The Last Witch - Beauany

Preparativos do Halloween

POV ANY GABRIELLY

Os próximos dias seguintes depois daquele dia foram estranhamente mais leves, sem lágrimas rolando, exceto quando eu sentia falta da minha avó, ou...lia as mensagens do Andrew, que perguntavam a onde eu estava, falavam o quanto ele sentia minha falta e coisas nesse tom de tentar me trazer de volta.

Todas ignoradas com sucesso, obviamente.

A cidade parecia respirar sem medo. Ninguém mais havia desaparecido, o que era um alívio. Mas, no fundo, uma inquietação não me deixava em paz. Algo estava diferente. E não era apenas o silêncio suspeito das notícias, mas dentro de mim.

Pequenos ocorridos estranhos, coisas que eu não sabia explicar: sonhos vívidos de uma época medieval, sensações estranhas ao tocar certos objetos, e aquele diário da minha avó que parecia me chamar sempre que eu passava os olhos por ele.

Não conseguia pegá-lo, toda vez que eu tentava, vinha uma crise de choro e saudades da vovó.

Mas tirando isso, os dias eram tranquilos, cheios de risadas mas de muito trabalho também. Cada amigo se fez presente nos meus dias do seu jeitinho, Sina, por mais distante, tímida e fechada, sempre buscava me elogiar quando me via, fazia piadinhas, e sempre arranjava um jeito de estar perto de mim, mesmo sem muitas conversas profundas, era como um apoio silencioso, e toda vez que ela me via aparentemente triste, ela me mimava com comida, fofo, eu diria.

Noah, por sua vez, tinha o dom de me fazer esquecer qualquer coisa ruim. Ele era brincalhão, protetor e... incansavelmente charmoso. Sua presença era reconfortante, não me fazia questionar sobre nada, era confortável demais, ele não me fazia pensar em nada além do simples. Ele é fácil de ler, um livro aberto eu diria, fácil de conviver, não parece ter muitas camadas nele, era agradável passar cada segundo. Quando ele me olhava, eu sabia exatamente o que passava na sua cabeça, pelo menos a cada dia era mais fácil ler...Ele me via como mulher, com um ar de elegância e admiração agradável ao meu ego. Passamos várias noites jogando, comendo besteiras ou vendo filmes, ele é o amigo nerd descolado, ninguém dá nada pro conhecimento dele, mas se deixar ele faz mil teorias do universo Marvel ou sobre a vida da terra.

E tinha o Josh...falar com ele era como navegar no mar aberto a noite...As tardes e noites no ateliê, assistindo ele pintar...

Era intenso e inquietante ver a criação das obras, não por ser ruim...longe disso, é extraordinário, mas...A presença dele me deixa ofegante...Havia algo nele que me fazia querer ficar e fugir ao mesmo tempo...Ele é tão cheio de camadas que me faz querer entender até a mais simples respiração.

Ajudá-lo no ateliê era um exercício de autocontrole. Era extremamente deslumbrante ver como ele e o corpo dele reagiam na presença das telas.

Mas não entendam como algo ruim, o Josh me trás um conforto diferente do Noah, assim como a Sina, eu não precisava falar absolutamente nada, para ser gostoso a presença, a forma que ele me olhava...Era intimidadora ao ponto de fazer meu corpo sempre estar quente, ele me olhava com atenção, carinho, não exatamente como mulher, mas ao mesmo tempo eu me sentia a única mulher da face da terra...Eu me sentia uma menininha com ele, eu ria das maiores bobeiras...Eu adoro observar ele fumar, ou ver o mesmo estudando os quadros, aquele óculos redondo na ponta do nariz...a mordidinha no lábio inferior enquanto fazia os esboços...

Até o silêncio dele era curioso, o Josh é uma biblioteca antiga repleta de livros lindos nos quais ninguém para para ler, por julgar a complexidade das palavras, mas...Se eu pudesse, leria cada página dos livros...acontece que as folhas são extremamente sensíveis, tenho medo de rasga-las...E a sensação que eu tenho, é que pro Noah tudo é ciência, por mais filosófico que ele tentasse ser, eu era o que eu era e ponto, eu era a vizinha bonita. O Joshua é filosofia pura...E como professora de história, questionar e investigar está intrínsecamente ligado às minhas veias.