NOVATO

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Tyler sentia o coração aquecido ao estar de volta a Nova York. A cidade que o viu crescer, com suas avenidas vibrantes e incontáveis histórias, agora o recebia novamente. Concluir o ensino médio ali, reencontrar velhos amigos e, principalmente, ter a oportunidade de integrar a renomada agência de Rodrigo eram conquistas que ele almejava com fervor. Dois anos haviam se passado desde que começara a treinar técnicas de combate com uma dedicação quase obsessiva. Ele sabia que, mesmo com seus 17 anos, precisaria provar que sua habilidade em lutas não era apenas admirável, mas inquestionável.

"Obrigado. Pode ficar com o troco", disse ele ao motorista do táxi, assim que o veículo parou diante do hotel Illusion. Aquele seria seu refúgio temporário até a conclusão dos estudos, pois seus pais estariam longe por um longo período.

"Até mais", respondeu o motorista, de maneira breve e desinteressada, sem sequer fitá-lo. Suas roupas, que lembravam as de um motoqueiro, contrastavam com uma expressão serena, quase pacífica, algo que Tyler interpretou como um pequeno alívio em meio à tensão de seus próprios pensamentos.

Carregando suas malas - uma com rodinhas que fazia barulho ao ser arrastada, outra equilibrada sobre o ombro -, ele entrou no suntuoso hotel. Assim que cruzou o saguão, foi tomado pela grandiosidade do ambiente. O mármore impecável reluzia sob o brilho dos lustres, e vasos ornamentais contribuíam para a atmosfera que remetia aos requintes do famoso Caesars Palace. No entanto, seus passos foram interrompidos por uma notificação no celular.

"Chegou bem?", lia-se na mensagem de sua mãe, acompanhada de um emoji preocupado. Ele sorriu, um gesto quase automático diante do afeto maternal, e respondeu confirmando sua chegada.

Após receber a chave do quarto, subiu ao quarto andar. Assim que abriu a porta, largou-se sobre a cama, exausto. Fechou os olhos por um momento, mas um suspiro profundo o trouxe de volta à realidade. Hoje seria um dia longo. Ele precisava levantar e enfrentar seu primeiro dia no novo colégio. Afinal, mesmo com sonhos tão ambiciosos, continuava sendo um adolescente.

Sem o carro, que ainda não havia chegado, Tyler solicitou outro táxi para levá-lo até a escola. Durante o trajeto, aproveitou o tempo para pesquisar mais sobre Rodrigo. Os sites o exaltavam, descrevendo-o como um homem íntegro, herói de sua comunidade, um mentor dedicado à juventude. Era impossível não se impressionar com sua imagem pública.

Em um dos links, encontrou um vídeo. Rodrigo discursava em uma escola, rodeado por jovens ansiosos para tirar fotos com ele.

"Farei por vocês o que, infelizmente..." Rodrigo pausou, visivelmente emocionado. "... não fiz pelo meu filho." O vídeo foi encerrado por aplausos entusiasmados, e o título dizia: "Rodrigo se emociona ao recordar do filho perdido."

"Você se parece com ele", comentou o taxista, gesticulando para o vídeo no celular de Tyler.

"Rodrigo?" Tyler perguntou, surpreso e um pouco lisonjeado.

"Sim. O mesmo cabelo loiro, os mesmos olhos azuis", respondeu o motorista, com um tom neutro. "Mas não se iluda. Rodrigo já se enganou muitas vezes com essas características." Antes que Tyler pudesse processar aquilo, o motorista apontou para o colégio. "Chegamos."

Tyler desceu do carro e, perdido em pensamentos, acabou colidindo com um aluno.

"Olha por onde anda, novato", disse o garoto, alto para sua idade e com lápis de olho que destacava seu olhar severo.

Ainda atordoado, Tyler ignorou o tom ríspido, levantou-se e seguiu adiante, procurando sua sala.

"Você está procurando a sala 300?", perguntou um rapaz de cabelos cacheados e roupas rasgadas, que parecia carregar uma confiança inabalável.

"Sim, estou meio perdido", admitiu Tyler.

"Você é o Tyler, não é?"

"Sim, mas como sabe?" Tyler franziu o cenho, surpreso.

"Seu nome está na lista dos inscritos para estagiar com Rodrigo", respondeu o jovem, começando a caminhar.

"Como você tem acesso a isso?"

"Já ouviu falar dos Duplos?"

Tyler arregalou os olhos ao reconhecer o nome. "Claro! São dois lutadores anônimos que ficaram famosos por serem melhores que Bob e Rodrigo em combate. Mas ninguém sabe quem eles são."

"Bom, agora sabe quem é um deles", disse o rapaz, com um sorriso discreto.

"Não acredito! Sou seu fã!" Tyler apertou a mão dele, entusiasmado.

"Guarde esse segredo, ok? Meu nome é Logan."

"Claro! Mas... e seu parceiro? Não são dois?"

"Ele chega amanhã", disse Logan, apontando para a sala. "E aqui estamos."

Tyler entrou na sala, ainda empolgado, e sussurrou para Logan enquanto se sentavam.

"Como faço para falar com Rodrigo?"

"Você não sabe? Ele está no colégio", respondeu Logan.

"Sério? Por quê?"

"Veio falar comigo. Descobriu que sou um dos Duplos."

"Como ele descobriu?"

"Bob contou." Logan encolheu os ombros, aparentemente despreocupado.

"Você aceitou trabalhar com Rodrigo?"

"Não. Fui contratado primeiro por Bob."

Tyler franziu o cenho, surpreso. "Por quê Bob?"

"Meu parceiro escolheu ele. Dylan gosta do jeito radical de Bob."

Ao ouvir o nome, Tyler ficou intrigado. Ele mal podia esperar para conhecer Dylan, alguém que certamente seria tão formidável quanto Logan.

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