Penélope Featherigton

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Penélope Featherigton

A noite caía suave sobre a residência dos Featherington, onde uma luz bruxuleante iluminava a fachada com imponência. Dentro, a casa estava decorada com o luxo tradicional, embora Penélope tivesse optado por tons mais suaves e elegantes para o jantar de noivado. Era uma noite que ela nunca imaginou para si, mas que havia acabado por aceitar — e até, de certa forma, aprender a apreciar.

Lorde Daniel Debling estava ao seu lado, sorrindo de forma encantadora enquanto discutia uma nova descoberta que fizera em suas pesquisas botânicas. Ele era tudo o que Penélope desejava em um parceiro: gentil, inteligente, respeitoso e, acima de tudo, alguém que a deixava ser quem ela era. Mesmo que não houvesse uma paixão ardente entre os dois, existia uma amizade verdadeira que florescia a cada novo encontro.

Ela não o amava, mas o respeitava profundamente, e isso lhe trazia paz. Pela primeira vez, sentia que tinha um certo controle sobre o próprio destino, ainda que a sociedade a visse apenas como a futura Lady Debling. Para Penélope, aquilo significava liberdade, uma chance de sair da sombra de sua mãe e de suas irmãs, de Lady Whistledown e, quem sabe, até mesmo do amor mal resolvido por Colin Bridgerton.

Enquanto todos se acomodavam, Portia Featherington, com um sorriso satisfeito, lançou olhares de aprovação para os dois, com orgulho pela união que estava prestes a se concretizar. Os convidados murmuravam e faziam perguntas sobre o futuro casal, e Daniel, sempre cortês e bem-humorado, respondia de maneira que arrancava risos e suspiros. Ele era conhecido por sua natureza peculiar, com uma paixão ardente por ciências, o que o tornava um tanto excêntrico, mas com um charme irresistível. Penélope o admirava por isso e sabia que, mesmo sem amor, ele seria um bom companheiro.

— A senhorita sabe, é claro, que estou considerando nomear uma nova espécie de flor com seu nome, Penélope? — comentou Debling, com olhos cintilantes.

Penélope sorriu, achando graça.

— Está brincando, milorde. Eu? Nome de flor?

— Não estou brincando, minha cara — respondeu ele, com sinceridade. — A senhorita merece essa homenagem, assim como uma flor rara que, quando finalmente se revela, cativa todos ao redor.

Penélope corou, e os olhares dos convidados convergiram para ela. A verdade é que Daniel a via de uma maneira gentil e valorizadora que Penélope jamais sentira antes. Porém, ao ouvir as palavras dele, seu coração não acelerava. Havia algo em seu peito que permanecia, como uma marca teimosa que não saía — uma sombra que respondia ao nome de Colin Bridgerton.

Logo, a conversa à mesa se voltou para tópicos mais animados, com as irmãs Featherington, Prudence e Philippa, comentando sobre os planos para o casamento no dia seguinte e se intrometendo sobre cada detalhe da cerimônia. Portia, imponente e controladora, guiava a conversa de forma a destacar todas as “conquistas” e “virtudes” da filha. Penélope sorria, mas internamente, sentia-se sufocada com cada palavra.

— Espero que esteja preparada para uma vida de aventuras ao meu lado — sussurrou Daniel em seu ouvido com uma piscadela brincalhona, percebendo o desconforto dela.

Penélope riu, agradecida pela compreensão dele.

— Com você, milorde, sei que haverá uma surpresa a cada dia.

A noite seguia seu curso, e, em certo momento, Penélope percebeu que seus pensamentos vagavam. Ela se lembrava de Colin, da última temporada e das palavras que ele dissera, que sem intenção a feriram profundamente. Desde então, Penélope colocara uma distância segura entre seu coração e as lembranças dele, enterrando-as debaixo da rotina exaustiva de Lady Whistledown. Era esse o motivo que a levara até ali — para esquecer, para recomeçar, para encontrar uma paz que nunca teve.

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