Eleven

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Na manhã seguinte, me arrumo para a escola ainda sentindo o peso da conversa da noite anterior. O dia começa arrastado, e cada momento parece uma luta para afastar a voz de Billie da minha cabeça.

No final da aula do segundo tempo, Isabela me encontra no corredor e logo percebe meu humor.

- Tu tá com uma cara péssima, Eliza. O que houve?

- Nada, só tô cansada com a aula. - Tento disfarçar, mas o olhar dela é afiado demais para cair na minha desculpa.

- Aham, cansada. Tá bom. Isso tem a ver com a Billie, né? - Isabela me encara.

Não respondo, mas meu silêncio é resposta suficiente.

- Olha, você precisa decidir o que quer, Eliza. Tá na cara que ela gosta de você, e eu sei que você também sente alguma coisa. Mas se você continuar assim, só vai magoar vocês duas.

- Eu só... É complicado, Isa. Tem tanta coisa na minha cabeça.

- Eu sei, mas fugir não vai resolver. - Ela suspira e coloca a mão no meu ombro. - Vai falar com ela. Antes que isso vire uma bola de neve.

O sinal toca, interrompendo a conversa. Isabela dá um leve empurrão no meu ombro.

- Vai lá. Você consegue.

Saio de lá e vou em direção ao refeitório mas vejo Billie sentada no pátio, mexendo no celular. Respiro fundo e caminho até ela, sentindo o coração disparar a cada passo.

- Oi, Billie.

Ela levanta o olhar, surpresa, mas o sorriso que normalmente aparece quando me vê está ausente.

- Oi.

- Posso sentar? - Pergunto, apontando para o banco ao lado dela.

- Claro.

Me sento, e por alguns segundos o silêncio entre nós é desconfortável. Finalmente, reúno coragem para falar.

- Sobre ontem... Eu não queria ser grossa com você. Só não sei lidar com algumas coisas, e às vezes eu acabo dizendo coisas que não devia.

Billie me olha, o semblante suavizando um pouco.

- Eu só queria te ver bem, Eliza. Não tô aqui pra te pressionar nem nada.

- Eu sei. - Respondo, a voz baixa. - Eu só preciso de tempo pra entender o que eu quero... O que tudo isso significa.

- Eu entendo. - Billie sorri levemente, e é como se um peso saísse do meu peito. - Não quero te apressar. Só quero que você saiba que... Se você quiser, eu tô aqui.

Assinto, sentindo um alívio inesperado.

- Tá... Obrigada.

- De nada. - Ela sorri de novo, dessa vez mais genuína. - Ah, e só pra deixar claro... Eu vou no culto, sim. Porque eu quero.

Acabo rindo, e ela me acompanha. Por um momento, a tensão entre nós desaparece, substituída por algo mais leve. Talvez, só talvez, as coisas possam começar a se acertar.

Enquanto eu e Billie conversávamos, Isabela apareceu no pátio com o olhar curioso e um sorriso travesso.

- Olha só quem tá aqui! - Ela diz, jogando a mochila no banco ao lado. - Vocês duas tão muito suspeitas, hein?

- Para, Isa. - Reviro os olhos, mas sinto minhas bochechas esquentarem.

- Tá bom, tá bom. Vamos lanchar? Tô morrendo de fome.

- Claro. - Digo, levantando. Billie se junta a nós, e seguimos para a cantina.

Chegando lá, enquanto eu pegava um salgado e Billie escolhia uma bebida, Isabela aproveitou o momento para cochichar:

𝐎 𝐏𝐞𝐜𝐚𝐝𝐨 𝐭𝐞𝐦 𝐎𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐀𝐳𝐮𝐢𝐬 | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora