Thirteen

14 4 0
                                    

[Eliza s/s - Pov]

Era uma tarde abafada, apesar do céu nublado, e eu estava tentando organizar meus pensamentos quando a campainha tocou. Sabia exatamente quem era. Samuel vinha me visitar, como fazia sempre que conseguia escapar dos compromissos de casa. Não que eu realmente estivesse ansiosa por isso.

Minha mãe abriu a porta e, claro, foi toda sorrisos e gentilezas com ele. Samuel tinha esse jeito de conquistar todo mundo, pelo menos à primeira vista.

- Samuel, querido, entre! - minha mãe disse, quase como se estivesse apresentando um príncipe.

Ele entrou, com aquele sorriso de sempre. Quando me viu no sofá, veio direto para mim e se sentou ao meu lado.

- Oi, amor? Tudo bem? - Ele se inclinou para me dar um beijo rápido na testa.

- Tudo - respondi, meio sem entusiasmo. - Vamos lá pro meu quarto?

Minha mãe, que já estava na cozinha, gritou antes que eu pudesse dar o primeiro passo.

- Deixa a porta aberta, hein!

Revirei os olhos discretamente e puxei Samuel pelo braço. Ele deu uma risadinha e murmurou:

- É sério isso?

- Você sabe como ela é - respondi, abrindo a porta do meu quarto e me jogando na cama enquanto ele se sentava na cadeira da escrivaninha.

O silêncio tomou conta por um momento até que ele suspirou.

- Então, amiga... o que tá rolando? Você tá quieta hoje.

Suspirei fundo, sentindo o peso de tudo que estava acumulado na minha cabeça.

- São meus pais, Sam. Eles estão começando a pressionar sobre... Sobre casamento.

Samuel arregalou os olhos.

- Casamento? Como assim? Não faz nem um mês que a gente tá... "namorando".

- Pois é. Mas pra eles, isso é o suficiente. Minha mãe começou com uns comentários aleatórios ontem, e agora meu pai tá entrando na onda também.

Ele passou a mão pelo rosto, claramente nervoso.

- Isso não é bom... Se eles começarem a te pressionar, vão falar com os meus pais também. E aí é que ferrou de vez. Meu Deeeeus, do céu.

- Exato. - Cruzei os braços, frustrada. - A gente precisa enrolar isso o máximo que der.

- E o que a gente vai dizer? - Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

- Sei lá. Que ainda somos jovens, que queremos focar nos estudos, que queremos nos conhecer melhor... qualquer coisa que funcione.

Ele balançou a cabeça, pensativo.

- É melhor a gente sincronizar as desculpas, então. Senão, vai dar ruim.

Assenti, tentando esconder minha irritação com toda a situação. Ser pressionada a agir de uma forma que não fazia sentido pra mim já era péssimo. Ter que arrastar Samuel nessa história só tornava tudo mais complicado.

- Você tá bem com isso? - perguntei, com um toque de culpa na voz.

Ele deu de ombros.

- Não é como se eu tivesse escolha, né, amiga?

Ficamos em silêncio por um tempo, cada um perdido em seus próprios pensamentos, até que ele mudou de assunto, provavelmente tentando aliviar o clima.

Mas, na minha cabeça, o peso continuava lá.

Samuel tentou puxar conversa sobre alguma coisa trivial - Alguma série lgbt, eu acho - mas minha mente continuava voltando à pressão dos meus pais e ao incômodo de manter essa farsa. Ele falava, gesticulava, mas eu só conseguia ouvir o eco das palavras da minha mãe: "Eliza, Samuel é um bom rapaz. Vocês formam um casal lindo."

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

𝐎 𝐏𝐞𝐜𝐚𝐝𝐨 𝐭𝐞𝐦 𝐎𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐀𝐳𝐮𝐢𝐬 | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora