~ CAPÍTULO 09 ~

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Dias atuais

\\ Reino de Soloria //

Math acordou ao som estridente do galo cantando, quase como um alarme natural e irritante. Espreguiçando, ele colocou a roupa, pegou a espada pendurada na parede, embainhou-a com uma expressão séria e saiu do cômodo. O alojamento dos guerreiros jovens estava deserto, afinal, era cedo demais para a maioria deles.

Ele deu uma olhada ao redor, ainda sem ver ninguém, e se aproximou de uma parede, cheio de uma ideia repentina - Se eu socar essa parede, será que vou quebrá-la? No outro dia, estava com muita força... - Ele fechou o punho, confiante, e deu um soco decidido.

Aaaaai! – Math agachou, segurando a mão dolorida. A parede de tijolos continuava intacta, mas a mão dele já estava inchada. Ele foi direto para os curandeiros, tentando disfarçar a expressão de dor.

Pouco depois, seus amigos Miguel e Lancelot chegaram. Miguel olhou para ele, franzindo o cenho.

Como é que você quebrou a mão treinando?

Lancelot começou a rir, apontando para a mão inchada de Math.

Tá rindo de mim, né? – Math levantou a sobrancelha.

Lancelot tentou se recompor, mas não resistiu. – Desculpa, desculpa... é que... imagina a cena... – e continuou rindo, agora com mais movimentos de ombros do que som.

Miguel, tira ele daqui, por favor – pediu Math, olhando sério para o amigo. Lancelot, ainda rindo, fez questão de sair da sala lentamente.

Quer uma mãozinha aí? – provocou, enquanto saía.

Math pegou um frasco de ervas e jogou em direção a Lancelot, que escapou por pouco. O eco da risada dele ainda ficou no ar. Math então virou-se para Miguel.

Depois eu pego ele.

Pois é... mas como é que você quebrou a mão mesmo?

Ah... Eu estava socando o boneco de treino até que ele caiu. Então avancei demais e… acertei a parede – admitiu, tentando disfarçar o embaraço.

Miguel balançou a cabeça, rindo de leve.

Sorte sua que os curandeiros aqui têm ervas ótimas. Daqui a pouco sua mão estará boa.

Logo depois, Miguel foi treinar com os outros, enquanto Math ainda esperava o tratamento. Até que a porta da sala se abriu, e o Chefe entrou com ninguém menos que o Rei Malakar, o soberano de Soloria. Math se levantou rapidamente e fez uma reverência, surpreso.

Pode se sentar, rapaz – disse o rei, com um aceno.

Math sentou-se de volta, ainda um pouco nervoso. Malakar se aproximou, com um sorriso meio contido.

Eu li alguns relatórios sobre você. Ouvi dizer que é um dos mais dedicados, dos mais esforçados. Há muitos guerreiros com dons naturais, mas o trabalho duro... isso eu respeito.

Math sorriu, envergonhado, tentando esconder o orgulho que sentia. – Obrigado, majestade.

Malakar fez um gesto com a mão, pensativo.

Eu perdi dois grandes amigos para aquele Rei Arthur... e quero vingança. Acredito que você seja capaz de cumprir essa missão. Eu preciso da sua ajuda para expor as fraquezas daquele reino.

Math assentiu, determinado. – Farei o meu melhor, majestade.

O rei olhou para ele, satisfeito. – Eu gosto da sua atitude. – Ele então saiu com o Chefe, deixando Math imerso em pensamentos.

Horas depois

Math se preparava para deixar o reino de Soloria para a sua nova missão. Miguel e Lancelot apareceram para se despedir, desejando boa sorte.

Aí, segura essas moedas – disse o Chefe, entregando-lhe algumas moedas. – Pra não passar fome por lá.

Math agradeceu e foi até o estábulo pegar seu cavalo. Montando, ele se virou para os amigos com uma expressão determinada.

Vai dar certo. Vou conseguir.

E, sem olhar para trás, partiu rumo ao Reino de Eldoria, sua mente cheia de planos e de um desejo enorme de se provar.

Horas depois

\\ Reino de Eldoria //

Math avistou o enorme portão do reino, imponente e bem guardado. Do lado de fora, soldados revistaram rigorosamente todos que tentavam entrar, enquanto arqueiros vigilantes se posicionavam nos muros, com os olhos atentos a cada movimento - Como vou passar por ali? - ele pensou, analisando suas opções.

Observando o fluxo ao redor, Math notou um grupo de mercadores se aproximando da entrada - Talvez eu tenha sorte de me misturar com eles - ele pensou, e rapidamente se infiltrou no meio dos comerciantes, tentando parecer parte da caravana.

Os soldados começaram a revistar as mercadorias dos mercadores, cada caixa, cada saco de suprimentos. Em dado momento, um dos soldados começou a caminhar em direção a Math - Droga, vão me descobrir - ele pensou, tentando manter a calma. Mas, de repente, um grito ecoou pelo portão.

Há uma mulhe aqui com armas! – alertou um dos guardas.

Os quatro soldados desviaram sua atenção para a mulher enquanto os arqueiros nos muros rapidamente apontaram suas flechas para ela. Math se virou discretamente e viu que a mulher tinha longos cachos ruivos e uma postura destemida. Um dos soldados gritou:

– É a bruxa! Matem-na!

Outro soldado ordenou aos mercadores:

Entrem, rápido!

Math e os outros mercadores não hesitaram. Aproveitaram a distração e apressaram-se para atravessar o portão. Antes de desaparecer pela entrada, Math deu uma última olhada para trás e viu a mulher ruiva fitando os soldados com um olhar penetrante.

Vocês dois têm inveja dos outros soldados. Dá vontade de matá-los, não dá? – ela murmurou, com uma voz repleta de um estranho poder.

Imediatamente, dois dos soldados se viraram contra os outros, sacando suas armas e começando uma luta intensa. Math, agora dentro do reino, observava a cena com uma mistura de espanto e admiração. A mulher aproveitou a confusão que causara e desapareceu na floresta próxima, deixando os soldados embrenhados em sua breve, mas feroz batalha. Após alguns segundos, o efeito da magia desapareceu, e os soldados cessaram o ataque, um deles com o rosto marcado pela exaustão e fúria.

Aquela bruxa… ela é muito perigosa – sussurrou um dos soldados para os outros. – Precisamos ter cuidado e nunca deixá-la entrar.

Math, que agora já estava bem dentro da cidade, sorriu para si mesmo - Graças a ela, consegui passar, - pensou. - Obrigado, bruxinha. - Ele deu uma última olhada para trás, com uma expressão de gratidão disfarçada, e depois prosseguiu para as ruas da cidade, adentrando ainda mais fundo no desconhecido com seu cavalo.

Continua...

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