ALLEATI - TRILOGIA IRMÃOS GRECO: LIVRO 1

CHAPTER 5

O relógio marcava pouco mais de três da tarde quando os jardins da Villa Greco se encheram de conversas baixas, risadas discretas e taças tilintando. A festa de noivado estava em pleno andamento. Líderes influentes da Cosa Nostra e aliados da Camorra se misturavam ao cenário luxuoso: mesas decoradas com arranjos de flores brancas e douradas, garçons deslizando entre os convidados com bandejas de vinhos tintos e brancos, além de aperitivos cuidadosamente preparados.

Nonna realmente se superou desta vez.

Meu pai, estava no centro de tudo. Ele exalava poder enquanto circulava pelo espaço, cumprimentando os chefes presentes com um sorriso que parecia falso para quem o conhecia de verdade. Elise era um contraste intrigante. Silenciosa, reservada, sua presença passava quase despercebida para quem não conhecia sua verdadeira função na família.

Já Enrico estava do outro lado, com uma expressão mais leve. Ele segurava a pequena Anna, sua filha de cinco anos, em um braço, enquanto aceitava uma taça de vinho com o outro. Apesar de sua seriedade, ele parecia mais descontraído, suavizado pela companhia da filha.

Quando finalmente decidi parar de olhar pela janela do segundo andar da casa, ajustei o vestido azul cobalto antes de sair. Era um modelo elegante, mas provocativo na medida certa: justo no torso, com uma fenda lateral que destacava minhas pernas ao caminhar. Meus cabelos caíam em ondas soltas pelos ombros, e o salto agulha fazia cada passo ecoar como um lembrete de quem eu era.

As portas duplas para o jardim se abriram, e todos os olhares convergiram para mim. O murmúrio de conversas diminuiu, mas eu mantive a cabeça erguida enquanto caminhava pelo tapete de pedra.

Meu pai foi o primeiro a se virar. Ele me encarou com uma mistura de irritação e aprovação, mas não disse nada. Suas expectativas para o futuro eram claras, e o noivo que havia escolhido para mim estava ali, a poucos metros de distância.

Dante Mancini.

Herdeiro da Camorra, Dante se destacava sem esforço. Era alto, com uma postura impecável e um terno preto que parecia feito sob medida para sua aura perigosa. Seus olhos escuros capturaram os meus por um instante, e um sorriso quase imperceptível curvou os lábios dele. Havia algo no modo como ele me observava - como um predador calculando o próximo movimento.

Respirei fundo e caminhei até meu pai, que me apresentou formalmente a Dante com uma simplicidade que quase me fez revirar os olhos.

- Dante, esta é minha filha, Gyulia Greco.

O homem diante de mim estendeu a mão, e sua voz soou firme:

- Senhorita Greco. Finalmente.

Aceitei sua mão sem hesitar, sentindo a força controlada em seus dedos.

- Senhor Mancini. - Respondi com um tom neutro, analisando cada detalhe de sua expressão. Ele era uma pedra, sólido e indecifrável, mas algo em seus olhos revelava que ele me via da mesma forma.

- Você demorou. - Ele comentou, um sorriso discreto surgindo no canto dos lábios.

- Digamos que gosto de me certificar de que coisas importantes estão em ordem antes de me ausentar. - Minha resposta foi rápida, e percebi um brilho de aprovação em seu olhar.

Os líderes presentes se aproximaram para cumprimentos formais, e a conversa se voltou para questões de negócios. Enquanto isso, eu observei Dante de soslaio, tentando decifrar suas intenções. Não havia dúvidas de que ele também me avaliava.

Quando a música começou, Dante estendeu a mão para mim novamente, desta vez com um sorriso deliberado.

- Balliamo, amore mio?