PARTE II - terra da garoa

12 3 0
                                    

O BTS desembarcam naquela noite, por volta das 22h (horário de Brasília), como chegaram com dois dias de antecedência, não houve presença de ninguém, estava calmo e atravessaram o aeroporto até a saída, pegaram os carros e foram para o hotel. Ao descerem, JK ainda estava desanimado, não queria ficar dentro do quarto, esperando sabe lá o que.

JK: Preciso de ar, vou caminhar ao redor.

São Paulo estava com o clima de aspecto nebuloso e garoava.

RM: Melhor entrarmos, pode ser perigoso, ainda mais a noite, chegamos com antecedência para descansarmos e nos prepararmos, não para fazer aparições e tumulto.

JK: Eu só vou dar uma volta, ninguém vai me reconhecer de boné e máscara. Sou apenas mais um doido caminhando a noite nas ruas.

V: Eu vou com você, não estou cansado e caminhar vai me fazer bem, depois de tanto tempo sentado no avião.

RM (Assentiu com a cabeça): qualquer coisa ligue para o Lee (Segurança) ele vai imediatamente até vocês.

JK e V, atravessaram a rua oposta ao hotel, como estavam vestidos, com máscara e boné, pouco provável que alguém fossem reconhecê-los, ainda mais a noite. Passaram por algumas ruas e quarteirões e encontraram um local ainda aberto, a luminosidade fraca chamou a atenção e decidiram entrar para beber algo. Quando entraram, o estabelecimento cujo nome fez V sorrir: Bar Bossa, estava quase vazio, as poucas pessoas que ali restavam, deviam estar ali apenas observando a garoa que se transformara em uma chuva fraca.

(Ranger da Porta)

Eles se sentaram em uma mesa no canto, para dificultar qualquer reconhecimento. Uma garçonete, com um avental amarrado a cintura se aproximou e lhes entregou o cardápio. Ela tinha um aspecto cansado, e ambos se entre olharam reparando que tiveram essa mesma sensação. Eles pediram duas cervejas, ela nem precisou anotar o pedido, se afastou da mesa, permitindo que ambos comentassem sobre a tristeza que havia no olhar daquela moça. Enquanto comentavam, se questionaram se seria algo familiar ou no trabalho, criando teorias de alguém que nem ao menos sabiam quem era.

(Abridor de cerveja de garrafa, copos americanos sobre a mesa)

Ela então lhes entregou e serviu o primeiro copo cada, como era de costume, quando começou a colocar a cerveja no copo na frente do JK, algo chamou a atenção dele. No braço esquerdo, quase próximo ao pulso, um número 7 tatuado, idêntico ao que ele tinha atrás da orelha. O que aquilo significava??? Ela se afastou, mas antes disse se caso eles precisassem de algo era só chamá-la, se afastando novamente, mas dessa vez, com um leve esboço de um sorriso.

JK (pensamento): Será que é uma Army? Ela não nos reconheceu.

V: No que você está pensando todo concentrado e olhando para a moça?

JK: Não sei, você reparou?

V: No que eu deveria reparar?

JK: No braço dela, a tatuagem do número 7.

V: É muito comum as pessoas terem tatuagens, por quê?

JK: É idêntico ao meu 7, estou pensando que pode ser uma Army.

V: Ela nos reconheceria, não acha?

JK: Não sei bem, talvez a tristeza em seu semblante, nem a permitiu olhar para nós direito, e as máscaras.

V (Riu): Que teoria da conspiração, é só um 7 tatuado.

JK: Mas o formato e o tamanho eram identificados.

V então, olhou novamente para a moça que estava próxima ao balcão limpando uma mesa que acabara de desocupar, ela olhou de relance, mas ele de imediato se virou novamente. Ele ficou aflito, será que ela os reconheceu? Se reconheceu, por qual razão não falou nada. Eles estavam finalizando a primeira cerveja e levantaram a mão, ela foi até eles e novamente trouxe outro par de cerveja, perguntou se eles não queriam comer nada, pois a cozinha já estava encerrando as atividades. Nesse momento, V pode perceber que a tatuagem era idêntica ao do JK, não tinha dúvidas de que se tratava de uma Army. Voltou para o seu rosto, seus olhos inchados e cansados, fizeram seu coração doer. Qual o motivo de tanto sofrimento e dor. Eles sabiam que não podiam se revelar ali, poderia trazer uma situação muito caótica a todos. Mas também, não conseguiram apenas ignorar, caso se tratasse de uma Army, tinham a obrigação de ajudar, esse era o pensamento deles.

V: O que vamos fazer? Falamos com ela?

JK: Não tem como, aqui e dessa forma?

V: Então, quando e onde?

Eles continuaram a observaram enquanto ela estava limpando e organizando tudo, o lugar ficava cada vez mais vazio e eles sabiam que era hora de partir e voltar para o hotel. Mas estavam aflitos, precisam entender o que estava acontecendo. Naquele momento, ela foi até o caixa onde o proprietário estava encerrando o financeiro do dia, ele pegou uma quantia e a entregou, ela agradeceu.

Proprietário: Conseguiu a quantia suficiente?

Ela abaixou a cabeça olhou o valor e com lágrimas nos olhos.

Moça: Ainda não, mas falta pouco, ainda tenho dois dias (esboçou um leve sorriso esperançoso).

Com as costas das mãos limpou as lágrimas que escorriam, respirou e buscou forças, ainda restavam dois dias, ela não iria abandonar o sonho dela.

Proprietário: Com esse, você já está com três empregos, três turnos diferentes, precisa pensar que isso irá te prejudicar a sua saúde. Será que vale a pena perder a vida para ver pessoas que nem sabem que você existe?

Houve uma mudança repentina na feição dela, se transformou em indignação, mas para não ser desrespeitosa apenas disse que sim, pensou ela: - Valia a pena, eles sabem que eu existo, pois faço parte de algo muito maior, eles sempre foram o meu conforto e a minha salvação nos momentos mais difíceis, ir até eles é a minha forma de agradecer por tudo. Nem que eu tenha que trabalhar até o último minuto/segundo.

(De volta a mesa)

V e JK, que ouviram a conversa, se olharam e perceberam que realmente poderia se tratar de uma Army, e que pelo visto a exaustão que ela carregava era pelo fato de querer ir ao show deles que aconteceria daqui a dois dias. A voz de V ficou embargada, JK queria se levantar da mesa e abraçá-la, mas V o impediu, não era o lugar certo. Isso poderia até comprometer ela mesmo. Eles deixaram o valor sobre a mesa e saíram sem falar nada, deixaram uma boa quantia em gorjeta.

(Porta range ao fechar atrás deles)

Quando ela caminhou até a mesa para limpar e recolher o valor, as lágrimas rolaram, aquele valor de gorjeta ajudaria ela a estar mais próxima de realizar seu sonho, parecia que cada vez se tornava mais real, mais palpável estar presente no mesmo espaço que seus ídolos.

(Do lado de fora)

Já na calçada do estabelecimento V e JK saíram e caminharam até o outro lado da rua, onde ainda poderiam observar a moça que corria para o caixa para avisar sobre aquele milagre. JK ainda com o peito doido, sabia que talvez não seria suficiente, pensou na dor que ela poderia estar passando todo esse tempo.

JK: Não podemos simplesmente deixar ela assim, ela precisa saber que estamos com ela.

V: Concordou, mas não é tão simples, temos que ter cuidado.

O celular do V toca, é uma mensagem do RM: Onde vocês estão? Precisam voltar logo para o hotel. Já se passaram algum tempo desde que saíram, ainda estão do outro lado, observando a movimentação do local.

O sete em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora