He was a punk and he did ballet. - hyunchan

sk8er boy

Hyunjin estava exausto e suado, suas roupas grudavam no corpo e sua respiração estava ofegante. Seus pulmões ardiam em busca de ar. Ele se olhou no espelho e viu a bagunça que estava: cabelo molhado e colado ao rosto, pele vermelha e lábios secos. Pegou uma garrafa d'água e sentiu seu interior se gelar ao tomar um gole.

Ele estava ensaiando para uma apresentação no final do semestre e precisava que tudo estivesse perfeito, com cada passo cravado e sincronizado com a música. Não estava satisfeito com o resultado e, por isso, passou horas e horas na sala. Pegou o celular que usava para gravar e deu uma olhada, contorcendo o rosto ao perceber os erros grotescos de postura. A voz de sua mãe ecoava em sua mente: “Arruma essa postura, escuta a música, se concentra. Você não passa de uma pessoa medíocre, precisa se esforçar mais.” Decidiu que iria continuar a prática, mas foi interrompido quando a porta se abriu de forma brusca.

— Aha!! Sabia que te encontraria aqui. Vamos embora, tá na hora — Jisung falou de forma séria, a voz ecoando pelo ambiente.

— Já vou, Sung. Deixa eu fazer só mais uma vez.

— Hyunjin, chega! Você está aqui desde cedo. Perdeu todas as aulas e vai perder o almoço também. Vamos logo!

Hyunjin revirou os olhos e, bufando, começou a recolher suas coisas. Pegou sua bolsa com toalhas e produtos de higiene pessoal.

— Vou tomar banho. Pode ir.

— Vou te esperar aqui. Te conheço tempo suficiente para saber que você não iria tomar banho e sim voltar para ensaiar. Não demora — Jisung falou com um sorriso vitorioso, sentando no sofá que havia no canto para esperar o amigo.

Do outro lado do pátio, sentado embaixo de uma árvore, estava Chan, com seus cabelos vermelhos e inúmeras tatuagens e piercings, mantinha o semblante fechado, com as sobrancelhas unidas em concentração. Em seus fones de ouvido, tocava uma banda punk que haviam indicado. Ele estava focado no desenho aleatório que fazia, tão concentrado que nem reparou quando seus amigos se sentaram ao seu lado.

— O que tá fazendo? — Félix perguntou de forma irritante, cutucando o amigo e tirando um dos fones de sua orelha.

— Para com essa porra! Tô apenas desenhando. — Chan voltou sua atenção para o desenho, ignorando o amigo.

— Chan, não esquece que esse sábado  a gente vai tocar na Scream. A gente vai continuar com os ensaios? — Minho, o baterista da banda, perguntou enquanto observava o desenho que o amigo fazia. Notou que era um palco vazio, com apenas duas pessoas na plateia, ambas segurando uma arma. Não precisava ser um gênio para perceber que aqueles desenhos representavam seu pai e sua mãe.

Chan ouviu a pergunta, mas algo chamou sua atenção quando ele tirou o fone.

Uma risada.

Tentou, discretamente, encontrar o dono ou a dona daquela risada escandalosa, mas extremamente gostosa de ouvir. Não precisou procurar muito. Logo à sua frente, um rapaz apareceu e Chan deixou seu olhar recair sobre ele.

Chan achava muitas pessoas bonitas, mas ali, sentado, observando aquele rapaz, chegou à conclusão de que ele era a personificação da beleza. Não existiria um ser humano que não o achasse a pessoa mais bonita do mundo. Não quando viu seus cabelos pretos e longos balançando ao vento, não quando viu que a risada cessou porque ele colocou uma xuxinha na boca para fazer um coque desajeitado, não quando viu seus olhos se fechando devido ao sorriso largo e escandaloso que estava soltando.

Percebeu que estava tempo demais observando o rapaz, tanto que pareceu que o universo avisou o outro, e na mesma hora seus olhares se encontraram. Foi por pouco tempo, mas tempo suficiente para Chan perder o ar.