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Carol Points Of View

Cheguei na casa do Thiago durante a noite, nós havíamos tido uma discussão da última vez que nos vimos, mas eu amo aquele homem. Bati palma, de braços cruzados. Ele havia me ligado várias vezes, mas eu não quis atender, então ele parou. Eu quis manter o meu orgulho, mas o medo de perder ele de vez é maior.

Thiago abriu a porta e nossos olhares se encontraram; cruzei meus braços.

— Então, o que você queria me dizer nas ligações? — procurei manter a postura, se tem algo que eu nunca faria é me humilhar por homem.

— Entra — ele abriu espaço para mim e eu entrei — Desculpa — o vi colocar as mãos no bolso.

Mantive meus braços cruzados, em silêncio para que ele falasse.

— Não vou mentir para você, continuo achando que você deveria fazer no mínimo uma dieta.

— Mas que cara de pau! — sorri de indignação, incrédula.

— Mas eu gosto de você, preta — ele colocou as mãos na minha cintura e eu o empurrei.

— Você é um babaca!

— Desculpa, tá? Eu fui babaca mesmo, mas porra, preta, desculpa.

— Por que não me deixa em paz e vai procurar uma magrela para você se isso te incomoda tanto?

— Porra, Carol, você sabe que quem eu quero você.

— Não, Thiago, não quer não, quem quer você sou eu, você quer o que você imagina de mim, e eu não sou obrigada a me tornar nada para agradar você

Enfiei o dedo no peito dele, o olhando nos olhos, cheia de raiva no olhar, mas no fundo, eu estava muito chateada. Eu esperava que por ter me ligar, ele no mínimo fosse assumir que estava sendo imaturo.

— Não dificulta a situação, Carol, a gente já se pega a dois meses.

— E não passa disso.

— Porra, preta, não faz isso! — ele pegou no meu braço e eu me afastei.

— E se eu não emagrecer, você ainda vai me querer? Eu não nasci para viver a base de incerteza de homem inseguro não, Thiago!

— Você já não é magra e eu tô aqui.

— Tá aqui infernizando a minha vida! — virei de costas para sair da casa, mas Thiago segurou meu pulso, puxei com força — Me larga!

— Vai ser assim mesmo? — me virei para ele e o vi me olhar como se eu estivesse cometendo algum absurdo.

Ri amarga da cara de pau dele.

— Thiago — o olhei nos olhos — cresce — sai porta a fora, batendo ela na cara dele.

Estava muito chateada, passei a mão na parte do olho direito para garantir que não fosse chorar na rua por causa daquele canalha.

Decidi ir atrás da Tay na loja, precisava desabafar com alguém e a Clara não saia mais da cola do Caveira — entrei desolada, passando as costas da mão do nariz — Tay levantou o olhar para mim, franzindo o cenho.

— Carol? — saiu de trás do balcão para me atender.

— Eu e o Thiago não temos mais nada — falei com a voz carregada.

Tay respirou fundo, pegando na minha mão e acariciando — vocês nunca tiveram, né, amiga? Ficar não é ter compromisso.

Desmoronei em prantos, a abraçando; ela colocou as mãos nas minhas costas, me acariciando com uma delas.

— Eu gosto do Thiago, Tay — apertei os olhos, não acreditava que estava chorando por causa dele.

— Eu sei que gosta — ela colocou o queixo no meu ombro — Mas não é de hoje que ele mostra que não gosta de você.

Apertei seus ombros, enfiando meus olhos em seu ombro.

— Ele não te ama flor... Se ele te amasse, seu peso não seria um problema — Tay subiu a mão para a minha nunca, acariciando.

— Porra, será possível que eu tô tão gorda assim?! — ela me deu um tapa no ombro.

— Vai mesmo deixar um macho feio daqueles afetar a sua autoestima? — ela afastou o abraço, me segurando pelos ombros — a Carolina que eu conheço nunca se rebaixaria a esse nível.

— Eu me apaixonei por aquele babaca, Tay. Ele pode ser o que for, mas eu amo ele — Coloquei as mãos nos olhos, envergonhada por estar chorando.

Tay acariciou meu ombro, suspirando — vem — Ela pegou devagar a minha mão, me levando para dentro — você não merece se expor assim.

Enxuguei com a mão esquerda o olho , a seguindo, desolada, virando a cabeça para trás, não queria que ninguém me visse nesse estado.

— Põe tudo para fora, vai para casa, toma um banho e a gente se encontra no baile hoje a noite — apertou minha mão sem por força — Você é um monumento, Carol, eu não deixar você se enfornar em casa para ficar chorando por homem nenhum.

Atrás do balcão, ela se virou para mim, enxugando minhas lágrimas — menos ainda se for aquele cracudo do Thiago.

Ri — Ele não fuma crack.

— Mas vende, dá no mesmo — apontou para um banco encostado na parede — Vai lá que eu vou pegar água para você.

Sorri, passando as mãos sob os olhos — Obrigada, Tay.

— Não tem que me agradecer por isso — ela passou por mim em direção a uma porta na lateral da loja; caminhei até o banco, me sentando, suspirando, desolada.

Eu amo tanto aquele idiota — Coloquei as mãos sobre o rosto, apoiando os cotovelos na coxa.

MentirososOnde histórias criam vida. Descubra agora