CAPÍTULO 16-ESPERANÇA

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Já se passaram duas semanas desde o desaparecimento do 141, eu e 175 estamos planejando uma forma de conseguir outro aparelho de distorção, precisamos encontrar ele.

 Dennis continua esquisito, mas passamos a ignorar ele, ao menos não nos atrapalha. 175 está triste e aparenta cansada, ela diz que sente falta do senso de orgulho do 141, eu sempre digo a ela para não perder a esperança. Mas sinceramente, já me encontrei chorando a noite inteira por isso. Eu sinto falta da respiração pesada dele de madrugada, não chega a ser ronco, é só uma respiração muito pesada. Sinto falta da encheção de saco dele, dos planos idiotas que ele fazia. Estou com saudade dele, tomara que ele esteja bem...

°°°

Apareceu um capítulo novo no caderno, uma continuação do capítulo de antes do 141 desaparecer. É bom saber que ele está bem, mesmo que esteja num lugar totalmente desconhecido.

 Eu e 175 pesquisamos sobre lugares parecidos com o que 141 citou no capítulo novo. Escritórios com um corredor, talvez seja uma empresa, possivelmente abandonada? Vamos descobrir, com certeza.

°°°

Achamos um lugar que bate com a definição que 141 fez, Dennis acordou de bom humor hoje, está estranhamente normal, nada de falar sozinho ou encarar uma de nós, menino esquisito...

 Existe um prédio próximo da praça, era comercial e está abandonado, pode ser que encontremos 141 lá dentro. 175 concordou em ir lá, eu também, Dennis também, vai entender.

 Estamos arrumando nossas coisas, devemos partir em dois dias.

 Dennis está muito mais alegre depois que tomamos essa decisão, isso é bom, muito bom.

 Partiremos hoje.

°°°

Certo, chegamos no prédio, tinha alguns D"Eles" no caminho, mas nos ignoraram. Estamos eu, 175 e Dennis na portaria vazia do prédio. Está escuro, sujo e vazio. A sensação de estar aqui é estranha, como se tivesse algo errado, um lugar que deveria ser populado, completamente vazio...

Andando por aqui, é difícil dizer se 141 está aqui, está escuro demais, e a única coisa capaz de ser vista nesse lugar são os olhos azuis de Dennis.

 Estou com um mau pressentimento.

°°°

Enquanto estávamos de costas, os olhos de Dennis brilharam com um azul vibrante, e sorrindo, Dennis disse:

 —Vocês nunca acharão ele.

 —Por que acha isso? — Pergunto, me virando, sem ver a luz azul.

 —QUE PORRA É ESSA? — Grita 175, caindo no chão, assustada com a luz neon vindo de Dennis.

 Dennis empunhou uma faca, os olhos azuis e o sorriso sádico surgindo no seu rosto, não me deu medo, só ódio. Por causa dele perdemos 141, e agora isso?

 —A raça de vocês é desprezível, nojenta, fraca e incapaz. Enquanto NÓS somos INTELIGENTES, RÁPIDOS E SEMPRE VEMOS TUDO! — Gritou Dennis, se aproximando de 175, que estava no chão, ainda assustada.

 —N-NÁO SE APROXIMA, SAI DAQUI! — Exclama 175, com lágrimas nos olhos e os lábios tremendo.

—SAI! NÃO ENCOSTA EM MIM!

 Nesse momento, corri e furei a bochecha de Dennis com uma faca improvisada, que fiz com um caco do jarro quebrado na praça.

 —Se afasta dela Dennis, ou eu te mato.

 —Você realmente acha que é tão fácil me matar? — Respondeu Dennis, Sorrindo e avançando com a faca na minha direção com uma velocidade fora do comum, meus olhos sequer acompanharam seus movimentos.

 175 me empurrou e impediu que fosse empalada com a faca de Dennis, tomei distância e arremecei um dos cacos que estavam no meu bolso, acertando Dennis em um dos olhos.

Dennis soltou um gemido fraco e, sem tirar o sorriso sádico de seu rosto, e disse:

 —Vou explicar uma coisa para vocês, antes de terem suas vidas ceifadas. No mundo onde vivem, NÓS somos os deuses, vocês não passam de cobaias, ratinhos minúsculos e indefesos, sabem o que acontece com o rato que morde seu dono?

 —Você nos ajudou a matar um de vocês, como pode dizer isso? Por que nos ajudou se nos mataria em seguida, Dennis? O quê você fez com 141? — Questionei.

 —Ah, apesar de eu citar "deuses" no plural, todos nós somos um só, fazemos parte de uma única rede neural, e em relação ao babaca do seu amigo, ele foi mandado para a segunda parte desse plano, o "segundo andar". — Respondeu Dennis. 

—Eu precisava me livrar daquela escória para conseguir matar vocês sem um homem me enchendo a paciência.

 —Atualmente nós estamos no terceiro andar, onde NÓS mandamos; no segundo andar, são os nossos criadores que mandam, e no primeiro andar, não se tem informação alguma. O tempo no terceiro andar passa mais depressa do que no segundo andar, e é aceitável acreditar que o tempo no segundo andar passe mais rápido do que no primeiro. É questão de tempo até seu amigo morrer, vocês serão as primeiras.

 Dennis agarra sua faca e avança em direção a 175, dessa vez menos veloz, e corta sua bochecha.

 175 geme de dor, mas golpeia Dennis no queixo assim que recebe o corte. Eu pego a faca improvisada e corro em direção a Dennis.

Erro o golpe, mas a faca passa de raspão na maçã de seu rosto. Dennis esfaqueia meu ombro esquerdo com um golpe rápido de cima para baixo.

 O ataque de Dennis me deu brecha para contra-atacar, foi o que eu fiz, apesar da dor. Dennis teve um corte superficial no olho que não foi perfurado pelo caco de vidro. Depois disso, ficou um tempo com a cabeça apontada para o chão e gemendo baixinho, suas sobrancelhas cerraram e seu sorriso se desfez. 175 chutou a virilha de Dennis enquanto estava imobilizado.

 Dennis não demonstrou dor alguma, apenas abriu o olho superficialmente ferido e, com um olhar de ódio, esmurrou o nariz de 175, que caiu no chão, gritando de dor. Antes de Dennis agir, eu já estava em posição. Assim que golpeou 175, enfiei a lâmina da faca improvisada na pálpebra de Dennis e com um puxão rápido, arranquei seu olho restante.

 Dennis grita, cai no chão e agoniza, colocando a mão no rosto e gritando repetidamente "VOCÊS VÃO MORRER". Em questão de 30 segundos, Dennis já estava só os ossos, sua pele se tornou escura e esfarelenta, seus musculos pareceram murchar, e logo desapareceram.

 Voltei junto com 175 para o bunker, tratamos nossos ferimentos, vou precisar de pelo menos uma semana para tratar do corte no ombro, 175 também teve o nariz quebrado. Espero que 141 consiga sobreviver até tomarmos uma decisão para salvá-lo.

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