Capítulo 4

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Ainda atordoado pelo pesadelo, Jang Taeyang se mexeu na cama, tentando dissipar o resquício de angústia que ainda se agarrava a ele. Foi então que sentiu algo diferente no ar, um cheiro que parecia envolver todo o quarto com uma doçura enjoativa, como mel derretido. Ele franziu o cenho. Era um aroma doce e pesado, que penetrava suas narinas e grudava na pele. O que...?

Seu olhar se voltou para a janela entreaberta. Com uma expressão de desagrado, Taeyang caminhou até ela, decidido a fechar qualquer fresta que permitisse a entrada daquele cheiro. Porém, ao aproximar-se, seus olhos encontraram a figura na varanda do outro lado. Seo Jiho.

O garoto estava lá, sob a luz fraca da noite, olhando as estrelas com uma expressão tranquila, quase sonhadora. Ele usava um pijama de algodão simples, e havia uma calma quase etérea em sua presença, como se ele pertencesse àquele instante congelado no tempo. Mas, para Taeyang, a cena não evocava qualquer admiração ou simpatia - apenas um incômodo profundo.

"Então, é ele..." Taeyang murmurou, estreitando os olhos enquanto o observava. Havia uma ironia cruel em tudo aquilo: Seo Jiho, o protagonista do jogo, o garoto que o "Taeyang original" veria como alguém encantador, desejável... e ali estava ele, exalando aquele cheiro doce sem qualquer consideração, sem se dar ao trabalho de controlar o efeito que seus feromônios provocavam.

Isso é o que você viu nele, Jang Taeyang? Esse garoto... tão descuidado com sua própria presença? Ele balançou a cabeça, um riso amargo escapando de seus lábios. Que tipo de interesse patético o fez se perder nisso?

Fechou a janela com força, bloqueando o aroma com um alívio quase imediato. Respirou fundo, livrando-se daquele cheiro doce e sufocante que insistia em se infiltrar. Mas a irritação permaneceu, ardendo em seu peito.

"Ao menos eu não gosto de homens," murmurou para si mesmo, tentando se convencer de que isso era suficiente para nunca cair nos mesmos erros. Mas o pensamento seguinte foi inevitável, uma pergunta indesejada que o incomodou ainda mais: E se fosse o Taeyang original? Ele se perderia nesse cheiro que exala fraqueza e imprudência? Foi assim que ele acabou apaixonado por Seo Jiho?

O desconforto era quase insuportável, uma mistura de desprezo e um incômodo inexplicável que Taeyang não queria compreender. Ele apagou as luzes, tentando forçar o sono, mas a sensação persistiu, a dúvida se enraizando em sua mente.

Naquele momento, percebeu que estava trilhando um caminho perigoso, um caminho que o levaria a descobrir coisas que preferia nunca saber. E mais uma vez, o aroma de Seo Jiho parecia sussurrar entre seus pensamentos, como uma tentação irritante que Taeyang jurou evitar a todo custo.

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Acordando com a cabeça pesada e as lembranças do pesadelo ainda latejando, Jang Taeyang se levantou com dificuldade. Sonhos vívidos o tinham perseguido a noite toda - o acidente, a queda, e até mesmo o aroma dos feromônios de Seo Jiho entrelaçados em meio ao caos. Sua mente estava um completo tumulto, e a sensação de inquietação não desaparecia.

Após um banho longo, ele vestiu-se e foi até a sala de jantar, onde encontrou sua mãe, Jang So-hee, e sua irmã, Hyuna-ae, em uma conversa descontraída com Seo Jiho. A cena parecia um reflexo do jantar da noite anterior, com exceção de Woojin, seu irmão, que não estava presente. Taeyang percebeu o olhar breve e expectante que Jiho lançou à porta, seguido de uma expressão de decepção ao vê-lo.

Ah... Então é Woojin quem você quer ver? Interessante., pensou, uma ponta de ironia em seu semblante. Ele se acomodou à mesa, sem dar atenção direta ao ômega.

- Bom dia a todos. - cumprimentou, de maneira formal, observando as reações ao seu redor.

Hyuna-ae e Seo Jiho responderam com um breve "bom dia", enquanto sua mãe lhe dirigia um olhar vagamente preocupado.

- Bom dia, Taeyang. Dormiu bem? - indagou Jang So-hee, com um tom contido.

Taeyang, sem perder tempo com formalidades, respondeu friamente:

- Tranquilamente.

Virou-se para a irmã, que parecia satisfeita demais com a situação.

- Hyuna-ae, não deveria estar no dormitório? Achei que estava estudando lá.

Hyuna-ae revirou os olhos, desprezando a pergunta.

- Dormitório? Cansei daquilo. As garotas de lá são fúteis e insuportáveis. - Ela lançou um sorriso afetado para Jiho. - Na verdade, decidi dividir um apartamento com o Jiho. Não é ótimo?

A notícia não o surpreendeu, mas ele aproveitou a oportunidade para cutucar, com um sorriso quase inocente:

- Vocês estão namorando?

O ambiente imediatamente se tensionou. Jang So-hee lançou-lhe um olhar afiado, enquanto Jiho, envergonhado, desviou o olhar, claramente ruborizado. Hyuna-ae, no entanto, riu com desprezo.

- Claro que não, Taeyang! O Jiho é um ômega, você sabe. E eu não tenho interesse algum.

Taeyang arqueou uma sobrancelha, desinteressado.

- É mesmo? Perdoe-me, achei que ele fosse um alfa, já que está na ala dos alfas.

A tensão aumentou. Jang So-hee o encarou, seus olhos estreitos mostrando a clara irritação.

- Taeyang, do que está falando? Por que alguém colocaria um ômega solteiro na ala dos alfas?

Hyuna-ae, visivelmente desconfortável, tentou se justificar:

- Mãe, eu... Eu só queria que ele ficasse próximo do meu quarto, só isso.

Antes que a conversa desandasse, Seo Jiho, claramente incomodado, interrompeu:

- Desculpem-me pelo descuido. Não era minha intenção causar problemas.

Jang So-hee relaxou e sorriu suavemente, tentando dissipar o desconforto.

- Querido, foi apenas um mal-entendido. Como não houve incidente, basta trocarmos seu quarto. - Ela lançou um olhar rígido para Taeyang. - Aliás, Taeyang, você tem consulta médica hoje, não tem? É melhor não se atrasar.

Ele percebeu o tom indulgente com que a mãe tratava Hyuna-ae e Seo Jiho, e não pôde conter a irritação crescente. Olhou para ela, seu olhar frio.

- Sim, mãe. Imagino que a senhora não vá me acompanhar hoje, certo?

So-hee pareceu um pouco pega de surpresa, mas logo recuperou a compostura.

- Taeyang, não faça cena, tenho compromissos. Sua irmã precisa de ajuda com o apartamento, já que as aulas dela estão para começar.

- Não se preocupe, mãe. Eu posso ir sozinho, como sempre. Não é um problema. - Ele se levantou da mesa, notando a expressão de surpresa nos rostos de Seo Jiho e Hyuna-ae. O verdadeiro Jang Taeyang jamais teria sido tão direto e frio. E essa era sua pequena vitória.

Quando se dirigia à saída, ele lançou um último olhar para Seo Jiho, que estava claramente incomodado com toda a situação. Em sua mente, Taeyang apenas ria. Talvez o Jang Taeyang original tivesse sido mais dócil. Mas eu... eu vou evitar qualquer aproximação desnecessária com você, Seo Jiho. E você, mãe, não esperem que eu seja tão maleável como antes.

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Confissões Escandalosas:

Olá, meus escandalosos! Como vocês estão?

Esse capítulo foi intenso, não acham? O nosso querido Jang Taeyang realmente não veio para passar pano para ninguém! Desde o olhar de desdém até as respostas frias, ele foi deixando bem claro que não pretende seguir o mesmo caminho do Taeyang original.

Agora, me contem: o que vocês acharam da interação dele com a mãe e a irmã? Ele pegou pesado ou foi exatamente o que a situação pedia? E Seo Jiho, tadinho, aposto que ele ainda não entendeu a onda de gelo que Taeyang jogou pra cima dele!

É só o começo das tretas, meus escandalosos! Preparem-se, porque tem muito mais por vir. Cada escolha do nosso protagonista vai mudar ainda mais a rota desse jogo! ᕙ⁠(⁠⇀⁠‸⁠↼⁠‶⁠)⁠ᕗ

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