the Girl

Colin Bridgerton

Colin recuou alguns passos, mas sua atenção continuava presa à figura de Penélope, que se esforçava para manter a compostura, embora o leve tremor em suas mãos denunciasse a tensão. Ela não olhava diretamente para ele, mas ele podia perceber a inquietação por trás daquele semblante controlado, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar sob sua aparência tranquila.

Lady Danbury, sempre perspicaz, olhou de Colin para Penélope, e um brilho de compaixão reluziu em seus olhos, ainda que mascarado pelo habitual sarcasmo. Ela parecia compreender tudo que estava oculto, cada palavra não dita, cada olhar furtivo trocado entre eles.

— Bom, acho que não há muito mais a fazer a não ser desfrutar desse lindo dia, — disse Lady Danbury, interrompendo o silêncio. — Penélope, querida, talvez seja bom dar uma volta para tomar um pouco de ar fresco. Certamente fará bem a todos.

Penélope hesitou, mas Lady Danbury a incentivou com um leve toque no braço, deixando-a sem escolha. Com um último olhar furtivo, Penélope deu alguns passos na direção oposta a Colin, os pés movendo-se quase como se pesassem toneladas. Ela se afastou, contornando os canteiros floridos do parque, e Colin, após um instante de indecisão, tomou a iniciativa de segui-la, ignorando a voz prudente em sua mente que lhe dizia para deixá-la em paz.

A passos lentos, ele se aproximou dela.

— Penélope — ele começou, a voz mais suave. — Pode parecer tarde, e talvez você não queira ouvir, mas eu nunca quis que as coisas ficassem assim entre nós. Sei que tudo o que aconteceu... as escolhas que fiz... Eu agi de forma covarde.

Penélope parou, o olhar fixo nas flores à sua frente, sem se virar.

— Você realmente acha que isso muda algo? — murmurou ela, finalmente permitindo que ele ouvisse o tom vulnerável que seu orgulho sempre escondia. — O que está tentando me dizer, Colin? Que lamenta ter partido sem sequer uma palavra? Que lamenta ter deixado que eu...?

Ela interrompeu a frase, incapaz de terminar, as palavras presas na garganta.

Colin respirou fundo, lutando contra o nó em sua própria voz.

— Sim, eu me arrependo, Penélope. De tudo. De não ter sido honesto com você. — Ele parou, escolhendo com cuidado o que dizer. — E de ter me afastado quando você precisava de alguém. Quando nós precisávamos de um ao outro.

Penélope se virou então, os olhos cheios de uma dor contida que ele sabia que era responsabilidade dele. Por um breve instante, ela pareceu à beira das lágrimas, mas rapidamente endureceu a expressão, afastando a vulnerabilidade como se fosse um inimigo.

— Colin, o tempo de precisarmos um do outro passou. Agora... Agora você não faz mais parte da minha vida. — Ela respirou fundo. — E acho que eu não faço parte da sua. Não da forma como um dia pensei que faria.

Ele tentou alcançá-la com um olhar, buscando algo que pudesse restaurar a conexão que havia entre eles. Mas Penélope desviou os olhos, dando a entender que aquele capítulo havia terminado para ela.

— Então é assim? — murmurou ele, tentando conter a amargura que sentia. — Nada do que eu diga fará diferença?

Penélope o olhou, um toque de tristeza nos olhos.

— Não se trata do que você diga, Colin. — Ela sussurrou, antes de se afastar lentamente, voltando para junto de Lady Danbury.

Colin ficou ali, observando-a se afastar mais uma vez, o peso da culpa e do arrependimento o esmagando, sabendo que talvez, finalmente, ele tivesse perdido Penélope para sempre.

Colin respirou fundo e, com esforço, afastou o pensamento de Penélope. Ele seguiu de volta até onde a família Bridgerton se reunia sob a sombra de uma grande árvore. O riso e as conversas preenchiam o ar, e ele logo notou o motivo: Benedict e Sophie, radiantes, sorriam enquanto os irmãos os parabenizavam. A notícia de que Sophie estava esperando o primeiro filho havia alegrado a todos.