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João POV

Depois do beijo e do riso dela, senti que estávamos finalmente a encontrar o nosso ritmo. A Matilde tinha essa capacidade única de transformar o mais simples dos momentos em algo especial. Caminhámos até ao carro num silêncio confortável, com a brisa da noite a acompanhar-nos.

Quando chegámos, abri-lhe a porta como sempre fazia. Ela entrou, sorrindo, e eu senti que aquele sorriso me aquecia mais do que qualquer palavra. Durante o caminho de volta, a conversa fluía naturalmente, mas havia algo diferente — uma leveza que ainda não tínhamos partilhado antes.

— Sabes, João — começou ela, enquanto brincava com a alça da mala —, às vezes penso que a nossa amizade foi só o prelúdio para isto.

Olhei para ela rapidamente, surpreso, mas o suficiente para não tirar os olhos da estrada por muito tempo.

— Isto? — perguntei, desafiando-a a continuar.

— Sim, isto — respondeu ela, apontando entre nós, como se o espaço vazio no carro fosse preenchido por algo invisível. — Eu nunca pensei que pudesse olhar para ti e sentir...

Ela parou, talvez a tentar encontrar as palavras certas.

— Sentir? — incentivei, num tom suave.

— Sentir o que sinto agora — completou, sem me olhar, mas o tom dela era sincero.

O meu coração acelerou, mas mantive-me calmo. Não queria pressioná-la. Estacionámos em frente à casa dela, e por um momento ficámos apenas ali, no carro, a olhar um para o outro.

— Matilde — disse, quebrando o silêncio —, eu não vou mentir. Sempre tive medo de perder o que tínhamos. Mas agora... não quero que voltemos atrás.

Ela olhou para mim com os olhos brilhantes, talvez emocionada ou talvez apenas confusa.

— Eu também tenho medo, João. Mas, ao mesmo tempo, sinto que é contigo que quero arriscar.

As palavras dela eram tudo o que eu precisava ouvir. Inclinei-me ligeiramente, segurando a mão dela com delicadeza.

— Então arriscamos juntos, pode ser? — perguntei, com um sorriso.

Ela assentiu, e por um momento, o mundo à nossa volta deixou de existir novamente.

Matilde POV

Os dias seguintes foram diferentes, mas de uma forma boa. O João era o mesmo rapaz divertido e protetor de sempre, mas agora havia algo mais entre nós. Algo que tornava tudo mais intenso e, ao mesmo tempo, mais fácil.

A Carol e a Magui não paravam de fazer perguntas sobre o nosso "estado civil", como elas chamavam. Eu ria, mas no fundo sabia que elas tinham razão. Não éramos apenas amigos, mas também não tínhamos dado um nome ao que estávamos a construir.

— Então, Matilde, ele já te pediu em namoro ou ainda está a ensaiar o discurso? — perguntou a Carol, rindo, enquanto estudávamos juntas na biblioteca.

— Oh, Carol, deixa-me aproveitar o momento. Ainda estamos a ver onde isto nos leva.

— Sim, sim, mas aposto que ele já está todo apaixonado — disse Magui, com um sorriso malicioso.

Eu corei, mas não respondi. Afinal, não podia negar o que também sentia.

Naquela tarde, o João apareceu à saída da faculdade, encostado ao carro, como fazia nos velhos tempos. Quando me viu, abriu aquele sorriso que me desarmava completamente.

— Pronta para mais uma aventura? — perguntou ele, com um tom brincalhão.

— Depende. O que tens em mente desta vez? — perguntei, enquanto me aproximava.

Ele abriu a porta do carro para mim e respondeu:

— Segredo. Mas prometo que vais gostar.

Durante o caminho, sentia que cada minuto ao lado dele era uma nova oportunidade de descobrir mais sobre nós. A vida com o João era assim: inesperada, mas sempre com a certeza de que estava onde devia estar.

Eu não sabia onde esta nova fase nos levaria, mas sabia que queria estar lá, ao lado dele, a descobrir

tu e euOnde histórias criam vida. Descubra agora