Capítulo 30

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Maven Dawson

Sempre soube que Elliot era um filho da puta que gostava de foder com a vida alheia, ainda mais quando ele conseguiu trair a confiança do meu irmão. Mesmo assim, não passou pela minha cabeça de que era ele que sequestrou Eleanor.

Não que isso me surpreendesse, pelo contrário, fazia até sentido. Não é como se ele não quisesse se vingar de mim por causa daquela corrida usando a Eleanor, claro que não, imagina.

Ele ainda acha que ela é meu ponto fraco, como antigamente, mas mal sabe ele que eu posso fazer pior do que um sequestro.

Houve uma época em que eu rapidamente me levantaria daqui para ir encontrá-la, mas isso já se foi, restando as malditas lembranças que marcam a minha memória de forma dolorosa, que arranham minha mente toda vez que eu penso naquela garota.

Mas, agora? Agora eu não me importo. O pai dela com certeza tem dinheiro e vontade para conseguir achá-la, não há necessidade da minha ajuda, e, mesmo se houvesse, não teriam ela, afinal, Eleanor não estava lá quando eu mais precisei. Longe disso, ela estava contra mim, contra tudo que vivemos para acreditar em provas obviamente forjadas.

Sinto a necessidade da nicotina invadir meu corpo, mas me distraio quando a porta do quarto se abre e uma enfermeira entra.

Seus olhos cor de âmbar parecem querer ignorar os meus, mas sinto seu olhar travar em mim depois de um tempo.

- O senhor Quinn deseja vê-lo novamente, senhor Dawson. - Ouvir o sobrenome dele me causa uma repulsa que eu logo escondo. - Ele mandou dizer que é algo importante.

Assenti e ela saiu tão subitamente quanto entrou.

Não quero saber sobre a situação de Elen, mas ver o desespero dele torna minha estadia neste hospital um pouco menos tediosa.

- Esse filho da puta vai pagar! - ouvi as vozes se aproximando do meu quarto antes da porta ser praticamente chutada - Desgraçado! - não tive nem tempo de me defender do seu ataque, o soco acertando em cheio meu olho. - Eu te mato, seu merda!

Meu olho ardeu como fogo, a dor se espalhando pelo meu rosto todo.

Com uma mão tapando o ferimento, virei meu rosto para vê-lo sendo segurado por um médico e dois seguranças.

Que merda é essa?

- Senhor, se acalme! - o médico gritou, mas logo também recebeu um soco, caindo no chão com o nariz sangrando.

- Não me diga o que fazer! Eu vou matar esse garoto! - avançou em meu pescoço, seus olhos, cheios de fúria, cravando nos meus. - Você mandou sequestrar a minha filha! Ele me falou!- foi afastado de mim mais uma vez, mas isso não o impediu de continuar: - Eu sabia que era você, sempre é você, seu desgraçado. Não acha que nos atormentou o suficiente, não? Será que não pode deixá-la em paz?!

Vi o sangue em minha mão e o senti escorrendo pela minha bochecha.

Sua respiração era irritantemente alta, o ar saindo da sua boca de forma rápida e irregular.

- Eu já disse que não fiz nada. - Falei, limpando o sangue fresco da minha sobrancelha.

- Mentira, seu canalha! - não avançou em mim dessa vez, sendo contido pelos seguranças. - Ele me contou tudo, me disse que você pagou pelo sequestro.

O ímpeto de revirar os olhos subiu em mim, mas me contive e respirei fundo.

- Quem?

Sua risada me deixou confuso.

- Não se faça de burro, você sabe muito bem quem é, afinal você o pagou para isso.

Suspirei, mais irritado com sua presença do que com sua acusação.

Eu não ia conseguir uma resposta facilmente dele e isso já era óbvio.

- É, é verdade. Mas, depois do acidente minha memória ficou uma merda - então resolvi entrar no jogo. - Pode me ajudar a lembrar? Só me diga o nome.

Houve um silêncio, apenas a respiração pesada dele podia ser ouvida.

Por um momento pensei que ele não responderia e a humilhação e arrependimento se tornaram presentes em mim, mas logo passaram quando ele voltou a dizer:

- Graves - disse, finalmente se acalmando. - Foi assim que se revelou.



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