Eu Lembro de Você

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She said: It's really not my habit to intrude.
Furthermore, I hope my meaning won't be lost or misconstrued.
But I'll repeat myself at the risk of being crude,
There must be fifty ways to leave your lover.
Fifty ways to leave your lover.

29/7/1979 — um ano depois.

A chuva forte batia nas grossas janelas de vidro enquanto o toca-discos arranhava o vinil, tocando fracamente 'Don't Leave Me Now' de Elvis Presley; havia degraus no andar de baixo, abafados pelo tapete robusto. O leve estalo das escadas denunciou James, quando a papelada que ele ouviu lá de cima parou abruptamente, dando à voz definida de Elvis uma forma de inundar a sala.

Don't leave me now,
Now that I need you,
How blue and lonely I'd be,
If you should say we're through.

"Reg?" - chamou James enquanto sua cabeça espiava pelo arco que emoldurava a escada, cantarolando uma música que ele não ouvia há muito tempo.

Ele avistou o menino, cuja cabeça estava inclinada sobre um livro de aparência antiga, o dedo seguindo o sânscrito como um marcador; o jovem Black não se preocupou em responder, nem mesmo em lançar a James um olhar de reconhecimento. James tirou as mãos do bolso e elas congelaram assim que ele as descobriu, o quarto estava terrivelmente frio.

"Como você não está congelando o saco aqui?" Ele perguntou, acendendo o aquecedor com um único movimento de sua varinha. Imediatamente depois, ele levou um rápido segundo para inspecionar a sala: pergaminhos espalhados por toda parte, dezenas de livros e anotações espalhadas por toda a mesa e seus arredores — Regulus não fez muito além de desviar os olhos para outro livro, seu cabelo preto caindo em cascata pelo rosto dele.

James então decidiu se aproximar, acariciando as costas de Regulus com infinita gentileza e colocando uma mecha de seu cabelo sedoso atrás da orelha gelada.

"Você está bem, Reg?" Ele disse, o mais suavemente possível - Regulus não era do tipo desorganizado, ele sempre gostou de ter papéis empilhados, sua mesa limpa... algo estava definitivamente errado, James percebeu.

Regulus levantou lentamente a cabeça, virando-a para James - ele estava pálido, seus olhos fundos e emoldurados por um roxo fosco, suas maçãs do rosto estavam visivelmente retraídas, o que significava que ele havia perdido uma quantidade significativa de peso; isso, além de suas feições sombrias, o fazia parecer um fantasma misterioso.

James ergueu a mão, segurando o rosto de Regulus, que se encolheu sutilmente, não relaxando totalmente no aperto do outro.

"O que está acontecendo? O que está acontecendo com você...?" Ele soluçou enquanto olhava para o menino, juntando as sobrancelhas. Regulus tirou a mão grossa, voltando ao conteúdo que estava lendo antes de James o interromper.

"Nada. Estou bem", ele murmurou distraidamente, uma carranca profunda enrugando sua testa.

James se aproximou com maior apreensão, agora cada vez mais preocupado — ele afastou o livro de Regulus, que respirou fundo e cansado, sem encará-lo.

"Apenas fale comigo, Regulus. Eu posso te ajudar," ele implorou, esticando o braço para tocar o garoto. Ele agarrou as mãos frias de Regulus, arrastando-o para o centro da sala, para longe do livro.

O outro resistiu por alguns segundos, até que a insistência de James conquistou sua vontade; ele colocou as mãos na cintura, enquanto Regulus abraçou fracamente seu pescoço, apoiando a cabeça no ombro de James, bêbado de cansaço.

The Day, The Music, Died. - StarchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora