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Acordei com o cheiro de café fresco invadindo o quarto, me envolvendo com um aconchego familiar

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Acordei com o cheiro de café fresco invadindo o quarto, me envolvendo com um aconchego familiar. Demorei um instante para me situar, mas logo lembrei que estava no apartamento de Mariana, no centro do Recife. Ela havia ganhado aquele lugar de presente dos pais quando completou vinte anos, e ele era a cara dela: aconchegante, cheio de vida, sempre me recebendo com uma sensação de calor e acolhimento.

Plantinhas estavam espalhadas por todos os cantos, em prateleiras, móveis e no peitoril das janelas, enchendo o espaço de verde e frescor. Vasos coloridos, alguns decorados por ela, traziam um toque único de Mariana. Quadros de viagens internacionais com os pais decoravam as paredes, e as cores do apartamento eram vibrantes, mas suaves, sempre iluminadas pela luz do sol que entrava pelas grandes janelas, refletindo nas folhas das plantas e criando um efeito quase mágico.

O cheiro de café ficou mais forte quando me levantei e caminhei até a cozinha, onde encontrei Mariana de costas para mim, mexendo em algo no fogão. Quando ela se virou, vi que a mesa estava posta de forma caprichada. Havia uma cesta com pães quentinhos, frutas frescas organizadas de forma colorida em uma bandeja, suco de laranja espremido na hora, e uma cafeteira cheia de café preto e quente. Tudo estava organizado com cuidado, até mesmo com pequenos detalhes como uma jarra de leite ao lado da xícara e guardanapos dobrados com precisão.

— Mari, o que é isso? — perguntei, surpresa, ainda esfregando os olhos para acordar de vez.

Ela deu um sorriso largo e se aproximou com uma cafeteira nas mãos.

— Bom dia, dorminhoca! Resolvi preparar um café da manhã especial hoje. — disse, ainda sorrindo enquanto pegava duas xícaras da prateleira. — Sinto que coisas boas estão por vir!

Sentei-me, ainda um pouco sonolenta, mas não consegui evitar sorrir de volta para ela. Mariana tinha esse jeito único de tornar as coisas especiais, como se cada detalhe fosse pensado para trazer um pouco de felicidade ao dia.

— Aceita um cafezinho? — perguntou ela, já enchendo minha xícara com o líquido fumegante.

Eu ri, sentindo o calor do café subir em ondas.

— Você ainda pergunta? — respondi, pegando a xícara com as duas mãos e inalando o aroma revigorante.

Mariana sorriu, satisfeita, e se sentou do outro lado da mesa enquanto começávamos a comer. Peguei um pedaço de pão ainda quentinho, passei manteiga e deixei que derretesse antes de dar a primeira mordida. Conversamos sobre coisas banais, rindo e lembrando de histórias antigas, aproveitando aquele momento de tranquilidade que parecia suspenso no tempo, longe de toda a ansiedade que eu sentia ultimamente.

No meio de uma conversa divertida sobre os erros que cometemos na última viagem que fizemos, ouvi o som familiar de uma notificação no meu celular, que estava ali ao lado do prato. A tela acendeu, e meu coração deu um salto imediato. Eu tinha um pressentimento estranho, como se aquela notificação pudesse ser algo importante. Larguei o pedaço de pão no prato, limpando as mãos no guardanapo antes de pegar o celular. Quando vi que era um e-mail, meu coração disparou ainda mais rápido.

Respirei fundo antes de abrir a mensagem, e senti o tempo parar por um momento. Li o conteúdo do e-mail, e depois reli mais uma vez, sem acreditar. As palavras dançavam na tela, mas a mensagem era clara: eu tinha sido aprovada no processo seletivo da prefeitura. Não só isso, mas estavam me convidando para levar os documentos necessários, porque seria efetivada. Eu tinha sido contratada!

— Eu... eu consegui! — consegui dizer, mas a voz mal saiu, parecia que estava presa na garganta.

Mariana parou de mastigar imediatamente e me olhou com uma expressão de total surpresa.

— O quê? Conseguiu o quê?

— Mari, eu consegui! Fui aprovada! Eles me contrataram! — exclamei, a voz finalmente saindo com um tom de incredulidade e alegria.

Por um momento, ela ficou parada, tentando processar a informação. Então, como se algo a tivesse impulsionado, soltou um grito e correu até mim, me abraçando com tanta força que quase derrubou a xícara de café que estava na minha mão. Começamos a pular e gritar juntas, como duas adolescentes comemorando a primeira grande vitória da vida.

— Meu Deus, Sofia! Você conseguiu! Sabia que você ia conseguir! — ela gritava, e eu só conseguia rir e chorar ao mesmo tempo, sem conseguir controlar a emoção que transbordava de mim. Era como se todo o peso das últimas semanas tivesse desaparecido num instante.

No meio da euforia, só consegui pensar em uma pessoa: meu pai. Eu precisava contar a ele, precisava compartilhar essa vitória que ele sempre acreditou que eu alcançaria. Peguei o celular novamente, com as mãos trêmulas e os olhos cheios de lágrimas, e disquei o número dele.

Ele atendeu quase imediatamente, como se estivesse esperando por essa ligação o tempo todo.

— Pai! — exclamei, sentindo as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto. — Eu consegui! Fui contratada! Vou trabalhar na prefeitura!

Do outro lado da linha, houve um breve silêncio, e então ouvi sua risada emocionada, aquela risada cheia de orgulho e felicidade que só ele tinha.

— Minha filha, eu sabia! Eu sabia que você conseguiria! — disse ele, a voz tão carregada de emoção que também comecei a rir e chorar ao mesmo tempo. — Estou tão orgulhoso de você! Sabia que todo o seu esforço valeria a pena!

Fiquei ali, segurando o celular com força enquanto sentia a voz do meu pai me envolver em um abraço invisível, aquele abraço que só ele sabia dar, mesmo a quilômetros de distância. Mariana estava ao meu lado, ainda pulando de alegria e me abraçando, e nós duas começamos a rir de novo, como se a felicidade fosse algo que não pudéssemos conter.

Sentamos novamente à mesa, tentando recuperar o fôlego, e o café da manhã, que já parecia especial antes, agora tinha um sabor completamente diferente. Cada mordida, cada gole de café, tinha um gosto de conquista, de um sonho que finalmente se realizava depois de tanta espera e tanta incerteza.

— Então, já podemos começar a planejar tudo? — Mariana falou, empolgada. — Você vai se mudar para Recife? Se quiser, pode morar aqui comigo! Imagine só, a gente indo juntas para o trabalho, seria incrível! Mas, olha, nem todos os dias eu vou para a prefeitura... quais serão seus dias de trabalho? — Ela disparava uma pergunta atrás da outra, mal me dando tempo para processar.

— Calma, calma, uma pergunta de cada vez! — falei, ainda rindo. — Nem sei se vou me mudar, muito menos quais dias vou trabalhar... E, olha, morar com você seria ótimo, mas eu ainda preciso conversar com meu pai.

Enquanto comíamos, percebi que aquele momento, rodeada pelas cores vibrantes e o aconchego do apartamento de Mariana, era o início de uma nova fase na minha vida. Eu ainda sentia a adrenalina correndo pelas minhas veias, a euforia borbulhando por dentro. Sabia que não seria fácil, mas naquele instante, enquanto tomávamos café e planejávamos o futuro entre risos e lágrimas, eu senti que tudo era possível.

E sabia que, acontecesse o que acontecesse, eu sempre teria pessoas ao meu lado que acreditavam em mim.

E sabia que, acontecesse o que acontecesse, eu sempre teria pessoas ao meu lado que acreditavam em mim

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