Capítulo 3

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Ele sentiu o calor suave dos últimos raios de sol acariciando seu rosto, despertando-o de um sono profundo e tranquilo. Ainda sem abrir os olhos, podia ouvir o suave tilintar das rodas do trem nos trilhos, um som constante e reconfortante que o embalara a noite inteira.

Ao abrir os olhos lentamente, foi recebido pelo brilho dourado que se infiltrava pela janela do compartimento, preenchendo o pequeno espaço com uma luz cálida e acolhedora. Com um suspiro ainda meio adormecido, ele olhou ao redor e viu seus companheiros dormindo aconchegados uns nos outros.

Por um instante, deixou-se ficar ali, sentindo o silêncio, a paz do momento, a certeza de que estavam quase chegando. Um novo dia começava e, com ele, a promessa de algo grandioso o aguardava ao final daquela viagem.

O trem começou a diminuir a velocidade, o som rítmico das rodas sobre os trilhos desacelerando junto. O Hadrian observava desinteressadamente pela janela, os amigos logo começavam a acordar, despertando do sono tranquilo. À medida que a locomotiva se aproximava da curva final, um vislumbre no horizonte os fez suspirarem em desânimo. A lembrança que as tão amadas férias de verão os faziam gemer em desaprovação e preguiça.

Ali, entre a névoa suave que cobria as colinas, o imponente castelo surgiu, com suas torres e muralhas que pareciam tocar o céu. A visão era surreal, como uma pintura ganhando vida diante de seus olhos. Ele sentiu um arrepio de excitação e uma sensação de animação, estava ansioso para encontrar aquele que tanto odiava.

Os últimos raios de luz refletiam nas janelas altas e vitrais coloridos, enquanto o trem finalmente parava. Com uma última olhada ao castelo, ele trocou um sorriso de lado com seus demônios, que retribuiram, e logo se levantou.

—Se sente bem? Você dormiu bastante.—Pergunta George e seu irmão acena, em concordância.

—Estou magnificamente bem, meus demônios. Me sinto renovado.—Afirma, sorrindo animado. Estava ansioso para aquela noite.

Os gêmeos se entre olharam, dando de ombros, e logo começaram a pegar as bagagens.

Começaram a se retirar de seu vagão e, com um suspiro contente, Hadrian olhou ao redor, vendo os rostos dos novos alunos.

Ele sentia magias novas e poderosas, mas uma magia lhe chamou atenção. Quando ele olhou para o dono dela, viu o ruivo, que mentiu para si e o traiu.

Segurou um rosnado de seu lycan e suspirou, contendo sua ira. O menino parecia não ter percebido ele ali e ele aproveitou aquela oportunidade para observá-lo.

Percebeu algo que nunca havia percebido: seu verdadeiro eu. Estava diferente, mas aquilo não parecia ser a transformação que a puberdade trazia, mas sim algo natural.

Foi então que percebeu que aquele velho tinha dedo naquilo e isso o fez ferver em ódio e rancor. Ah, ele iria torturar aquele velho.

Olhando mais o menino, ele viu as diferenças. O cabelo sedoso, mas parecendo algo natural; lábios rosados e carnudos; bochechas rosadas e gordas, que continham as mesma sardas de antes; olhos não tão vivos como antes e olheiras estavam debaixo deles. Aquilo o fez franzir o cenho em intriga.

Seus olhos logo vieram até ele, mas não ele em si e sim nos gêmeos. Ele sorriu e acenou em direção a eles, que refletiram o ato, mas, então, seus olhos pousaram nele e ele viu.

Eles se arregalaram, ficando duas vezes maior, e sua boca se abriu num perfeito O. Estava em completo choque, mas Hadrian não podia achar aquilo menos divertido.

Sorriu de lado, com o olhar desafiador e superior, e fez uma reverência, colocando uma mão no peito e a outra se ergueu atrás de si. Viu o garoto engolir a seco e aquilo fez seu sorriso aumentar ainda mais.

Se ergueu e, sem tirar o sorriso do rosto, andou até a saída, sendo seguido pelos gêmeos, que tinham um sorriso travesso e maroto.

XX

—O que foi? Parece desconfortável.— Diz Fred olhando-o preocupado e Hadrian suspirou, irritado.

—E estou. Não sabia que esses...ditos leões eram tão curiosos.— Afirma, olhando para os grifinorios que o encaravam descaradamente.

Haviam chegado a alguns minutos e Hadrian estava muito estressado.

Após sua chegada triunfante com a caminhada digna de um Malfoy, todos ali ficaram em choque e intrigados. Pois, no final, eles não o reconheciam mais.

Ficaram ainda mais chocados quando ele se sentou, a contra gosto, na mesa dos leões, que ficaram tão chocados que não pararam de encarar.

Mas o olhar que ele mais detestou foi o olhar de triunfo daquela cabra velha. Ele o olhava triunfante, pensando, provavelmente, que tudo estava de acordar com seus planos.

Sorriu levemente em descrença quando o dito tentou ler seus pensamentos, mas não conseguiu nada e Hadrian riu, divertido, quando o viu trincar o maxilar.

—Agora, vamos colocá-los em seus devidos lugares. Quando eu chamar seus nomes, venham e se sentem. Eu colocarei o chapéu em suas cabeça e ele dirá em qual casa vocês ficarão.—Minerva começa, dando início aquele entediante acontecimento de todos os anos.

Hadrian revirou os olhos, voltando atenção ao seu livro, já que ele não estava nem um pouco interessado aquela comida gordurosa dos grifinórios.

Os nomes não eram interessantes para si, então nenhum deles lhe chamou atenção. Os gêmeos conversavam entre si e com outros grifinórios, mas de forma baixa, já que estavam um de cada lado de Hadrian e não queriam irrita-lo.

A seleção das casas foi entediante, como ele havia pensado que seria, e, quando acabou, ele suspirou, em alegria, mas sua alegria logo acabou quando algo surpreendente aconteceu.

—Hadrian Mikaelson.—Aquela voz grossa e sabia soou pelo salão, calando o alvoroço que os gritos e risadas altas causavam.

Todos, então, voltaram-se uns para os outros, sussurrando, curiosos com quem poderia ser esse dito aluno.

Com um suspiro pesado e profundo, ele se levantou, colocando o livro nas mãos de George, que aceitou, colocando-o sobre o colo.

Caminhou, a passos lentos e elegantes, no Salão Principal, arrancando a atenção de todos e fazendo-os se calar imediatamente.

Ele caminhava de uma forma que emanava poder e calma, o que fez todos se questionarem se ele não era um Malfoy.

Quando chegou a dita cadeira, o chapéu foi erguido por Minerva, que estava em um choque quase paraplético, mas conseguiu fazer tal ato.

—Ora, ora, ora, quem temos aqui novamente. —Diz a voz em sua cabeça, num tom sábio e até mesmo divertido.

—Olá, de novo.—Comprimenta de volta, com um sorrisinho audacioso nos lábios.

—Bom, acho que fizemos a escolha errada, não?—Pergunta, animado.

—Com certeza. Vamos concertar?—Questiona, num tom venenoso e debochado.

—Com certeza.—Concorda, com um misto de animação e determinação. Estava excitado para o que estava para acontecer naquele castelo. Ele sabia que aquele garoto estava prestes a animar as coisas naqueles corredores sem cor e graça. Então, com uma lufada orgulhosa de ar. Ele disse:—Sonserina!

Uma risada animada e triunfante ecoou no grande salão, junto com os suspiros de choque de todos os presentes. Hadrian deu uma gargalhada não muito alta, mas, com o silêncio, ela ecoou pelo salão inteiro, trazendo um arrepio a todos.

Com um grande sorriso no rosto ele se levantou e caminhou até a dita mesa com sua cor predileta, enquanto a cor de sua roupa mudava magicamente.

Ele foi recebido com aplausos elegantes e sorrisos alegres.

Aquele seria um ótimo ano letivo.

Continua...

𝕷𝖆𝖉𝖞 𝕯𝖆𝖘 𝕿𝖗𝖊𝖛𝖆𝖘 (2ª Temp.)Onde histórias criam vida. Descubra agora