Sombra e Luz: O Destino de Elenwen

✵O Peso dos Sentimentos✵

2682 Palavras

Após interceptar os anões enquanto estes eram atacados por um ninho de aranhas gigantes, a patrulha liderada por Legolas levou-os para serem interrogados em Mirkwood. Quaisquer que fossem os seus objetivos não tinham nada a ver com uma simples caminhada, mentira que eles insistiam em repetir. Os anões chamavam-se Balin, Bifur, Bofur, Bombur, Dori, Dwalin, Fili, Kili, Nori, Ori e o último e mais mal-encarado deles disse se chamar Borur, mas Legolas conseguiu escutar a respiração irregular dele enquanto disse isso, soube imediatamente que era outra mentira.

O rei Thranduil achou toda aquela situação muito estranha e algo no interior de sua memória insistia em lhe dizer que conhecia aquele anão mal-encarado de algum lugar, mas não conseguia se lembrar. Os anões não estão em bons termos com os elfos silvestres/sindar há muitos anos, então a presença de um bando daquela raça nas terras do reino não foi bem vista. Depois de muita discussão e mentiras, o rei finalmente conseguiu captar algo em todo o discurso das criaturas, eles estavam indo para a montanha de ferro, tinha algo lá que queriam. Essa informação clareou a memória do rei, e ele pode reconhecer o herdeiro do reino de Erebor: Thorin Escudo de Carvalho.

Thranduil conhecia a história de Erebor, já que o seu próprio pai já esteve em lutas com anões de lá, tanto como inimigos quanto como aliados. Ao entender que o herdeiro do trono tinha a missão de retornar às colinas de ferro e derrotar o dragão Smaug, que matou e tomou para si os tesouros de toda Erebor, o rei quis uma parte daquele tesouro. Não tinha ambição nas grandes riquezas do reino dos anões, apenas uma joia despertava o seu interesse, um colar com gemas tão brilhantes quanto as luzes das estrelas, mas a razão por trás disso, ninguém além do próprio rei entendia.

Ao negar o auxílio dos elfos e deixar evidente em palavras vis o desprezo que possui pela raça, Thorin e seus aliados foram enviados para as masmorras do castelo. As profundezas de Mirkwood estavam mais escuras naquela noite. O brilho opaco das tochas tremeluzia pelas paredes de pedra úmida, iluminando os rostos cansados dos anões aprisionados. Kíli se encostava às grades de sua cela, os olhos examinando cada detalhe ao seu redor, como se procurasse uma saída.

"Eu já vi prisões piores," murmurou ele com um sorriso de desdém, como se quisesse disfarçar o desconforto. Mas suas palavras não passaram despercebidas. Nos corredores, oculta nas sombras, Tauriel observava, intrigada.

Ela nunca tinha visto alguém como ele. Sua bravura, mesmo em uma situação que parecia perdida, a intrigava. Aproximando-se, ouviu quando Kíli murmurou para si mesmo, em uma língua estranha e quase melancólica. Seus olhos, escuros e profundos, capturavam a luz das tochas de uma maneira que parecia refletir mundos distantes.

"Quem é você?" a voz dela rompeu o silêncio, carregada de uma curiosidade que ela mesma não compreendia.

Kíli ergueu o olhar, surpreso e fascinado. Eles trocaram poucas palavras, mas naquele instante, algo se formou no ar. Algo que Legolas, parado mais distante, não pôde ignorar. Ele observava de longe, e, embora soubesse que era seu dever proteger o reino indo até o seu pai para receber as novas ordens, ele ficou ali observando Tauriel interessada por um dos prisioneiros, sentiu um incômodo no peito, por que ela estaria tão fascinada por essas criaturas grosseiras? Kíli não era ninguém, um mero prisioneiro... mas algo na troca de olhares entre ele e Tauriel incomodou Legolas.

O príncipe não gostou da aproximação de Tauriel e do anão com o passar dos dias, observou ela ir até lá conversar com ele durante as noites, escutou os risos e os laços que começaram a se formar entre eles às escondidas. "Ela não poderia estar disposta a apaixonar-se por um deles" ele pensava com chateação, "não depois de tudo que fiz para ficarmos juntos". Enquanto a noite avançava, Legolas sentia o peso desse incômodo crescendo. Ele foi até os aposentos de seu pai, o rei Thranduil, onde as velas lançavam sombras dançantes nas paredes entalhadas.