Harry sentiu o calor extremo correndo por suas mãos enquanto canalizava a luz intensamente. O suor escorria por sua testa, e seus olhos estavam fixos em Mike, que contorcia o rosto em uma mistura de dor e esperança. As veias de Mike, antes escuras e inchadas pelo veneno, pulsaram em um tom vermelho muito claro, quase como se estivessem sendo purificadas pela energia.
— Aii... não para... vai — Mike gritou, o corpo estremecendo sob a agonia do calor interno. Era como se o fogo estivesse queimando o veneno de dentro para fora. — Porra!
A luz de Harry brilhou ainda mais forte, suas mãos tremendo com o esforço sobre-humano. Ele sentia sua energia se esvaindo rapidamente, como se cada centelha de força estivesse sendo sugada pelo processo. A intensidade era tal que as sombras ao redor da sala foram momentaneamente afastadas, deixando o ambiente em uma claridade quase cegante.
Por um breve instante, houve silêncio. Mike ofegava, a dor diminuindo à medida que o brilho em suas veias se dissipava. Ele caiu de joelhos, respirando pesadamente, enquanto a cor voltava ao seu rosto e os tremores cessavam. O veneno parecia ter sido expulso, mas a exaustão pesava em seus músculos.
Harry, no entanto, não aguentou mais. A luz em suas mãos apagou de repente, e ele cambaleou para trás, os olhos desfocados e o corpo sem força. Ele mal conseguia manter-se de pé quando Kora correu para apoiá-lo.
— Harry! — Kora gritou, segurando-o antes que ele desabasse completamente no chão.
Harry tentou sorrir, mas seus olhos estavam pesados, e sua respiração era rasa. Ele murmurou, com a voz fraca:
— Consegui...
Elena e Madelyn, que tinham assistido à cena com o coração na garganta, correram para se juntar ao grupo. A tensão no ar diminuía lentamente, mas todos sabiam que isso era apenas o começo de mais um desafio. Mike olhou para Harry com gratidão e preocupação ao mesmo tempo.
— Você salvou minha vida, cara... — disse Mike, ainda com a voz trêmula. Harry apenas acenou com a cabeça, enquanto as sombras começavam a se fechar em sua visão.
Agora, precisavam de tempo para se reerguer, mas também sabiam que Reginald e seu projeto "Kimera" ainda estavam à espreita.
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Dentro da agência, o clima era tenso. Madelyn estava com os olhos fixos nas pastas, vasculhando cada detalhe dos documentos recuperados, enquanto Mike revisava as filmagens do ataque que quase custara sua vida. O brilho frio das telas refletia em seus rostos, destacando as olheiras e a exaustão.
— Ei, gente, como vamos apelidar essa coisa? — Mike quebrou o silêncio, apoiando o queixo na mão, pensativo. — Isso definitivamente não é oni, demônio, feiticeiro... nada que a gente já tenha registrado nos arquivos. Isso é estranho pra caramba.
Harry, que estava em pé perto da janela, afastou-se da luz matinal e olhou para Mike.
— Você sabe o que é uma quimera, não sabe? — perguntou, com uma expressão grave.
Mike desviou os olhos da tela e deu de ombros, um sorriso nervoso surgindo em seu rosto.
— Na verdade, estava esperando que algum de vocês explicasse.
Madelyn interrompeu, sem tirar os olhos das páginas amareladas pelo tempo.
— Uma quimera é um ser que mistura características humanas e monstruosas. Uma combinação impossível de atributos que, teoricamente, não deveria existir. — Madelyn ergueu os olhos, a preocupação evidente.