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Cheguei a casa exausta, mas a minha mente não parava. As palavras da Bruna ecoavam incessantemente, misturando-se com as dúvidas que eu tentava reprimir há semanas. O João podia realmente estar a fazer isto? Depois de tudo o que passámos, ele ainda era capaz de me trair dessa maneira? Não, não fazia sentido. Mas, ao mesmo tempo, havia algo na convicção dela que não conseguia ignorar.

Larguei a mala no sofá e, sem pensar muito, peguei no telemóvel. O nome dele brilhava no ecrã, e os meus dedos pairavam sobre o botão de chamada. Liguei. Uma, duas, três vezes, mas a chamada caiu na caixa de mensagens.

Apertei o telemóvel com força, tentando abafar o pânico. Não queria acreditar que ele me estava a evitar, mas a realidade parecia apontar para isso. Respirei fundo e decidi que não ia esperar mais. Se ele não atendia, eu iria até ele. Precisava de respostas, e precisava delas agora.

O percurso até ao apartamento do João foi um borrão. Quando dei por mim, estava à porta dele, com o coração aos pulos. Toquei à campainha, e os segundos pareceram horas. Por fim, ouvi passos do outro lado. A porta abriu-se lentamente, revelando o João, com um olhar de surpresa e cansaço.

— Matilde? O que estás aqui a fazer? — perguntou, esfregando os olhos como se tivesse acabado de acordar.

— Precisamos de falar. — Entrei sem esperar convite, a determinação a sobrepor-se ao nervosismo.

Ele fechou a porta e virou-se para mim, visivelmente confuso.

— O que se passa? Estás bem?

Olhei para ele, tentando decifrar a sinceridade no seu rosto. Por um momento, senti vontade de acreditar que tudo estava bem. Mas as palavras da Bruna voltaram a perfurar-me como uma lâmina.

— A Bruna mandou-me uma mensagem. Quis encontrar-se comigo. — comecei, vendo a expressão dele endurecer.

— O quê? — Ele cruzou os braços, num gesto defensivo. — E o que é que ela disse?

— Disse que tu ainda a procuras. Que ainda lhe envias mensagens. E que essas mensagens não são exatamente amigáveis. — Cruzei os braços, tentando manter a voz firme, mesmo que estivesse prestes a desmoronar.

Ele franziu o cenho, visivelmente irritado.

— Matilde, tu acreditaste nela? A Bruna está obcecada em complicar a minha vida. Não sei o que ela te disse, mas posso garantir que é mentira.

— Então prova! — exclamei, a raiva finalmente a transbordar. — Mostra-me o teu telemóvel. Mostra-me que não tens nada a esconder.

O João hesitou, e aquele segundo de silêncio foi o suficiente para me lançar numa espiral de desconfiança. Ele olhou para mim com uma expressão de dor, mas também de frustração.

— Não posso acreditar que estás a pedir-me isso. — murmurou, pegando no telemóvel e segurando-o firme, como se fosse um escudo. — Matilde, se não confias em mim, o que é que estamos a fazer aqui?

As palavras dele atingiram-me com força. Queria acreditar nele, mas a hesitação dele, o jeito como evitava encontrar o meu olhar... tudo me fazia duvidar.

— Não é uma questão de confiança, João. É uma questão de honestidade. Se não tens nada a esconder, não há razão para não mostrares. — A minha voz quebrou no final, denunciando a vulnerabilidade que eu tentava esconder.

Ele ficou em silêncio, os olhos fixos nos meus, como se estivesse a decidir algo. Finalmente, respirou fundo e colocou o telemóvel na mesa entre nós.

tu e euOnde histórias criam vida. Descubra agora