Ódio e Rancor

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Ao acordar em uma das enfermarias do orfanato, Ângela se assusta e diz tentando levantar-se:
- O que aconteceu? Onde estou? Porque meu corpo está doendo tanto?

- Fique calma mocinha, você foi espancada pela Samanta, a garota mais marrenta da escola. Continue deitada, você ficará bem. - Disse uma voz estranha de homem.

- E quem é você? Onde está o André e o Dr. Shyrer? - Retrucou Ângela.

- Sou o diretor desse orfanato. Eles estão lá fora. Quer que eu os chame? - Respondeu.

- Diretor? Mas... você é tão jovem? Parece que tem 20 anos. Quantos anos você tem? Não tem postura de diretor. - Perguntou Ângela, erguendo uma das sobrancelhas.

- Tenho 23 anos, eu estou nesse cargo, porque meu pai faleceu e me deixou o orfanato como uma das suas heranças. É meu dever cuidar dela, pois sou o filho mais velho. - Respondeu sorrindo.

- Ah, me desculpe pela falta de educação, sinto muito pelo seu pai. Meu nome é Ângela e o seu? - Ela respondeu, o encarando.

- Não se preocupe com isso. Meu nome é Petter. Eu tenho que voltar para minha sala agora. Não mexa mais com aquelas garotas, você é muito bela para ser maltratada. - Disse Petter, deixando Ângela corada.

- Muito obrigado, você também é muito belo. - Ângela respondeu, abaixando a cabeça rapidamente. - Você pode chamar o André e o Shyrer por favor? - Complementou.

- Sim, claro que chamo. Foi um prazer lhe conhecer Ângela. Estou ao seu dispor. - Petter respondeu saindo.

- Obrigado Petter, digo o mesmo. - Respondeu Ângela sorrindo.

Petter sai e chama André juntamente com Shyrer que adentram ao quarto.

- Como você está Angel? - Perguntou André.

- Bem, eu acho. - Respondeu Ângela olhando para seu corpo machucado.

- Ângela, irei resolver o resto da sua papelada na recepção. Com toda essa confusão, acabei me esquecendo. Daqui 30 minutos eu voltarei para me despedir de você. - Disse Shyrer.

- Tudo bem, muito obrigado por tudo Dr. - Respondeu Ângela vendo o Shyrer sair.

- Fico feliz que você está bem sabia? Estou vendo que você não tem sorte mesmo. A vida está te pregando cada peça, mas eu vou estar sempre aqui tá? - Falou André olhando e acariciando o rosto de Ângela.

- Obrigado André, você está sendo um ótimo amigo! - Respondeu Ângela, tirando a mão de André do seu rosto.

- Amigo? Pensei que fossemos namorados? - Indagou André olhando com uma expressão se interrogação no rosto.

- Não André, depois do que aconteceu hoje acho melhor nós dois ficarmos apenas amigos sabe? Já cansei de tanta confusão e não quero encrencas com essas garotas daqui, nem muito menos encrencas para você. - Respondeu Ângela segurando uma das mãos de André.

André nesse momento não responde nada, abaixa a cabeça e virasse para sair do quarto.

- Onde você vai? Vai me deixar falando sozinha? - Perguntou Ângela.

- Eu preciso ir embora Ângela, meus pais devem estar preocupados, você vai ficar bem. - Respondeu André saindo ainda sem olhar para Ângela.

Ângela sente seus olhos encherem de lágrimas, mas as segura e respira fundo. No mesmo instante que André sai do quarto, o diretor Petter entra levando consigo os olhares de André.

- Ele é seu namorado? - Pergunta Petter.

- Não, apenas um amigo meu. - Responde com Ângela com uma expressão de tristeza em seu olhar.

- Porque está triste? O que aquele rapaz fez? - Pergunta Petter sentando-se do lado de Ângela na cama e tocando delicadamente em seu rosto.

- Sai! Você não é nada meu! Você não me conhece, não sabe o que passo nessa vida estúpida. Não toca em mim! - Responde Ângela furiosamente.

Petter levanta-se rapidamente da cama e pergunta com um olhar assustado para Ângela:
- O que eu fiz? O que está acontecendo com você?

- Desculpe Petter. - Ângela responde agora não conseguindo segurar mais as lágrimas que escorrem pelo seu rosto. - Eu sou uma idiota! Não sei porque eu estou vida ainda nessa droga de vida. Só me dou mal, as pessoas me maltratam, pisam em mim, me fazem de trouxa. Pior que às vezes parece que eu gosto, mas não, eu odeio ser tratada assim! Meu pai me estuprava desde os 6 anos, minha mãe sempre foi ausente, eu nunca tive irmãos a quem eu pudesse ter um ombro pra chorar. Meus parentes nunca gostaram de mim, por ter esse comportamento bipolar. Eu agora perdi meus pais, apanho das garotas mais insignificantes da escola, perdi meu melhor amigo e tenho que ficar nesse orfanato! Eu não mereço isso, talvez se eu morresse seria melhor. - Termina Ângela chorando sem controle de si.

- Calma garota, você não percebe que se ainda está viva, é porque Deus tem um propósito na sua vida? Olha só, tantas pessoas aí no mundo passam por coisas piores e está o felizes, vivendo. Não estou insinuando que os seus problemas são fáceis de esquecer, só estou querendo dizer que sua vida é única, você só vive uma vez. Então aproveita Ângela... - Diz Petter sendo interrompido por um beijo de Ângela.

Ângela sente seu corpo queimar por dentro, suas mãos soam. Sente-se como se nunca tivesse sentido aquilo antes. Petter também se entrega aos beijos de Ângela.

- Desculpe-me Petter, eu não queria fazer isso. Nós nem nos conhecemos, desculpe! - Diz Ângela empurrando Petter.

- Porque? Eu gostei, não precisa pedir desculpas. O que você fez comigo? Eu que peço desculpas, preciso voltar para minha sala agora... desculpe. - Petter fala todo enrolado saindo do quarto.

- Petter!!! Volta aqui!!! - Grita Ângela. - Volta aqui, por favor... - Continua Ângela agora colocando sua mãos na boca e a cabeça entre os travesseiros da cama.

A FalsidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora