Pau e água

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Matheus França
São Paulo 📍

Acordei com o sol na minha cara, tinha esquecido de fechar o caralho da cortina.

Dei uma olhada ao meu redor e Yasmim estava lá, encolhidinha e com o braço tapando a cara do sol.

E eu sorri. Caralho eu sorri por ver ela na minha cama. Tô fodido mesmo.

Me levantei e fechei as cortinas, pouco que me importava que horas eram, eu ia dormir mais.

Voltei pra cama e a puxei pra mim, ela resmungou alguma coisa e se aconchegou no meu peito. Capotei na mesma hora.

Acordamos depois de sei lá quanto tempo, sei que eu estava até perdido de tanto dormir.

-Fazia muito tempo que eu não dormia bem assim. - Yas murmurou com a voz rouca, ainda estavamos deitados na cama.

Parei pra pensar naquilo e vi que eu também. Mas eu me recuso a falar isso em voz alta.

Ela pegou o celular e bufou.

-Meu irmão é maluco. - Reclamou. - Já me ligou três vezes.

Parei pra olhar a mulher do meu lado, descabelada, rosto inchado, vestia só uma camisa minha e era a coisa mais linda.

-Quer tirar uma foto? - Ela perguntou repetindo o que eu tinha falado pra ela ontem.

Revirei os olhos jogando o edredom longe, na mesma hora o celular dela tocou e ela atendeu com muita má vontade.

Aproveitei pra ir no banheiro, tomei um banho na esperança dela se juntar a mim mas não aconteceu. Saí do banho em enrolado na toalha e quando voltei pro quarto ela estava DORMINDO.

A mina hibernava.

Vesti uma bermuda e fui até ela.

-São quase duas horas da tarde. - Comentei.

-'Tá me mandando embora? - Resmungou.

Eu não era de levar mulher lá pra casa, justamente por isso, porque eu ficava agoniado que elas não iam embora logo. E notar que eu NÃO queria que ela fosse embora me deixou meio pá.

-Vai tomar um banho. - Respondi. - Tem toalha limpa no banheiro.

Coloquei o cabelo dela pro lado dei um beijo no pescoço dela, ela se arrepiou e eu ri.

Fui até a cozinha dando uma olhada no meu celular, Bidu tinha me mandado trezentos áudios e quinhentas fotos aleatórias da festa de ontem.

Comecei ouvindo os áudios que a grande maioria era dele gritando feito um retardado enquanto eu fazia o café. Avisando que tinha dado tudo certo no papinho sobre eu ter ido embora com uma mina, e que o Fagner tava maluco atrás da irmã.

Rolei as fotos e parei em uma do Memphis atracado com uma morena.

Que isso pô, mano Memphis tá vivendo.

-'Tá fazendo o que? - Me virei em direção a voz e me deparei com a diaba de cabelo molhado, sem um pingo de maquiagem e com roupa minha.

Ela tava vestindo um conjunto de moletom todo meu, claro que estava grande pra ela, mas ficava...fofo?

Viadagem do caralho.

-Tu não tá muito folgada não? - Cruzei os braços.

-Eu só tenho a roupa do estádio. - Ela fez bico. - Tá mó suada pô. Quebra essa.

-Tu tá parecendo um mano. - Ela riu se aproximando.

-'Tá fazendo café da manhã? - Perguntou olhando os ovos na frigideira.

-Por que a surpresa? - Perguntei.

-Primeiro porque já se passa das duas da tarde. - Ela puxou o ar sentindo o cheiro. - Segundo porque eu pensei que tu era do tipo só pau e água. - Eu tive que rir.

E na verdade eu era mesmo. Nunca na vida que eu fiquei fazendo cafezinho da manhã, com a mina tomando banho no meio banheiro, lavando o cabelo com meu shampoo e vestindo as minhas roupas.

Mas com ela era diferente.

E é claro que eu não falaria isso em voz alta. Nunca.

-Aqui o tratamento é vip. - Pisquei.

Tomamos café em silêncio, cada um mexendo no próprio celular, vez ou outra ela me mostrava alguma coisa que alguém tinha mandado da festa e vice versa.

Eu bem que poderia me acostumar com isso.

-Seria muita folga se eu te pedir pra me deixar lá em casa? - Ela perguntou.

Bixo a pele dela era perfeita, como isso é possível?

-Seria. - Concordei. -Mas eu levo. Bom que descubro onde você mora e vou buscar minhas roupas se você não me devolver.

-Isso aqui? - Ela apontou pra si mesma. - Tu nunca mais vai ver isso aqui.

-Ah mas eu vou sim. - Falei a puxando pela cintura. -Tu pegou cueca minha? - Falei procurando pelo cós.

-Não. - Negou. - Tô sem nada. Mas boa ideia na próxima eu pego. - Piscou.

Era muita informação e meu cérebro pifou, eu não sabia se me concentrava no fato de que ela tava sem nada por baixo ou no fato que ela disse "NA PRÓXIMA".

-Então teremos próxima? - Perguntei e ela jogou os braços no meu pescoço.

-Teremos? - Perguntou. - Tu não tem cara de quem repete ficada, muito moleque piranha.

-Que isso pô, quem me difamou pra você assim?

-Sua cara te denuncia. - Ela falou olhando minha boca.

Eu não sabia muito bem como agir. Se eu agisse como desapegado ela poderia querer não me ver mais, mas se eu fosse emocionado demais, ela também poderia não querer.

-Da próxima é na sua casa. - Falei e selei nossos lábios. -E vou querer tratamento vip também.

-Vai usar minhas roupas também? - Perguntou rindo e eu fiz careta. -Vamos logo, preciso ir pra casa.

-Por que dá pressa maluca? - Perguntei.

-O Carlos tá sem comida. - Ela falou.

-Quem é Carlos? - Perguntei com a testa franzida.

-É meu peixe. - Ela respondeu enquanto juntava suas roupas do chão.

-Tu botou o nome do peixe de Carlos? - Perguntei rindo.

-Ele tem mó cara de Carlos, tu vai ver. - Ela me mostrou a camisa do Corinthians que tinha meu nome. - Posso levar essa? - Assenti.

Nunca mais eu veria meu uniforme do mesmo jeito. O que a gente tinha feito com ela dentro dele ontem, dava nem pra falar em voz alta.

Deixei ela em casa e quando voltei bateu mó crise existencial. Casa vazia pra caralho, Cheiro dela por todo canto, fui no banheiro tinha cabelo dela no chão, a diaba tava por toda parte.

-É Matheuzinho tu tá fudido. - Murmurei me jogando no sofá enquanto o PlayStation ligava.

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