𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔⁷ - 𝕾𝖔𝖒𝖇𝖗𝖆𝖘 𝖊𝖒 𝕵𝖊𝖗𝖊à𝖍 - 𝕻𝕿.2

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O céu sobre Jereàh começava a mudar de cor, com as primeiras estrelas surgindo no horizonte, enquanto o grupo de Ery descansava após a intensa batalha nos túneis. A cidade elfa, um refúgio encantado de natureza e magia, agora parecia um campo de guerra silencioso, mas o grupo sabia que essa pausa era temporária. Os elfos que protegiam Jereàh, finalmente livres das passagens subterrâneas, estavam agora segurando o avanço do exército de Valorian nas ruas e florestas ao redor da cidade.

Dentro de uma caverna oculta, Ery, Brita, Dragomir e AskaD se recuperavam, em volta de uma fogueira improvisada que iluminava seus rostos exaustos. Ery estava mais quieta do que o normal, o peso do destino de seu povo a pressionando. Dragomir, enquanto organizava frascos de poções e pergaminhos de feitiços, observava a expressão dela.

— Nós precisamos de um plano — disse AskaD, quebrando o silêncio. — Valorian não é só força bruta. Ele tem estratégia, e vai fazer de tudo para destruir esse lugar.

Brita, que até então estava afiando seu martelo, olhou para os outros, os olhos refletindo determinação.

— Jereàh não cairá. Mesmo que ele venha com toda sua tropa, nós estaremos prontos.

Ery suspirou e finalmente falou, a voz suave, mas carregada de preocupação.

— Meu povo está dando tudo para resistir. Mas Valorian é astuto. Não vai demorar para que ele perceba como estamos nos movendo. Precisamos garantir que ele seja derrotado de uma vez por todas, para que não volte a ameaçar nosso lar.

Eles passaram a noite discutindo estratégias. Dragomir sugeriu conjurar ilusões para confundir os soldados de Valorian, enquanto Brita e AskaD planejavam emboscadas em pontos estratégicos da cidade. Ery escutava cada sugestão, absorvendo a energia de seus amigos, que, mesmo sem serem de Jereàh, estavam ali por ela e por seu povo.

O plano estava quase finalizado quando o sol começou a surgir no horizonte, e o grupo, mesmo cansado, sentiu-se renovado pela esperança que cada ideia trazia.

Ao amanhecer, o grupo se preparou para a batalha final, mas logo perceberam que algo estava errado. Valorian, com seu conhecimento tático, havia previsto suas estratégias e agia de forma completamente oposta ao que haviam imaginado. Ele reorganizava suas tropas e movia seus soldados para locais que neutralizavam as emboscadas planejadas.

Em meio ao caos que se instaurou, Ery e os outros viram sua estratégia se desfazendo. Valorian havia conseguido desestabilizar suas ações, deixando o grupo encurralado em diversas ocasiões. Ery, indignada, resolveu confrontá-lo diretamente, buscando respostas para sua crueldade.

Valorian, ao ser confrontado, soltou uma risada fria.

— Você quer saber por que sou assim, pequena elfa? — Ele disse, com sarcasmo. — Porque esse mundo não recompensa os fracos. Eu vi os poderosos triunfarem enquanto os outros... pereciam.

Ery e o grupo continuaram pressionando, cada um com uma pergunta. Dragomir perguntou por que ele parecia tão disposto a destruir vidas inocentes. Brita, com raiva evidente, questionou onde ele havia perdido a compaixão. Cada resposta de Valorian era uma mentira bem articulada, uma desculpa que escondia o verdadeiro vazio de seu coração.

Enquanto os ataques continuavam, os generais de Valorian, Sorin e Haldar, perceberam que a derrota era inevitável. Vendo o exército de Valorian enfraquecido e desmoralizado pela resistência do povo de Jereàh e pelo combate persistente do grupo de Ery, os dois decidiram fugir, abandonando seu líder.

Valorian, ao perceber a traição de seus generais, foi forçado a encarar sua derrota. Cercado pelos elfos e pelo grupo de Ery, ele, sem mais opções, ajoelhou-se diante deles. Com um olhar vazio, entregou o trono de Jereàh a Ery, as mãos trêmulas e o rosto demonstrando uma inesperada tristeza.

Ery, segurando sua espada, o olhava com desconfiança e surpresa. Não esperava que ele se rendesse daquela forma. Valorian ergueu os olhos para ela, um brilho sombrio e confuso em seu olhar.

— Talvez eu pudesse ter sido melhor... — ele murmurou, para a surpresa de todos. — Talvez eu pudesse ter feito algo diferente... mostrado compaixão. Mas me pergunto... o que isso teria mudado?

Suas palavras, de uma vulnerabilidade inesperada, fizeram o grupo se calar por um momento. Brita, que havia preparado sua arma para o golpe final, hesitou. AskaD olhou para Dragomir, ambos confusos e, de certo modo, tocados pela confissão de Valorian.

Valorian abaixou a cabeça, derrotado não apenas fisicamente, mas espiritualmente.

Ery, ainda em choque, guardou sua espada, não por piedade, mas por entender que a derrota de Valorian não era apenas uma vitória para Jereàh, mas um lembrete sombrio das escolhas que moldam uma vida.

Enquanto Valorian permanecia ajoelhado, cabisbaixo e derrotado, um silêncio profundo envolveu o grupo. O triunfo deles parecia, de algum modo, menos brilhante ao ver o vilão diante deles tão vulnerável. Ery, sentindo uma empatia inesperada, deu alguns passos hesitantes até ele. Os olhos dela, antes repletos de determinação, agora brilhavam com lágrimas contidas.

— Valorian, nós podemos escolher o caminho que seguimos. Ainda há uma chance de você encontrar a paz que tanto parece buscar — disse Ery, a voz embargada.

Valorian ergueu o olhar, surpreso com a compaixão nas palavras dela. A dureza em seu rosto parecia começar a ceder, uma rachadura no escudo que havia construído ao longo dos anos. Sem pensar, Ery ajoelhou-se ao lado dele e, num gesto de pura bondade, envolveu-o em um abraço. Foi um momento inesperado, um ato de perdão e misericórdia que ninguém do grupo poderia prever.

Dragomir, Brita e AskaD observavam a cena, tomados por um misto de espanto e compreensão. Brita, sempre prático e objetivo, sentiu seu coração se abrandar diante do gesto de Ery. Um a um, eles se aproximaram, formando um círculo ao redor de Valorian, oferecendo-lhe apoio em silêncio, num abraço coletivo e caloroso.

— Você não precisa carregar esse peso sozinho — murmurou AskaD. — Há outras formas de encontrar força que não sejam na dor dos outros.

Valorian, envolvido pelo calor humano que tanto lhe faltara, sentiu algo há muito perdido ressurgir em seu peito. As defesas que construíra em torno de si, as sombras que alimentara, tudo começou a se dissolver naquele instante. Lágrimas silenciosas desceram por seu rosto, misturando-se ao arrependimento.

— Eu... nunca pensei que... — Valorian mal conseguia falar, sua voz frágil, quase irreconhecível. — Que alguém pudesse me oferecer isso… depois de tudo o que fiz.

Ery segurou seu rosto entre as mãos, os olhos firmes e gentis.

— Todos merecem uma segunda chance, Valorian. Venha conosco, e talvez você possa redescobrir quem realmente é.

O coração de Valorian, endurecido pelo tempo e pelos erros, começou a bater de um jeito diferente, mais compassivo, mais humano. Ele sentia uma esperança que acreditara perdida, uma faísca de bondade que o lembrava do homem que um dia fora. De pé, com o apoio dos braços dos seus antigos adversários, ele encontrou, por um instante, a redenção.

O grupo ficou ali, em silêncio, sustentando aquele momento de união improvável. E naquele instante, sob o céu estrelado de Jereàh, o reino ecoou não o som de uma batalha, mas o de uma promessa de renovação.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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