Acordo mais um dia, com a sensação de que ainda estou dormindo, algo diferente me ocorreu, percebo que tem uma caderneta no meu bolso. Essa mesma caderneta que estou usando para escrever isso.
Como ela veio parar aqui? Eu não sei. Como ela aparece aqui sempre que me lembro dela? Eu também não sei. Só sei que me veio uma vontade imensa de escrever aqui o meu dia-a-dia.
Não que ele seja muito interessante. É serio. Na verdade ele é repetitivo, MUITO repetitivo. Hoje, depois de acordar, desci as escadas e me encontrei com minha mãe, como acontece todos os dias. Ela me ofereceu o café da manhã e, depois de comer, fui em direção à escola. No caminho para a escola, me deparei com um cachorro que aparentava estar latindo para um esquilo em uma árvore, normal até aí. Porém, depois de uns cinco minutos de caminhada, lá estava ele de novo, latindo para o mesmo esquilo.
É como se nada daquilo estivesse realmente acontecido, o que é estranho, as vezes sinto que estou enlouquecendo, agora isso já faz parte do meu cotidiano.
Continuo andando na rua vazia e sem cruzamentos ou postes, a rua de minha casa não passa de um caminho reto até a escola, não há nada de especial ou diferente nessa rua, nem mesmo postes.
Depois do encontro duplo com o cachorro, chego na escola, devo estar cansada demais, ou doida, porque tenho certeza de que os professores explicam a matéria duas vezes. Mas por incrível que pareça, não consigo entender a matéria, já que estou sempre tentando colocar a mente em ordem.
Quando chego em casa é sempre a mesma coisa. Minha mãe(?) sempre me diz assim que chego: —Boa tarde filha! Como foi a aula hoje?
E eu geralmente digo que a aula "foi boa". Mas como o dia hoje foi mais estranho do que o cotidiano, decidi fazer algo que não faço já faz um tempo:
—É realmente dificil não ter sido uma aula estranha... Muito menos com os professores explicando a matéria duas vezes...Após ter dito isso, o esperado aconteceu. Minha mãe(?) contorceu de forma estranha seu pescoço e sorriu assustadoramente, depois disso, voltou para a posição inicial da conversa e repetiu:
—Boa tarde filha! Como foi a aula hoje?Isso acontece com todas as pessoas que eu tento conversar sobre os acontecimentos duplicados, meu psicológico abalado ou problemas pessoais, por isso não tenho contato com as "outras pessoas". Acho que eu estou enlouquecendo, e que só eu vejo isso. Tenho que admitir que os rostos assustadores me assombraram no início, fiquei umas noites sem dormir por isso, agora eu evito qualquer diálogo, parece que as outras pessoas não sentem falta disso, e eu nem me lembro.
Depois do "Show de Horrores" com a cabeça da minha mãe, fui para o quarto, que, como sempre, me parece desconhecido, e tentei fazer um autorretrato, para que saiba quem sou eu, caso me esqueça disso. Eu acredito que um dia vou esquecer quem sou.Não ficou perfeito, mas ainda assim, essa sou eu. Afinal, quem sou eu? Onde estou? Quem são todas as pessoas e por que insistem em me ignorar? São perguntas que sinto que não vão ter resposta nem mesmo no dia da minha morte.
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Prisão de Mandela
Mystery / Thriller"Acho que eu sou louca" Uma jovem se encontra em um mundo totalmente diferente do que conhecemos, entidades de um único olho a atormentam, adultos são insensíveis e desprezíveis e outros jovens não são encontrados. Até nossa protagonista conhecer u...