Não consigo imaginar como seria outro mundo, aquele em que nossos corpos dormem eternamente.
Uma vez, deitada ao lado de Maan Mek, ela me segurou apertado e disse,
"Para mim, eu não sei como seria outro mundo. Poderia ser vazio ou cheio. Mas acredito que ao longo do caminho, ele estaria rodeado pelas coisas que mais amamos."
E seria ainda melhor se tivéssemos alguém para caminhar conosco até esse lugar desconhecido.
Perguntei a ela, "E na sua imaginação, como seria esse caminho?"
Sem hesitar, ela respondeu, "Um campo de girassóis, sob um céu claro e brilhante."
"Sério?"
.
No tempo em que passei amando-a, de alguém como Mai Tree, que não era particularmente fã de nenhuma flor específica, passei a adorar a beleza do girassol. Plantamos com cuidado em nosso quintal. Há até fotos emolduradas dos girassóis que fotografamos durante nossas viagens ao exterior.
O girassol estava em todo lugar — nos quebra-cabeças, nas almofadas do sofá, nas estampas das xícaras e até nos cantos dos lenços. Sem que eu percebesse, girassóis estavam florescendo ao meu redor e dentro do meu coração.
Agora, posso dizer com confiança que, se existe algo que amo mais do que tudo, é a mesma coisa que Maan Mek ama: aquelas flores lindas que brilham sob a luz do sol.
E, às vezes...
Às vezes, o tempo passa rápido.
Outras vezes, ele passa devagar.
Vivemos juntas, fazendo tudo o que queríamos fazer. Celebramos cada dia especial, nos abraçando a cada manhã e noite.
Eu costumava me dizer que o tempo que tínhamos era suficiente. Mas, na verdade, parece que passou rápido demais...
.
Um dia, não sei ao certo quando ou onde, o ar estava levemente frio, embora o céu estivesse claro. Eu usava uma boina vermelha, um casaco de tricô creme sobre o vestido, e um cachecol escuro – aquele que Maan Mek tinha tentado tricotar como presente de aniversário, apesar de não ser habilidosa com artesanato.
Enquanto caminhava pelo caminho ladeado de girassóis em ambos os lados, passei os dedos sobre suas folhas verde-escuras. A estrada à frente se estendia até onde a vista alcançava, e sua beleza infinita me fez sorrir.
Mas comecei a me perguntar, o que a pessoa que ainda não percorreu esse caminho comigo está fazendo agora? Como ela está se sentindo?
Rezei para que a dona do meu coração superasse sua dor e encontrasse felicidade, o suficiente para fazer seus lábios lindos sorrirem.
Isso era tudo o que eu podia desejar enquanto caminhava com os sapatos que ela havia me surpreendido ao me dar no nosso aniversário.
A tristeza pesava em meu peito, subindo até sufocar. Mas não havia como evitá-la.
Estávamos juntas todos os dias, praticamente inseparáveis. Agora que estamos separadas, sinto tanta falta dela que poderia chorar.
Maan Mek...
Meu girassol.
"Mai Tree!"
Parei no meu caminho ao ouvir uma voz familiar ecoando de longe.
"Espere por mim, Mek!"
Me virei em incredulidade, com os olhos arregalados de surpresa. Era ela, correndo em minha direção, a mulher que estava nos meus pensamentos.
"Mek?"
Ela estava vestida com um suéter de gola alta preto, sobreposto por um casaco longo. Ao redor do seu pescoço, pendia o colar que eu havia dado para ela no nosso décimo aniversário.
O rosto de Maan Mek estava exatamente igual ao de quando nos conhecemos, como advogada e assistente, quando ela tinha 20 anos.
Quando ela parou na minha frente, seus olhos brilhantes refletiam o meu próprio rosto—do jeito que eu me via aos 33 anos, naquele dia.
Ela sorriu ao me alcançar, segurando um único girassol na mão. Sua respiração passou de um pouco ofegante para constante.
Eu a perguntei, confusa:
"Por que você correu para me alcançar, Mek?"
"Porque senti sua falta, Tree. Só um dia sem você já é o suficiente para doer."
"... "
"E eu trouxe o girassol mais bonito para você."
Ela estendeu a flor em minha direção. Meus lábios se tensionaram ao perceber a verdade de que ela havia se apressado para me seguir, trazendo um presente.
Senti como se algo estivesse preso na minha garganta enquanto estendia a mão para pegar o girassol dela. Ouvi minha própria voz, suave e trêmula, sussurrar.
"Obrigada..."
Mas como eu deveria me sentir agora?
Dor? Alegria? Raiva? Saudade? Tristeza ou felicidade?
Tudo o que eu sabia era que, quando olhei nos olhos da mulher por quem me apaixonei, imutável pelo tempo, todos os pensamentos pareciam desaparecer. Vendo-a sorrir suavemente, com bondade nos olhos, percebi que este momento, aqui, era a minha vista favorita.
Pode até ser a melhor vista que já vi na minha vida. Ela levantou a mão, esperando que eu colocasse a minha na dela.
"Vamos caminhar até o fim do caminho juntas, ok?"
De mãos dadas, andando lado a lado...
"Sim," Sussurrei, colocando minha mão em sua palma quente.
Nunca imaginei que ela me seguiria tão rápido.
Mas parecia que Maan Mek havia planejado isso o tempo todo.
Olhei para o girassol que segurava. Desta vez, a cada passo que dava, seu doce perfume me envolvia. Andamos juntas, lado a lado, ao longo do caminho dos girassóis. O ar frio que me saudou mais cedo começou a suavizar, gradualmente dando lugar ao conforto quente de um céu limpo.
Sorri enquanto as lágrimas se formavam em meus olhos, roubando um olhar para ela. Irritante e ainda assim tão adorável ao mesmo tempo.
Talvez, neste momento, meus sentimentos sejam uma mistura de amor, alegria, um toque de irritação e uma sensação avassaladora de saudade.
Não consegui mais conter. Tentei por tanto tempo, mas no final, você me fez chorar.
Você, meu girassol.
— O FIM FINAL —
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Presa Comigo
Science Fiction"Nos beijamos quando o mundo inteiro parou o tempo... entre as pétalas do girassol sobre a mesa dela."