"Se o meu coração não puder ser teu, então deixe que o sangue dos sonhos desfeitos corra, e que todos os obstáculos sejam arrancados, como cabeças que caem ao chão."
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Visão de Hana
O ambiente no “Eclipse” estava carregado de energia. Luzes piscavam em cores vibrantes, e o som das fichas caindo nas mesas de jogo era hipnotizante. Cada rosto ao meu redor parecia perdido em seus próprios dilemas e segredos. O cheiro de cigarro e perfume caro pairava no ar, misturado ao som abafado de risadas e murmúrios. Eu mantinha o olhar atento, tentando identificar Katsuo sem chamar a atenção.
Com cada passo, meu estômago se contorcia de nervosismo, mas eu mantinha a postura. Sabia que qualquer movimento em falso poderia custar caro. Meu objetivo era localizá-lo e observar, reunir o máximo de informações sem me envolver. Mas, conforme a noite avançava, Katsuo ainda não havia aparecido.
Tentando não demonstrar frustração, aproximei-me do bar e pedi uma bebida leve, apenas para me manter ocupada enquanto observava o salão. Estava distraída, tentando encontrar alguma pista, quando senti uma mão agarrar meu braço de forma brusca.
— O que uma garotinha como você está fazendo sozinha em um lugar como este? — ouvi uma voz grave atrás de mim, carregada de um tom ameaçador.
Virei-me lentamente e me deparei com um homem alto, seus olhos eram duros e cruéis. O cheiro forte de álcool emanava de sua boca, e o olhar que ele lançava sobre mim era descaradamente predatório.
— Nada que seja do seu interesse — respondi, tentando soar firme e seca, virando-me para o bar novamente, esperando que ele desistisse.
Mas ele não se deu por vencido. Antes que eu pudesse reagir, senti sua mão agarrar meu braço com força, me puxando rudemente contra seu corpo. O cheiro de suor e bebida se misturava no ar, e meu estômago se revirou.
— Não, docinho, resposta errada — ele disse, a voz baixa e debochada, enquanto suas mãos começavam a deslizar de forma invasiva pelo meu corpo.
Nojo e raiva se misturaram em mim como um veneno amargo. Eu queria afastá-lo, queria gritar, mas não podia me dar ao luxo de criar uma cena. Estava ali em uma missão para a Bonten, e o risco de expor minha identidade era grande demais. A Eclipse não era conhecida por sua misericórdia com espiões.
Tentei me afastar discretamente, forçando meu corpo a se esquivar de seu toque, mas ele era muito mais forte do que eu. Meu coração batia descontrolado, e o pânico começou a crescer dentro de mim.
Olhei ao redor, esperando que alguém percebesse o que estava acontecendo, mas todos pareciam indiferentes, absortos em suas próprias apostas e jogos. A sensação de isolamento me atingiu com força. Eu estava completamente sozinha.
— Me solta... — minha voz saiu fraca e quase inaudível, mas ele apenas sorriu, satisfeito com meu medo.
Senti as lágrimas queimando nos cantos dos olhos, mas me recusei a deixá-las cair. Pisquei rapidamente, tentando manter a compostura. Eu sabia que qualquer reação extrema poderia arruinar minha missão.
