Cover me

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Era sexta-feira. O sol brilhava no céu azul sem nuvens, e Bang Chan e seus amigos estavam no pátio, conversando e rindo. Como de costume, os outros rapazes estavam por perto, todos relaxando após uma semana de estudos e práticas intensas. Já tinha virado rotina os dois grupos se encontrarem nesse horário para descontrair.

Bang Chan estava entretido com seu caderno de desenhos, os fones de ouvido tocando uma música suave, mas melancólica. Não estava prestando muita atenção na conversa ao redor, focado no desenho que estava criando. 

O homem que ele desenhava estava curvado, os ombros caídos em resignação. Seus pés, descalços e feridos, afundavam em uma camada de cacos de vidro que se espalhava pelo palco, os detalhes das lascas afiadas sendo trabalhados com delicadeza por Chan. Pequenos rios de sangue escorriam dos pés do homem, criando um contraste forte com a superfície clara do palco, como se sua dor fosse absorvida pelo cenário ao redor. 

A posição dos braços era rígida, como se estivesse preso em uma dança que não podia parar, uma coreografia dolorosa que parecia simbolizar sacrifício e exaustão. As roupas rasgadas do homem ao redor do corpo magro e cansado, como se tivessem sido dilaceradas em uma batalha invisível. No rosto, uma ausência inquietante de emoções - sem olhos, sem boca, apenas uma expressão vazia, como se a alma tivesse sido arrancada, deixando para trás apenas a carcaça de alguém que um dia sentiu e viveu. 

A figura parecia lutar para encontrar o equilíbrio, tropeçando a cada passo sobre os estilhaços, mas continuava dançando, preso em um ciclo interminável de dor.

— Quem é no desenho? — Jisung perguntou, sem querer, ao olhar para o caderno.

— Oi? — Chan retirou um dos fones e esperou que Jisung repetisse a pergunta. — Ah, não é ninguém. Eu só sonhei com isso esses dias e resolvi passar para o papel.

— Hm, entendi — Jisung respondeu, mas não acreditou. Ele já estava percebendo algo diferente entre Chan e Hyunjin, mas preferiu não falar nada. Deixaria que o amigo contasse quando estivesse confortável. Ele se virou para os outros amigos e perguntou: — Alguém viu ou falou com o Hyunjin hoje?

— Eu falei com ele mais cedo. Está na sala de prática ainda — Seungmin respondeu. Ele estava sentado entre as pernas de Félix, com suas costas encostadas no peitoral do outro, um quadro de carinho e conforto que contrapunha o ambiente tenso de Hyunjin.

— Mais tarde eu vou naquela sala e tiro ele de lá nem que seja à força — Jeongin, que estava brincando com a grama, falou sem encarar os amigos. — Sabem se ele já almoçou?

Os amigos apenas balançaram a cabeça, e Chan observou todo aquele diálogo. Sentiu uma pontada de preocupação e culpa. Na mesma hora, ele se levantou e começou a arrumar suas coisas.

— Pra onde vai? — Minho perguntou curioso, notando a pressa de Chan.

— Eu vou fumar, quer ir? — Chan mentiu e rezou para que Minho não aceitasse.

— Nah, vou ficar mais um pouco aqui — Minho disse, puxando Jeongin para mais perto e deixando um beijo em seu cabelo.

Chan apenas se afastou e seguiu seu caminho para a parte de trás da quadra, onde costumava fumar para relaxar. Quando estava longe o suficiente, desviou o caminho e foi até o refeitório. Comprou um sanduíche, um refrigerante e um milkshake de chocolate, colocando tudo dentro de uma sacola. Pensou em como entregar a comida para Hyunjin sem criar uma discussão desnecessária. O rapaz provavelmente não aceitaria se soubesse que era dele. Resolveu pagar para algum calouro levar a comida até lá.

— Seguinte, quando você entregar, diz que foi o Jisung que pediu pra entregar. Entendeu? — disse, entregando uma nota de 20 para o rapaz, que balançou a cabeça afirmativamente e seguiu em direção à sala de prática.

He was a punk and he did ballet. - hyunchan Onde histórias criam vida. Descubra agora