CAPÍTULO 11-SEQUESTRO SALVADOR

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Tá bom. Como eu começo? Eu nunca tive um diário antes, por que as garotas escrevem o que lhe acontece num caderno? É só guardar tudo na memória. Talvez elas não sejam tão espertas quanto eu.

 Apresentação então. Sou 141, trabalho com 187 e agora com 175 para descobrir "a verdade", 175 deve ter escrito sobre isso aqui. O motivo de estar com o caderno dela é que sequestramos a garota. Estávamos observando ela enquanto distraía os seres desconhecidos, mas na segunda noite ela acabou cochilando, então tivemos que tomar providências mais rígidas.

 Eu peguei 175 no colo e trouxe para o nosso bunker, enquanto isso 187 distraía novamente os seres correndo para lá e para cá com um pano preto, fingindo ser um deles ou algo assim, não entendi bem o que ela quis imitar. Só sei que deu certo, nós três estamos juntos agora, e isso faz tudo muito mais fácil.

 Pela observação que fizemos com 175, descobrimos que a alteração da realidade é realmente causada pelos seres, que 175 chama de "Eles". Parece que o motivo principal de manipularem nossa realidade dessa maneira são seus olhos, então precisamos de uma amostra, mas aí chegamos na parte difícil, como roubamos um olho de uma entidade que desconhecemos? Eles ao menos são tocáveis? Temos que descobrir tudo isso antes de partimos para cima deles.

 Certo, chega de explicações, agora vou dizer como está a situação dentro do bunker, 175 parece assustada com a situação, então 187 está fazendo o possível para acalmá-la, acho que esqueceu que 175 nunca havia visto ela pessoalmente, o que não ajuda muito, melhor eu ir falar com ela.

°°°

Agora que 175 sabe que estou aqui, parece mais calma, já percebeu que estamos tentando ajudá-la e sabe quem é 187. Falar com números é meio confuso, eu sei disso, mas a realidade é que chegamos nesse mundo estranho sem nomes, e ninguém nos dirige a palavra, então tudo que sabemos são nossos "números". Percebemos que ambos temos números grafados nas nossas costas, não tente saber como 187 e eu descobrimos isso, não foi nem um pouco divertido... Mas eu avisei que um banheiro sem porta não era seguro. O soco ainda dói.

 Enfim, 187 vem observando 175 faz um tempo, isso porque precisávamos de mais um integrante para nosso grupo, o número de pessoas estavá muito pequeno, e atrair seres estranhos só em dois é realmente difícil. Agora que temos 175 conosco tudo fica mais fácil, podemos quem sabe um dia enfrentar um D'"Eles".

 175 é uma garota genial, seu intelecto não está nem um pouco abaixo do nosso, e isso facilita as coisas para a gente, no entanto, parece ter um psicológico facilmente abalável, só espero que não dê uma neurose nela que faça ela voltar para casa com a mãe dela, que por sinal também é uma entidade.

Bom, por enquanto ela parece bem, 187 deu algo para comer, e agora está apresentando nosso humilde bunker. É triste não ter onde dormir confortavelmente, mas se fosse para escolher isso ou "Eles", eu com certeza escolheria esse lugarzinho sem pensar duas vezes. Eu até me apeguei com esse lugar, é confortável morar aqui, ainda mais se for com alguém que consiga conversar com você sem fazer rostos assustadores.

 Estamos nos preparando para dormir, 175 questionou o motivo de eu não querer devolver o caderno para ela, disse que deveria descansar a mente, e não ficar vidrada nesse caderno escrevendo tudo como uma doente.

 Por íncrivel que pareça, isso foi suficiente para ela concordar comigo, mas a realidade é que eu estou gostando de ler sobre os surtos dessa garota, a vida dela é bem mais interessante do que a de qualquer um aqui.

 Acho que agora tenho como obrigação escrever nesse caderno, já que a portadora original permitiu. Pensando bem, parece que ela confia bastante em mim, para me permitir esse espécie de "diário" dela, fico feliz com isso, mas sinto que ela não é muito normal. Tem algo nela que parece importante.

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