Após a visita inconveniente de Ana Letícia, eu não podia mais suportar a energia negativa que sua presença deixava. A irritação dela ainda pulsava no ambiente, e eu precisava desesperadamente de um alívio. Peguei as chaves do carro e fui direto para o único lugar onde eu sabia que encontraria paz: o apartamento de Anahí.
Era ridículo o quanto sentia falta dela, como se cada segundo longe fosse um peso crescente. Eu nunca fui o tipo de homem que dependia de outra pessoa para se sentir bem. Sentir falta de alguém era algo que eu desprezava em outros e, no entanto, ali estava eu, sendo corroído pela ausência de Anahí.
Acelerei o carro, como se a velocidade pudesse compensar o tempo perdido. Chegando ao prédio, subi rapidamente até o andar dela. A ansiedade tomava conta de mim, mas tentei disfarçar, respirando fundo antes de entrar. Ao abrir a porta, percebi que ela não estava na sala.
Subi até o andar de cima, onde sabia que ela poderia estar. Ao entrar no quarto, parei na porta, surpreso e hipnotizado pela visão diante de mim. Ela estava em frente ao espelho, ajustando um biquíni. Sua pele brilhava com a luz suave que entrava pelas cortinas, e seus movimentos eram quase como uma dança, tão naturais e graciosos. Por um momento, fiquei ali parado, observando, completamente perdido nela.
Como se tivesse sentido minha presença, ela virou-se lentamente. Nossos olhares se encontraram, e o choque inicial em seu rosto deu lugar a um sorriso doce.
- Alfonso? Que surpresa, não esperava te ver. Pensei que estivesse viajando.
- Cheguei hoje. Fui em casa tomar um banho e vim direto para cá. Não mereço um beijo? Parece até que viu um fantasma - respondi, caminhando em sua direção, minha voz carregada de uma falsa leveza para esconder o turbilhão dentro de mim.
Ela sorriu ainda mais, aquele sorriso que sempre conseguia me desarmar. Seus braços envolveram meu pescoço em um movimento que parecia tão natural quanto respirar.
- Não esperava mesmo te ver hoje - disse ela, sua voz suave enquanto nossos corpos se aproximavam.
E, então, sua boca encontrou a minha. O gosto dela era familiar e viciante, e o calor do beijo me fez esquecer de tudo: dos problemas, da viagem, de Ana Letícia. Nada mais importava além do momento.
Segurei sua cintura, trazendo-a ainda mais para perto de mim. Eu sabia que estava caminhando por uma linha perigosa, mas, naquele momento, não conseguia me importar. Estar com Anahí era como encontrar a paz que há tempos eu nem sabia que precisava.
Estava sendo excitante sentir o cheiro dela novamente. Aquele aroma suave e delicado, uma mistura de perfume floral e algo unicamente dela, invadiu meus sentidos, despertando sensações que eu tentava ignorar desde o momento em que percebi o quanto sentia sua falta. O toque de sua pele contra a minha, o calor de seu corpo tão próximo, tudo era uma combinação avassaladora que me fazia perder o controle.
Meus dedos deslizaram pela curva de sua cintura, explorando lentamente, como se quisessem memorizar cada detalhe. Seu sorriso se transformou em um olhar mais profundo, quase como se ela também estivesse ciente do turbilhão que havia despertado dentro de mim. Nossas respirações se misturaram, e a intensidade daquele momento parecia crescer a cada segundo.
- Você não deveria me olhar assim - murmurei, minha voz rouca, quase um sussurro, enquanto mantinha nossos rostos próximos.
- E como deveria olhar? - ela respondeu, um brilho travesso em seus olhos, desafiando a tensão que pairava no ar.
Eu sorri de lado, incapaz de resistir à tentação. Ela era uma contradição em forma humana: doce, mas com uma força que me desarmava. Anahí tinha o poder de me desmontar com apenas um gesto, e estar ali, tão próximo, fazia com que tudo o que eu tentava manter sob controle se despedaçasse.
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O preço do desejo AyA
RomanceResistir ao que me faz mal? Isso nunca foi o meu forte. Por que seria? Sou bom em conseguir o que quero, e aprendi há muito tempo que é perda de tempo negar os próprios desejos. Anahí, por exemplo... Desde o primeiro momento, percebi que ela não era...