✧₊⁺ Bridget ✧₊⁺
Saí da varanda com passos apressados, mas sem força suficiente para parecer uma fuga deliberada. Era como se meu corpo estivesse dividido entre querer correr para longe e hesitar a cada movimento, preso no peso daquilo que acabara de acontecer.
Meu coração martelava tão rápido que parecia ecoar nos meus ouvidos, abafando qualquer som ao meu redor.
Minhas mãos suavam, e eu podia jurar que ainda sentia o calor do toque dele. Formigavam de um jeito estranho, quase doloroso, como se meu corpo insistisse em reviver aquele breve contato.
E, pior, sua voz não parava de ecoar na minha mente.
"Você está linda."
Engoli em seco, sentindo a garganta apertada.
Aquelas palavras simples, dita por ele com um tom tão natural, estava me desestabilizando de uma forma que eu não sabia explicar.
Não era a primeira vez que alguém me elogiava — longe disso.
Mas sempre foi diferente. Sempre senti a superficialidade, como se os elogios fossem uma formalidade, algo vazio, sem significado.
Desta vez, foi diferente.
Mas... como podia não ser? Ele era o Gancho, e até poucos dias atrás, eu era a garota que ele fazia questão de desprezar, de irritar com cada palavra e olhar.
Por que, agora, ele diria aquilo? O que ele queria de mim?
Meu peito parecia estar preso em um nó. Era confusão, ansiedade e, eu odiava admitir, um resquício de algo que beirava a esperança. Uma esperança que me fazia me sentir ridícula.
Ele era manipulador, eu sabia disso.
Mas, ao mesmo tempo, havia algo em seus olhos que me desarmava. Algo que eu não conseguia ignorar.
Parecia que cada passo até meu dormitório era mais lento, mais pesado, e meus pensamentos giravam como uma tempestade dentro de mim.
Por um momento, pensei em voltar ao salão.
Talvez fosse melhor fingir que nada disso tinha acontecido. Mas não consegui. A ideia de vê-lo de novo, de encarar aqueles olhos que pareciam saber demais, era insuportável.Quando finalmente cheguei ao meu quarto, fechei a porta atrás de mim com um suspiro tremido. Me encostei nela, tentando recuperar o fôlego, mas era impossível.
Meu coração continuava disparado, e o vazio do quarto parecia apenas amplificar o caos dentro de mim.
Caminhei até a cama e me sentei na beirada, abraçando meus joelhos. Minha mente gritava com perguntas que eu não tinha respostas. Por que ele disse aquilo? Por que pareceu tão... real? E por que isso me afetou tanto?
Eu queria odiá-lo por mexer comigo assim. Mas, mais do que isso, queria entender por que eu me importava. Afinal, ele era tudo o que eu devia evitar, tudo o que eu sempre disse que detestava.
Fechei os olhos, desejando que, de alguma forma, o sono viesse e me libertasse de tudo aquilo. Amanhã, eu falaria com Ella.
Amanhã, talvez eu conseguisse organizar meus pensamentos. Mas, por enquanto, tudo o que me restava era aquela angústia que insistia em me consumir.
Mas, merda, eu não conseguia dormir. A cada vez que fechava os olhos, era como se ele estivesse lá, diante de mim, repetindo aquelas palavras.
"Você está linda." Era irritante, sufocante.
Me virei para um lado da cama, depois para o outro, puxei o cobertor até o queixo, joguei-o para longe logo em seguida. Nada ajudava.
O maldito não saía dos meus pensamentos. Por que ele tinha que dizer aquilo? Por que daquela forma? E, acima de tudo, por que eu não conseguia simplesmente ignorar e seguir em frente?
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A Perfeita Vingança
RomansaNa Academia Merlin, um renomado instituto onde heróis e vilões coexistem em um frágil equilíbrio, Bridget, a princesa do País das Maravilhas, luta para encontrar um lugar onde possa ser simplesmente ela mesma. Longe dos olhares críticos da corte e d...