quanto estava exausta.

Luke a observou por um momento, percebendo o cansaço em seus olhos e a forma como ela se movia lentamente. "Eu te entendo. Parece que as últimas semanas têm sido difíceis para você." Ele não sabia exatamente o que se passava, mas sentia que havia algo mais ali que ela ainda não queria compartilhar.

Olivia olhou para o irmão, que estava brincando com algumas flores próximas, e suspirou. "Sim... só... muito coisa. Não sei, parece que quanto mais eu tento, mais difícil fica," ela admitiu, mas logo se corrigiu, tentando se mostrar mais firme. "Mas eu vou dar um jeito, não se preocupe."

Luke a observou por um momento, sentindo um impulso de oferecer mais apoio. "Se você precisar de alguém pra conversar, pode contar comigo, viu?" Ele sorriu suavemente, querendo aliviar um pouco a tensão que ela carregava. "Eu sei que você não é muito de falar, mas, sei lá, se um dia você quiser desabafar, tô por aqui. Não precisa ser sozinha."

Olivia, surpresa com a sinceridade na voz de Luke, olhou para ele e deu um sorriso tímido. Ela não estava acostumada com esse tipo de gentileza, e, por mais que quisesse, não sabia como responder àquela oferta de apoio. Ela sentiu uma onda de gratidão, mas também de insegurança. "Eu sei, Luke. E... obrigada, de verdade. Eu só não quero sobrecarregar mais ninguém." Ela olhou para ele com um sorriso forçado. "Eu só preciso... focar no trabalho, sabe? Isso ajuda."

Luke deu um passo mais perto, sem pressioná-la. "Entendo. Mas, lembre-se, trabalhar demais também não vai te ajudar a ficar bem. Às vezes, descansar um pouco faz bem, mesmo que você não ache que precisa." Ele fez uma pausa, pensando nas palavras. "Eu sei que você está fazendo o melhor que pode. Mas eu realmente quero que saiba que você não precisa carregar tudo sozinha."

Ela deu um sorriso, mais genuíno desta vez, mas ainda com um olhar distante, como se estivesse pensando em algo que ele não podia ver. "Vou tentar lembrar disso. É só... às vezes é difícil deixar as coisas pra trás, sabe?"

Luke assentiu, compreendendo, e jogou uma piada para aliviar o clima. "Eu entendo. Eu sou o mestre da procrastinação, afinal. Mas, quando você sente que as coisas estão apertando, é bom encontrar alguém para rir disso junto."

Olivia riu baixo, um sorriso que parecia mais natural, mais solto. "Bem, eu não sou exatamente boa em procrastinar. Mas, talvez, eu precise começar a praticar um pouco disso..." ela brincou, deixando o sorriso se esticar um pouco mais.

Morte pelos InjustiçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora