Dois anos atrás...
Minha irmã e eu estávamos na sala de espera do hospital quando, finalmente, a visita foi liberada. Assim que entramos, vimos Izabela. Ela estava muito fraca, mas conseguiu fazer seu último pedido. Tirando a máscara de oxigênio, começou a falar.
— S-Samuel... M-Marcela... cuidem do Pedro p-pra mim... — ela chorava desesperadamente. — Infelizmente... não vou sobreviver a essa violência que sofri...
Eu não consegui segurar minhas lágrimas e, naquele momento, jurei que cuidaria do filho dela.
Dias atuais...
Assim que saí do apartamento de Laura, passei na casa da minha irmã para buscar Pedro e levá-lo para minha casa. Desde que nossa irmã Izabela faleceu, eu e Marcela dividimos os cuidados do nosso sobrinho. Pedro tem dois anos agora, mas quando sua mãe morreu, ele era recém-nascido.
Pedro estava dormindo, pois era tarde da noite. Quando despertou, seus olhos se iluminaram ao me ver entrar pela porta. Não importa quantas vezes eu o veja, sempre sinto um misto de dor e alegria ao olhar para ele, e logo me vem a lembrança do dia da morte de Izabela.Dor por saber que ele nunca conhecerá Izabela como deveria, e alegria por ter a oportunidade de ser uma presença constante em sua vida.
— Vamos lá, campeão? — perguntei, tentando esconder o cansaço na voz.
— Eu entendo. — Marcela sorriu, mas seus olhos denunciavam a mesma exaustão que eu sentia.
Cuidar de Pedro tem sido um desafio, mas um que nós dois aceitamos de bom grado. O silêncio entre nós carregava as palavras que não precisávamos dizer; era um entendimento mútuo, uma aliança formada na perda e reforçada pelo amor que sentimos por Pedro.
— Ele já comeu, e a mochila está pronta — explicou ela, entregando-me a pequena bagagem.
Peguei Pedro no colo, e senti seus bracinhos se envolverem em meu pescoço, como se ele soubesse que estava indo para casa comigo. Aquele abraço pequeno, mas cheio de confiança, me deu forças para enfrentar mais um dia. Saímos da casa de Marcela e, enquanto caminhávamos em direção ao carro, Pedro começou a cantarolar uma música que provavelmente aprendeu com ela. Ao ouvir sua vozinha desafinada, não pude evitar sorrir, mesmo que meu coração ainda carregasse o peso da ausência de Izabela.
No dia seguinte...
Acordei, fui para o banheiro, tomei um banho e fui até o quarto do Pedro para vesti-lo e levá-lo à escola. Depois, segui para o meu trabalho. Faz dois anos que saí da polícia militar. Na verdade, nunca quis ser policial; me formei apenas para agradar meu pai, mas ele faleceu há cinco anos. Foi aí que Robson me ofereceu um emprego na empresa SSG Segurança a um ano atrás, e trabalho na boate como gerente.
☠️
Cheguei à sede da SSG Segurança pouco antes das oito da manhã. Os corredores estavam movimentados, como de costume, com seguranças e pessoal administrativo indo e vindo, cada um imerso em suas próprias tarefas. O dia mal tinha começado, e eu já podia sentir o peso das responsabilidades, mas minha cabeça ainda estava em casa, com Pedro. Dirigi-me à minha mesa, coloquei minha mochila no chão e comecei a folhear os relatórios da noite passada. Eu sabia que tinha que me concentrar, mas meus pensamentos estavam dispersos. Antes que pudesse me perder nas planilhas, Alice, uma colega, apareceu ao lado da minha mesa com uma caneca de café nas mãos.
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Amor e Justiça [ Dark Romance]
RomansUm grupo secreto de justiceiros se levanta para trazer justiça àqueles que a lei não alcança. Essa organização, conhecida como Punho do Dragão, é composta por Robson, um advogado brilhante; Laura, uma médica determinada; e Samuel, um ex-policial com...