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A luz suave da manhã entrou pela janela do quarto do hospital, iluminando as paredes brancas e frias. Eu estava sozinha na cama, os tubos de soro ainda ligados aos meus braços, e a sensação de fraqueza fazia-me sentir mais vulnerável do que nunca. A falta de comida tinha-me deixado exausta, e o médico tinha me aconselhado a descansar mais antes de sair, mas eu sabia que o pior ainda estava para vir.
As palavras da nossa última discussão martelavam na minha cabeça. O João não me visitou. Não era de admirar, porque nem ele nem eu sabíamos o que dizer depois daquelas palavras duras trocadas na véspera. A tensão entre nós ainda pairava no ar, e eu sabia que a situação com a Bruna ainda não estava resolvida, mas eu já não aguentava mais ser deixada à margem enquanto ele resolvia as suas questões com ela.
Quando o enfermeiro entrou no quarto para me dar a última dose de medicação, ele sorriu de forma tranquila, tentando aliviar o ambiente tenso.
— Está tudo bem por aqui, senhora Matilde? — perguntou ele, ajustando os equipamentos com agilidade.
— Sim, tudo bem... já estou a melhorar. — respondi, tentando parecer mais forte do que me sentia. — Posso sair hoje, certo?
Ele olhou para o relógio e depois para o monitor.
— Sim, sim, está tudo em ordem. Já pode sair. Vou pedir que preparem os papéis para a sua alta. — ele sorriu e saiu do quarto, deixando-me com os meus pensamentos.
Não queria sair daquele hospital, não pela fraqueza física, mas pela dor emocional. Eu queria resolver tudo com o João, mas não sabia se ele queria o mesmo. Desde que discutimos, não havia uma única palavra dele, nem uma mensagem, nem uma visita. O silêncio dele só aumentava o vazio que sentia dentro de mim. A insegurança sobre o que sentia por ele, a dúvida de que ele ainda estivesse preso à Bruna, faziam-me questionar se a nossa relação tinha algum futuro.
Olhei para o celular, mas não havia mensagens dele. Nenhuma. A última coisa que ele me disse ainda ecoava na minha mente: "Eu não sei o que mais fazer, Matilde. Preciso de tempo..." Mas o que significava esse tempo para ele? E para mim? Estaria eu disposta a esperar enquanto ele "resolvia" tudo com ela?
Tirei o telefone da mesinha de cabeceira e comecei a escrever uma mensagem. Não sabia bem o que estava a fazer, mas a necessidade de me expressar era maior que o medo de ficar vulnerável.
"João, vou sair do hospital hoje. Não sei o que vai acontecer entre nós, mas preciso de saber o que sentes. Não quero mais viver assim, com essa dúvida. Eu gosto de ti, mas não sei se posso continuar sem saber se sou a tua prioridade."
Assim que enviei, senti um aperto no peito. O que aconteceria agora? Ele responderia? Ele viria até mim? A dúvida corroía-me, mas ao mesmo tempo, sentia que precisava de deixar tudo claro, por mais difícil que fosse.
O enfermeiro voltou e disse-me que os papéis estavam prontos, e que o transporte para a saída estava a ser preparado. Eu arrumei a minha mala lentamente, tentando não pensar demasiado no que viria a seguir. A dor no meu peito era mais intensa do que qualquer ferimento físico que tivesse. Quando finalmente vesti o casaco e me levantei da cama, senti uma ligeira tontura, mas consegui manter-me firme. Não podia fraquejar agora.
Quando me preparei para sair, uma parte de mim esperava que o João aparecesse do nada, que corresse atrás de mim e resolvesse as coisas. Mas outra parte sabia que ele não o faria. Eu tinha que me fazer ouvir, tinha que ser eu a tomar as rédeas da minha vida, independentemente do que acontecesse com ele.

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tu e eu
FanfictionMatilde gonçalves uma Benfiquista desde pequena, nasceu em Braga, mas devido a uma proposta de emprego ela e a sua família tiverem de se mudar. não estava contente com isso, apesar de ir para a cidade do seu clube, não queria deixar os seus amigos...