Através da névoa, Maan Mek me levou a uma casa de férias isolada que ela havia comprado secretamente. Era aconchegada junto ao mar, em uma praia remota, longe de outros lugares. Não muito distante, havia uma linha de trem, e, se fosse noite silenciosa, poder-se-ia ouvir os sinos de aviso para os trens e o ronco de um motor passando.
Ela me contou que Thanin não fazia ideia da existência deste lugar. Era um plano reserva que ela havia considerado, já que alugar ou ficar em hotéis nos tornaria fáceis de rastrear.
Felizmente, eletricidade e água estavam acessíveis, mas todo o resto — comida, água, suprimentos — precisava ser trazido da cidade, que ficava a dezenas de quilômetros de distância. Era a experiência mais inconveniente que eu já havia vivido. Embora nunca tenha dito isso em voz alta, Maan Mek provavelmente percebia, pois sempre me pedia desculpas antes de dormir.
Já estávamos aqui há três dias. Maan Mek havia desligado o celular, evitando qualquer contato, e se ocupava cuidando do jardim, limpando a casa e preparando as refeições.
Numa noite, enquanto jantávamos, Maan Mek me perguntou se eu queria continuar vivendo neste país ou se preferia deixar tudo para trás e começar de novo em outro lugar.
Foi uma pergunta difícil de responder. Afinal, tia Vee e minha irmã Karan ainda estavam aqui (embora esta última estivesse planejando se mudar para o exterior em breve). E havia também o meu trabalho.
Enquanto isso, ela me pediu para não contatar ninguém, o que foi outra tarefa difícil. Um dia, quando Maan Mek estava ocupada verificando novamente o estado daquele sedã cinza, eu aproveitei para ligar para minha irmã, mentindo que estava de férias para aliviar o estresse do trabalho. Karan estava tão preocupada que me pediu para enviar minha localização, mas eu a tranquilizei dizendo que voltaria em poucos dias e que não havia nada com que se preocupar. Depois de alguma insistência, ela finalmente cedeu.
Ela não podia saber que tudo o que havia visto em suas visões estava se tornando realidade. A única coisa que restava era... chorar enquanto destruía provas, embora eu ainda não soubesse a extensão de sua premonição.
Quanto ao trabalho, era difícil largar completamente. Havia casos em andamento que eu precisava concluir, então liguei secretamente para Prach, pedindo-lhe que transferisse meus casos para outro advogado. Prach parecia angustiado com meu desaparecimento repentino, dividido entre a preocupação comigo e a carga de trabalho que se acumulava. Eu o conhecia bem.
Ele continuava perguntando onde eu estava, especulando se eu tinha ido para o exterior, para as montanhas ou visitar minha mãe e tia. Revirei os olhos e respondi simplesmente: "Estou na praia, ainda no país."
Então, encerrei a chamada sem mais explicações.
No quinto dia nesta casa de férias isolada, adquiri um novo passatempo. Maan Mek me levou à cidade para comprar mantimentos, e eu comprei um quebra-cabeça de girassóis, que comecei a montar sempre que tinha um tempo livre. Escolhi-o porque girassóis eram seus favoritos.
Fiquei tão imerso nisso, sentindo-me como uma criança descobrindo uma nova atividade divertida. Mesmo depois do jantar, eu voltava para continuar a montagem. Maan Mek não parecia se importar, embora a sala estivesse uma bagunça completa. Ela se desculpou para tomar banho e logo voltou, sentando-se em frente a mim com uma regata cinza e shorts, uma toalha pendurada ao redor do pescoço enquanto secava o cabelo molhado.
"Girassóis, hein?" ela perguntou.
"Sim," respondi, ainda concentrado nas peças do quebra-cabeça. "Você os adora, então pensei que seria legal ter essa imagem emoldurada na casa."
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Presa Comigo
Science Fiction"Nos beijamos quando o mundo inteiro parou o tempo... entre as pétalas do girassol sobre a mesa dela."