Da próxima vez que nos vermos, amor

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Será como um campo minado


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Já passava da meia-noite quando  finalmente cheguei em casa. Exausto, mas ainda elétrico pela empolgação do evento, eu me esgueirou em silêncio pela casa para não acordar Soobin. Depois de um banho rápido,  troquei-me para dormir e, ao se deitar ao lado do meu marido, acariciei de leve o braço dele.

— Soobin, você está acordado? — sussurro, tentando conter a animação que ainda vibrava em minha voz.

Soobin soltou um murmúrio, sem abrir os olhos.

— Hm, estou… O que foi?

— Foi incrível, o lançamento do livro. Tinha tanta gente! Muitos leitores ficaram emocionados com a história… — comecei a contar, revivendo em palavras os momentos mais marcantes da noite.

No entanto, a resposta de Soobin foi um murmúrio sonolento.

— Que bom, lindo… Mas agora preciso dormir, Jimin. Tenho trabalho amanhã.

A empolgação que antes tinha esfriou rapidamente. Me viro desconfortável na cama, sentindo o meu entusiasmo se transformar em frustração.

— Mas eu também trabalho, Soobin… E isso foi importante pra mim.

Soobin suspirou, virando-se na cama.

— Sim, sim, mas você sabe… Trabalho de verdade cansa de um jeito diferente.

Essas palavras me atingiram em cheio, e eu fiquei em silêncio, encarando o teto. O sucesso daquela noite, o brilho do evento e todas as emoções que eu queria compartilhar pareciam ter sido ofuscadas por uma sombra de incompreensão.

Fiquei imóvel, com o olhar perdido no teto, enquanto o silêncio preenchia o quarto. Soobin logo adormeceu de novo, seu sono profundo e despreocupado soando como um contraste gritante com a inquietação que tomava conta de mim. As palavras duras do meu marido ecoavam na minha mente  — "trabalho de verdade". Como se os anos que eu dedicara à escrita não tivessem valor algum.

Virei-me na cama, apertando os olhos, tentando afastar a frustração. Mesmo assim, a noite não foi fácil. A imagem do salão lotado, das pessoas emocionadas com seu livro, o brilho dos olhares curiosos e os sorrisos das pessoas que se aproximaram para falar comigo — tudo isso parecia distante agora, reduzido a uma "atividade" irrelevante aos olhos de quem ele mais queria compartilhar.

Na madrugada, eu me levantei, caminhando até o escritório improvisado onde eu escrevia. Sentei-me à escrivaninha, folheando as anotações e rascunhos que deixara ali antes do lançamento. Parei em um parágrafo específico de meu novo romance, aquele em que o protagonista se questionava sobre o valor de suas próprias escolhas, buscando incessantemente aprovação em olhares que nunca pareciam satisfeitos.

Um suspiro escapou-me, misto de tristeza e resignação. Sentia-me como meu personagem, à mercê de expectativas que, talvez, eu nunca pudesse atender.

Na manhã seguinte, acordei com o som do despertador de Soobin. forcei um sorriso ao ver meu marido já vestido, preparando-se para sair.

— Bom dia, amor— Soobin disse casualmente, enquanto passava um café apressado.

— Bom dia — respondi, tentando esconder o desconforto da noite anterior.

Soobin sorriu levemente, mas não pareceu notar o clima tenso. Aproximou-se de mim e deu-me um beijo rápido na testa.

— Nos vemos mais tarde?

— Claro… Até mais — Eu respondo, observando Soobin sair, sentindo-me sozinho mesmo na presença de alguém com quem compartilhava a vida.

Da Próxima Vez Que Nos Vermos, Amor (PJM+JJK)Onde histórias criam vida. Descubra agora