Da próxima vez que nos vermos, amor

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Será como uma mordida no nariz

Eu sabia que não poderia mais ficar ali, naquele apartamento vazio, naquele lugar que antes parecia tão familiar e seguro. Mas o que mais me doía não era o silêncio que preenchia o espaço — era o vazio no meu peito, a sensação de que tudo o que eu construí havia sido destruído em um instante.

Quando finalmente cheguei em casa, a primeira coisa que notei foi a ausência de Soobin. Não havia seu cheiro familiar no ar, nem a bagunça das roupas espalhadas pelo corredor. Ele não estava lá. Eu sabia, no fundo, que ele havia ido embora — provavelmente para a casa dos pais. Algo em mim desejava que ele tivesse ficado, que tivéssemos conversado. Mas ao mesmo tempo, uma parte de mim estava aliviada por ele ter ido. Talvez fosse o tempo que eu precisava para processar tudo.

Eu fechei a porta com um suspiro pesado e caminhei para o centro da sala, onde os móveis pareciam mais distantes do que nunca. Foi quando eu ouvi o barulho de vidro quebrando. Congelei, a respiração travada na garganta. Quem mais poderia estar aqui?

A resposta veio quase instantaneamente. Quando entrei na sala, lá estava Jungkook, agachado no chão, tentando juntar cacos de vidro com as mãos nuas. O som de vidros se estilhaçando foi o suficiente para me fazer sentir um calafrio, mas o que realmente me deixou em alerta foi a visão de seu rosto — havia marcas, alguns cortes na testa e na bochecha, como se ele tivesse se machucado.

— O que você está fazendo aqui? — minha voz saiu mais ríspida do que eu gostaria, ainda carregada com a raiva e a frustração que eu não tinha conseguido descarregar antes.

Jungkook levantou os olhos para mim, surpreso, mas não hesitou em dar de ombros, como se aquilo fosse uma explicação suficiente.

— Eu e o Soobin brigamos depois que você saiu — ele disse calmamente, como se o fato de estarmos ali, sozinhos, não fosse nada extraordinário. — Tae e Jin foram embora. Então, eu só... fiquei aqui, para ajudar.

Ajuda? Eu olhei ao redor, para a bagunça que estava por toda a sala. O vidro quebrado, os móveis fora do lugar, a sensação de desordem e caos em cada canto. A raiva que eu sentia antes se intensificou. Eu tentei me controlar, mas não consegui.

— O que aconteceu aqui? — Perguntei, tentando manter a calma, mas a frustração me invadiu. — Por que tudo está assim? O que você fez? E... — Eu me aproximei dele, finalmente percebendo os machucados em seu rosto. — O que aconteceu com você?

Jungkook levantou a mão, como se quisesse se afastar da pergunta. Ele limpou o suor da testa e, com um olhar que parecia cansado, se explicou.

— Não foi nada. Só uma discussão feia. Soobin... ele se perdeu, e a gente se desentendeu. O resto… bom, é melhor você perguntar pra ele. Eu só não queria deixar tudo como estava.

Eu não sabia o que sentir. A imagem de Jungkook ali, no meio da bagunça, tentando limpar o vidro quebrado enquanto estava machucado, me deixava confuso. Algo dentro de mim queria gritar e acusá-lo de ser mais uma parte desse turbilhão de manipulação, mas, ao mesmo tempo, ele parecia tão fora de lugar ali quanto eu. Ele também parecia perdido, no meio de algo que não havia escolhido.

A raiva ainda fervia em minhas veias, mas, quando olhei para ele de novo, não consegui mais sustentar toda a fúria. Em vez disso, uma sensação de cansaço tomou conta de mim.

— Então, você e Soobin brigaram... — eu disse, ainda tentando entender. — E o que foi tudo isso? Você sabia que ele estava manipulando tudo, não sabia? Você sabia que ele e os outros estavam tentando me forçar a fazer algo que eu não queria!

Jungkook finalmente levantou os olhos para mim, e pela primeira vez, pude ver a dor neles. Ele parecia tão exausto quanto eu.

— Eu sabia que estavam tentando fazer algo, mas... eu não sabia como te dizer. Eu não sabia nem o que fazer, Jimin. Eu sou tão vítima quanto você, nesse jogo todo — ele falou, a voz baixa, como se estivesse se justificando. — Só queria... sei lá, estar ao seu lado de algum jeito.

Da Próxima Vez Que Nos Vermos, Amor (PJM+JJK)Onde histórias criam vida. Descubra agora