\\ Floresta fora do Reino Eldoria //Anna correu pela floresta, seus olhos fixos nos goblins que fugiam com sua espada.
– Parem! – gritou, sua voz ecoando entre as árvores. Mas os goblins apenas correram mais rápido, suas risadas zombeiras enchendo o ar.
Anna parou, respirou fundo, puxou o arco das costas e mirou em um dos goblins. A flecha cortou o ar, mas acertou o tronco de uma árvore próxima. Com um suspiro de frustração, ela guardou o arco e voltou a correr, seus olhos atentos aos arredores. A floresta era densa, com árvores tão altas que bloqueavam o céu, e raízes grossas surgiam pelo chão, obrigando-a a pular para manter o ritmo.
A cada passo, Anna sentia-se mais longe do reino e mais próxima de um território desconhecido. De repente, algo peculiar chamou sua atenção: casas de madeira espalhadas entre as árvores e no solo, com telhados de palha que se misturavam à vegetação. Os goblins também pararam, e logo a pequena vila estava cercada por mais de vinte goblins que emergiram das casas.
Anna, tentando manter a calma, preparou uma flecha e falou em voz alta: – Eu só quero minha espada de volta. Foi um presente do meu pai.
Uma voz grave soou por entre os goblins. – Ela não é mais sua, menina.
Da multidão surgiu um goblin imponente, com mais de três metros de altura, músculos saltando sob a pele verde escura e um enorme taco de pedra na mão direita. Ele a encarou, rindo.
– Eu sou o Rei destas terras, – declarou ele, a voz grave reverberando pela floresta. – Tudo que passa além daquela árvore pertence a mim.
Anna não se intimidou e apontou sua flecha para o goblin gigante. – Então você também é meu, – retrucou, antes de soltar a flecha.
A flecha cravou-se no peito direito do goblin, mas ele apenas arrancou-a com a mão e quebrou-a como se fosse um galho seco, soltando uma risada ameaçadora.
– Goblins, ataquem! – rugiu o Rei, e a pequena horda avançou em sua direção.
Anna disparou flechas rapidamente, acertando alguns goblins enquanto eles se aproximavam. Mas um goblin agarrou sua perna, derrubando-a no chão, enquanto outro arrancava seu arco das mãos e o arremessava longe. Ela socou o goblin em sua perna, libertando-se, e se ergueu com determinação. Seus punhos e pés se moviam com agilidade, derrubando os goblins um a um. Um deles saltou em suas costas, mas ela o segurou e o lançou contra dois outros, derrubando-os.
De repente, o Rei goblin rugiu: – Chega! Agora é minha vez.
Os goblins recuaram, abrindo um espaço para o Rei avançar. Ele ergueu o taco de pedra, pronto para atacar, mas foi interrompido por passos vindos da direita. Um jovem com cabelos bagunçados e olhos decididos saiu das sombras das árvores, observando a cena com curiosidade.
– O que está acontecendo aqui? – perguntou o estranho.
O Rei goblin virou-se, com o taco ainda erguido, e perguntou com uma voz grave: – Quem é você?
– Me chamo Math, – respondeu o jovem com um tom casual.
O Rei goblin rosnou, apontando o taco para ele. – O que você faz nas minhas terras?
Math deu um sorriso de deboche. – Engraçado, não vi seu nome em nenhuma árvore.
Enfurecido, o Rei goblin brandiu o taco, apontando para Math e Anna. – Vou acabar com vocês dois!
Com um grito de guerra, ele avançou contra Anna, enquanto Math puxava sua espada da bainha. Anna atirou flechas contra o goblin, mas ele avançou implacável, ignorando os ferimentos.
Math correu pela direita, com os olhos focados no Rei goblin. Juntos, Anna e Math se preparavam para o confronto, determinados a enfrentar a ameaça que se erguia diante deles.
(Flashback on)
\\ Reino de Soloria //
Dois anos antes, de manhã, quando Math tinha apenas 16 anos, ele foi convocado pelo Reino de Soloria. Soloria chamava seus jovens a partir dessa idade para um árduo treinamento de proteção ao reino. Aquela era uma honra e o sonho de Math: tornar-se cavaleiro. Ele se despediu dos pais, abraçando-os em frente à sua casa de madeira enquanto dois soldados em cavalos o aguardavam. A mãe, com lágrimas nos olhos, o abraçou com força.
– Cuide-se, Math, – sussurrou, segurando seu rosto.
– Vou, mãe. Voltarei como um cavaleiro digno de Soloria, – ele disse com um sorriso, tentando esconder a ansiedade.
Após uma última despedida, Math subiu em seu cavalo e partiu com os soldados. Ao chegar à fortaleza de treinamento perto do castelo do Rei Mathias, ele ficou impressionado com o tamanho do local e a quantidade de jovens: mais de 400 recrutas, todos ansiosos e determinados. Ele respirou fundo, apertando os punhos enquanto pensava: Como vou me destacar entre tantos?
Um jovem aproximou-se com um sorriso irônico e estendeu a mão. – Você deve ser novo por aqui. Sou Lancelot, filho do capitão.
Math hesitou, mas respondeu educadamente. – Sou Math. É um prazer.
Lancelot apenas riu e, de repente, com um leve empurrão, fez Math tropeçar e cair. Ao olhar para trás, Math viu um outro garoto abaixado que servira de obstáculo, ambos rindo de sua queda.
– Bem-vindo ao inferno, novato, – Lancelot zombou.
Math se levantou rapidamente, o sangue fervendo. Sem pensar duas vezes, ele acertou um soco no rosto de Lancelot, seguido de um segundo soco no outro garoto. Lancelot, com raiva, limpou o sangue do nariz e chamou mais quatro amigos, todos mais velhos e mais fortes.
Dois deles seguraram os braços de Math enquanto Lancelot desferia um soco forte em seu estômago, fazendo-o se dobrar e cuspir sangue. Lancelot puxou seu cabelo, forçando-o a encará-lo. Em seguida, os garotos o jogaram no chão e começaram a chutá-lo sem piedade.
Mas, de repente, uma figura apareceu e, com um movimento rápido, puxou Lancelot, acertando um soco em seu rosto e outro em seu estômago, seguido de um golpe que o fez desabar. Os outros pararam, encarando o novo desafiante.
– Quem é você? – um deles perguntou, com surpresa.
– Me chamo Miguel, – respondeu ele, olhando com determinação.
Os garotos avançaram contra Miguel. Um tentou golpeá-lo, mas Miguel desviou e acertou dois socos precisos, derrubando o agressor. Outro garoto tentou atacar por trás, mas Miguel girou, acertando um chute rápido em seu rosto.
Ainda restavam três. Com um sorriso desafiador, Miguel perguntou: – Vocês não vão desistir?
– Nunca! – gritou um deles.
O garoto avançou, mas Math, mesmo machucado, colocou o pé no caminho, fazendo-o tropeçar. Miguel o acertou com um soco enquanto ele caía. Math, mesmo sentindo as dores dos golpes, levantou-se e avançou contra um dos garotos, enquanto Miguel enfrentava o outro. Com um golpe coordenado, os dois derrubaram seus adversários, que agora gemiam no chão.
Math se inclinou, segurando as costelas enquanto cuspia sangue. Miguel colocou um braço ao redor dele, ajudando-o a ficar de pé.
– Vem, vamos aos curadores, – disse Miguel, com um tom de preocupação.
No caminho, Math apertou a mão de Miguel. – Obrigado.
Miguel sorriu. – Aqueles caras se achavam demais. Precisavam de alguém que os colocasse no lugar.
Após serem tratados, Miguel se despediu. – Cuide-se, Math. Eles podem tentar algo de novo.
Math assentiu, exausto mas agradecido. Ele observou Miguel sair para o treinamento e, em seguida, foi conduzido ao seu quarto. Lá, deitou-se, sentindo o corpo ainda dolorido, e pensou: Amanhã será um longo dia. Mas farei de tudo para me tornar um verdadeiro cavaleiro.
Com esse pensamento, ele fechou os olhos e adormeceu, pronto para enfrentar os desafios que viriam.
Continua...
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A ira dos deuses
FantasyDois bebês, Math e Anna, são deixados à deriva em um rio furioso em meio a uma tempestade, cada um protegido em seu próprio cesto, seguindo caminhos diferentes. Misteriosamente separados, eles são acolhidos e criados em reinos distintos, onde cresce...