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O João riu-se, ainda com um sorriso travesso no rosto, enquanto eu me afastava um pouco, cruzando os braços. Estava a tentar manter a calma, mas por dentro eu estava um pouco descontrolada. Aqueles beijos, aqueles momentos, estavam a fazer-me questionar se realmente estava a ir devagar como tinha prometido.

“Vamos com calma, Matilde,” pensei para mim mesma, mas a presença do João estava a ser cada vez mais difícil de resistir.

-Eu sei que foi só um beijo, mas... - disse ele, tentando ler a minha expressão. - Não te assustei, pois não?

-Não... - respondi, balançando a cabeça. - Só... preciso de tempo. Eu não quero fazer as coisas de forma precipitada, sabes?

-Eu entendo, princesa, e respeito. Não te vou pressionar. - Ele pegou na minha mão e deu-lhe um suave aperto. - A única coisa que eu quero é estar ao teu lado.

Eu senti o calor da sua mão a envolver a minha, e aquele gesto simples fez o meu coração bater mais rápido. Não me estava a sentir pressionada, mas ao mesmo tempo, era impossível negar que tudo entre nós estava a ficar mais forte a cada dia. No entanto, a minha cabeça ainda estava cheia de dúvidas, e eu não queria correr riscos.

-Vai correr tudo bem, Matilde. - Ele disse, olhando-me com um sorriso reconfortante. - Eu vou fazer o que for preciso para te provar que estou aqui por ti, a sério.

Eu respirei fundo, tentando organizar os meus pensamentos. Tinha medo de me entregar demasiado rápido, de me desiludir outra vez. Mas, ao mesmo tempo, o João fazia-me sentir que talvez valesse a pena arriscar.

-Promete-me que vais continuar a ser assim, calmo, paciente. - pedi, olhando-o nos olhos.

-Prometo, princesa. Vou ser o teu porto de segurança. Sempre. - Ele disse com tanta sinceridade que, por um momento, eu realmente acreditei.

Ficamos mais algum tempo no carro, conversando sobre coisas simples, sem pressões. Ele respeitou o meu espaço, e isso fez-me sentir mais segura. Quando chegámos à minha casa, ele estacionou e olhou-me uma última vez, com aquele olhar tão especial que sempre me fazia perder a noção do tempo.

-Até amanhã, princesa. - disse ele com um sorriso suave.

-Até amanhã, João. - respondi, tentando não parecer demasiado emocionada.

Ele beijou-me a testa antes de se afastar para o carro, e eu fiquei a observar até ele desaparecer na esquina da rua. Voltei para dentro de casa, o coração ainda acelerado, mas agora com uma sensação de paz. Talvez, finalmente, estivesse a conseguir encontrar o equilíbrio entre o que sentia e o que precisava. Mas sabia que não ia ser fácil.

Ainda assim, sentia que estava a dar um passo certo, mesmo que fosse devagar.

...

No dia do jogo

Sábado chegou mais rápido do que eu imaginava. A Carol e a Magui estavam animadíssimas com a ideia de irmos ao jogo. O João tinha conseguido os bilhetes sem qualquer hesitação, e eu até me senti mal por ter hesitado em pedir.

-Então, preparada para apoiar o “príncipe” ou vais continuar com a tua conversa do Musa? - brincou a Magui enquanto esperávamos o Uber.

-Por favor, parem com isso - disse, tentando disfarçar o sorriso. - Vou apoiar a equipa, como toda a gente.

-Claro, claro - respondeu a Carol, piscando o olho.

Quando chegámos ao estádio, o ambiente era elétrico. A música, as luzes, os cânticos dos adeptos... tudo parecia mágico. As cadeiras que o João arranjou para nós estavam bem próximas do campo, quase a tocar na zona VIP.

tu e euOnde histórias criam vida. Descubra agora