IDÉIA

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ANTES
Pela quinta vez, Bob jogava sua bola de pingue-pongue contra a parede de seu escritório, tomado pelo tédio. Estar ali enquanto Rodrigo estava em Paris resolvendo um caso parecia uma injustiça.
Ele olhou ao redor, apreciando a decoração de seu escritório: três estantes recheadas de livros variados e uma belíssima mesa de mármore que completava seu bom gosto.
A porta se abriu, e ele se ajeitou na cadeira, exibindo uma expressão de alegria pela primeira vez.

- Chefe! Consegui o que pediu - disse seu assistente, Julian, ajeitando os óculos. Ele sorria, mas estava visivelmente nervoso. Apesar de jovem, havia conseguido o estágio por ser o melhor da turma.

- Maravilha! O plano começa amanhã, então - Bob esfregou as mãos, celebrando, enquanto se levantava, pensativo.

- Senhor? - Julian levantou a mão com receio, recebendo um olhar inquisidor.

- Sim, Julian? - Bob voltou a se sentar e indicou que ele continuasse.

- Nada de ruim vai acontecer com a criança, certo?

- O plano é apenas trocar os bebês - respondeu Bob, impaciente, voltando a jogar a bola.

- Mas... o senhor não se incomoda em dar seu filho para ele? - perguntou Julian, temendo a resposta.

- Apenas garanta que eu entre naquela sala, Julian. Agora, saia! - Bob exclamou exaltado, e o jovem saiu apressado, fechando a porta.

Bob sorriu, ajeitando o paletó. Com sorte, seu filho nasceria no mesmo dia que o filho de Rodrigo, e tudo sairia perfeito.

AGORA

Bob caminhava apressado pelos corredores do hospital e parou na recepção, onde uma enfermeira assinava uma prancheta com pouco caso.

- Com licença, gostaria de ver minha esposa - ele pediu, nervoso. A enfermeira o olhou impaciente, como se sua rotina já fosse difícil o bastante.

- Qual o nome dela? - perguntou, de frente para o computador.

- Mag - respondeu Bob, tentando parecer calmo.

- E você é...?

- Rodrigo - ele entregou uma identidade falsa, aliviado ao ver que a enfermeira não desconfiou.

- Muito bem, senhor Rodrigo. Quarto andar - ela disse, sem entusiasmo.
Bob saiu apressado e entrou no elevador. O tempo parecia passar devagar, e a ideia de que Chase estava em outro hospital tendo seu filho o deixava cada vez mais impaciente. Mas ele não desistiria do plano.

Quando o elevador parou, Bob caminhou rapidamente até a porta do quarto de sua suposta esposa. Lá dentro, ela dormia profundamente, e o bebê ainda não havia chegado.

- Ele logo virá - disse uma voz, e Bob viu que era uma enfermeira se aproximando.

- Pode trazê-lo agora? - pediu Bob, tentando esconder a urgência.

- Não, lamento - respondeu a enfermeira com um sorriso, saindo logo em seguida.

Bob disfarçou a raiva. O plano não estava saindo como ele havia planejado.

- O que você está fazendo aqui? - Mag perguntou, acordando de repente, espantada.

- Calma - Bob tentou acalmá-la com um sorriso.

Alarmes começaram a soar, e Bob praguejou em voz baixa, correndo em direção ao elevador. No entanto, quando as portas se abriram, ele deu de cara com Rodrigo e Caio, ambos com armas apontadas para seu rosto.

- Vejo que fui descoberto - disse Bob, levantando as mãos em rendição.

Rodrigo não hesitou. Deu um soco no rosto de Bob, que caiu no chão com Rodrigo por cima dele. Caio se aproximou e puxou Rodrigo de cima de Bob, que ainda sorria, mesmo derrotado.
- Calma, eu nem vi o garoto - Bob disse, com sinceridade.

- E nunca verá - respondeu Rodrigo, sendo segurado por Caio.

Nesse momento, os policiais chegaram e algemaram Bob.
- Explique isso agora na delegacia, Bob - disse Caio, indicando que os policiais o levassem.

Bob foi conduzido para a viatura, em choque com sua derrota. Pouco depois, já estava na delegacia, mas, como esperado, conseguiu pagar a fiança rapidamente.

Ele foi diretamente ao hospital de sua esposa, onde a encontrou segurando seu bebê recém-nascido. Sua filha mais velha, Charlie, estava no colo de Mike, seu agente, observando o irmão com curiosidade. Com apenas um ano, ela mal compreendia quem era aquele bebê que sua mãe segurava.

Bob pegou Charlie no colo, afastando seus cabelos pretos e longos para ver seu rosto melhor.

- Veja, este é seu irmão - disse a ela.

- Que nome daremos? - perguntou Chase, segurando o bebê que ainda dormia.

- Que tal Steve? - sugeriu Bob, e Chase sorriu.

- Precisamos conversar, senhor - Mike chamou, afastando-se da família.

- Com licença, amor - disse Bob para Chase, colocando Charlie no sofá antes de seguir Mike até o corredor.

- Senhor, há rumores de que seu chefe quer demiti-lo por causa do incidente com Rodrigo - disse Mike, ajeitando o gorro e observando Bob atentamente.

- Eu já imaginava - Bob respondeu, sorrindo.

- E o que fará? - Mike parecia surpreso com a tranquilidade de Bob.

- Está na hora de abrir meu próprio negócio.

O sorriso perverso de Bob assustou Mike, mas ele disfarçou e concordou com um aceno.

Bob voltou ao quarto, observando o filho adormecido nos braços da esposa. Charlie corria pelo quarto, feliz e alheia a tudo.

Ele pegou a menina no colo novamente.

- Vamos preparar seu irmão, filha - murmurou, olhando para o bebê. Um futuro de guerra estava traçado.

Bob saiu do hospital com Charlie nos braços, ignorando os fotógrafos que gritavam perguntas sobre o ataque a Rodrigo. Colocou-a na cadeirinha do carro e partiu em direção a sua casa.

Em poucos minutos, chegaram a sua residência - um lugar que mais parecia um castelo, extravagante e imponente, com sua cor escura dominando a paisagem.

Ao chegar, um empregado se aproximou com uma folha nas mãos.

- Mike me disse que o senhor vai abrir seu próprio negócio. É verdade?

- Sim. Garanta que ninguém nunca veja o rosto de Steve e comece a reorganizar este lugar - respondeu Bob, enquanto colocava Charlie no chão, no gramado.

- E qual será o negócio, senhor? - perguntou o empregado, curioso.

- Minha própria agência de jovens espiões - disse Bob, com um sorriso sinistro, enquanto olhava para Charlie, que sorria sem entender.

Ele pegou duas espadas que estavam próximas da piscina, um brinquedo para quando Steve crescesse, e entregou uma a Charlie, que estava no chão tentando arrancar a grama.

- Sim, senhor - o empregado saiu.

Bob levantou Charlie e começou a brincar de luta com ela, dando início ao treinamento de sua primeira espiã.

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