In My Veins (Fanfic Agathario)

My tears ricochet

Acordei tão bem nessa manhã, tão ansiosa para chegar ao estúdio e ter o combo perfeito: este trabalho e Agatha. Tomei um café reforçado e me arrumei um pouco mais do que o normal. O tipo de bobagem que só a paixão pode causar. Absolutamente nada no decorrer das últimas horas me preparou para esse momento. Desço da moto e encontro Wanda conversando com Agatha, que por sinal está contra parede. Eu odeio o que isso me causa. Agatha percebe minha chegada e aproximação e a tensão em sua expressão facial me irrita ainda mais. Wanda se mantém de costas pra mim como se eu nem estivesse aqui.

Rio: Posso participar da reunião?

Wanda: Caso não tenha percebido, estamos em uma conversa pessoal. Pode entrar no estúdio, seu figurino está no seu camarim e seu roteiro também. Stephen assume, por enquanto.

Rio: Agatha?

Agatha: Meu amor, por favor. Vá se adiantar, eu já te vejo no set.

A única expressão pior que a minha foi a de Wanda escutando essas duas palavrinhas, que em nada me tocam, nesse momento. Engulo à seco tudo que estou sentindo agora. Achei que sabia o que estava fazendo entrando nessa merda, mas tem sido demais pra mim. Especialmente as coisas que eu não entendo. Estou certa que existem assuntos inacabados entre Wanda e Agatha, mas não sei até que ponto isso afeta o presente.

Estou atuando duplamente hoje. Quase uma hora em cena e nada de Agatha aparecer aqui dentro. Em contra partida, a cena de Agnes é doce e delicada. Está segurando Nicholas pela primeira vez. É minha primeira vez interpretando uma mãe, e esse bebê me faz sentir coisas tão novas, uma sensação agridoce. De repente, me questiono sobre minhas escolhas, o que até hoje eu nunca considerei me permitir tentar. Um improviso que seria cortado, mas Stephen autoriza continuidade. Estou cantarolando para o bebê uma música que minha mãe cantava para mim, dizia que era seu feitiço de proteção. Ao final dessa cena, toda a equipe está em silêncio. Um silêncio altruísta. Agatha entrou no set sem que eu percebesse e está sentada em sua cadeira olhando fixamente para mim, enquanto o resto da equipe encara o chão. Sem dizer uma palavra, ela sorri pra mim sem esforços. Ver isso não a trouxe dor, mas sim conforto.

Agatha me evitou ao longo do dia, e por mais que isso esteja doendo em mim, entendo que aqui não é o lugar para isso. Mas ao sair do estúdio, vejo que ela está tão ansiosa quanto eu pra isso. Está no estacionamento, inclinada sobre seu carro. A fumaça do cigarro esconde sua expressão. Ao me aproximar, ela não entrega tanto. Somente um convite para um jantar mais tarde. Não consigo parar de pensar no quanto eu ficaria animada com a ideia de um primeiro encontro de verdade, não fosse o intuito real. No caminho até em casa, minha cabeça vira um lar de possibilidades. Eu realmente não me importo com o passado de Agatha, desde que as coisas estejam resolvidas agora. E alguma coisa me diz que é uma frustração atual.

Estou terminando de me arrumar e Agatha já está me esperando lá em baixo. Sem dúvidas, a vontade dela de querer resolver tudo isso assim como eu é o que me motiva a não jogar essa porra toda pro alto. Não tenho mais idade pra caçar problemas, é a última coisa que eu preciso agora. Na porta do carro de Agatha, meu coração acelera no meu simples toque na maçaneta. E ao entrar, ainda mais. Nunca a vi tão linda como estou vendo agora, ela certamente sabe o que está fazendo. O que dificulta mesmo as coisas pra mim. Me acostumei a vê-la em trajes mais sociais, não sabia que precisava vê-la com essa jaqueta preta de couro até esse momento.

O ambiente é mais descontraído do que eu esperava, ela parece conhecer há muito tempo. Me deixa curiosa pensar no quão ela mesma ela deve ter sido aqui, onde os funcionários parecem respeitá-la como pessoa, sem considerar o que ela faz e não ultrapassar essa linha. Agatha está sentada na minha frente com o azul de seus olhos me invadindo sem esforço algum. Não sustento esse silêncio por muito tempo.