Visão de Hana
Ao abrir a porta do meu apartamento, o cansaço pesava nos meus ombros como nunca antes. O dia havia sido longo, e tudo que eu queria era ver Aika, abraçá-la e esquecer, por um momento, a loucura do cassino. Mas assim que coloquei o pé na sala, o ar pareceu congelar. Havia alguém ali. E eu sabia exatamente quem era.
Meus olhos se arregalaram quando vi Manjiro Sano sentado no meu sofá, ao lado de Aika, que dormia tranquilamente. O coração disparou, e por um instante, me senti paralisada pelo medo. Por que ele estava aqui? Como ele havia entrado? Minha mente correu em todas as direções, tentando encontrar uma explicação que fizesse sentido.
— O que você está fazendo aqui? — consegui perguntar, a voz quase um sussurro. Minhas pernas estavam prestes a ceder, mas eu mantive a postura, me forçando a respirar devagar. Não podia demonstrar fraqueza. Não agora.
Ele se levantou lentamente, seu olhar fixo no meu, e o ambiente pareceu ficar ainda mais pequeno. Manjiro Sano estava ali, na minha sala, e eu sabia que ele sabia. O que fiz no cassino naquela noite havia me colocado diretamente na mira dele, e agora, não havia como escapar.
— Esperando por você — ele respondeu, a voz calma, mas carregada de uma ameaça silenciosa. — Acho que você sabe muito bem o motivo.
Claro que eu sabia. E, ainda assim, a ideia de confessar a verdade me sufocava. Minhas mãos tremiam, mas apertei a alça da bolsa, tentando controlar o pânico crescente. Ele não precisava ouvir as palavras. Eu já tinha sido desmascarada.
— Eu... eu posso explicar — comecei, mas minha voz soava vazia, sem a força que eu queria transmitir. Não adiantaria mentir. Manjiro Sano não era tolo, e eu estava sem saída.
Ele me interrompeu antes que eu pudesse continuar, aproximando-se um pouco mais. Sua presença era esmagadora, e meu instinto foi recuar, mas eu fiquei parada, congelada no lugar.
— Não precisa explicar. Já sei o que você fez. Manipulou as roletas, levou meu dinheiro... e agora, Hana, estou aqui para cobrar o que me pertence.
As palavras dele soaram como um golpe, e minha garganta secou. A verdade era que o dinheiro que eu havia ganhado mal cobria as dívidas que tinha. Ele não podia saber disso, mas de alguma forma, parecia entender. A vergonha e o medo se misturavam, e tudo o que eu queria era pegar Aika nos braços e sair correndo.
— O dinheiro... — comecei a dizer, a voz falhando. Engoli em seco, tentando manter a dignidade. — Eu não tenho mais. Já gastei a maior parte dele.
Por um momento, o silêncio foi absoluto. Vi o rosto de Manjiro endurecer, e uma sensação de desespero tomou conta de mim. O que ele faria? Eu conhecia o tipo de homem que ele era. Sabia que o perdão não era uma opção. A única coisa que me mantinha de pé era o desejo de proteger Aika, de garantir que ela estivesse segura.
Então, ele suspirou, e a expressão no rosto dele mudou. Algo além da raiva, algo que eu não conseguia decifrar. E foi aí que ele fez a proposta.
— Então, você me deve uma dívida, Hana — disse ele, a voz surpreendentemente calma. — E eu não sou conhecido por perdoar dívidas. Mas vou te oferecer uma chance. Uma proposta que talvez você não esperasse.
Eu mal consegui reagir. Uma chance? Ele estava me oferecendo uma chance? Mantive-me em silêncio, ouvindo cada palavra, tentando entender o que ele realmente queria.
— Trabalhe para mim — continuou ele, cada palavra carregada de uma promessa que eu não sabia se queria aceitar. — Use suas habilidades, sua inteligência, a coragem que demonstrou ao entrar no meu cassino, a serviço da Bonten. Você sabe que não posso simplesmente deixar isso passar, mas também vejo que você tem potencial.
Meu coração batia descompassado, e senti o chão desmoronar sob meus pés. Eu havia entrado no jogo para garantir o futuro de Aika, e agora estava sendo arrastada ainda mais fundo. Mas não havia escapatória. Ele estava certo. Não havia escolha.
— E se eu recusar? — perguntei, sabendo que a resposta não faria diferença. Eu queria apenas ouvir, pela última vez, que não havia saída.
Ele sorriu, mas era um sorriso frio, desprovido de qualquer humor. Aquele sorriso me dizia tudo que eu precisava saber.
— Recusar? — Ele balançou a cabeça lentamente. — Essa opção não existe, Hana. Você não tem escolha. Ou aceita trabalhar para mim, ou... bem, acho que você pode imaginar o que acontece com aqueles que me devem.
Ele não precisava dizer mais nada. Eu sabia. O mundo dele não perdoava fraquezas. E, mesmo assim, eu não podia deixar Aika pagar o preço pelos meus erros. Endireitei os ombros, tentando encontrar um pouco da coragem que sabia que precisaria para o que estava por vir.
— Eu aceito — sussurrei, mal reconhecendo a minha própria voz. Era um consentimento forçado, uma escolha entre o pior e o insuportável. — Vou trabalhar para você.
Ele assentiu, como se já soubesse a resposta antes mesmo de eu pronunciá-la.
— Bom — disse ele, recuando um passo. — Amanhã, você vai encontrar um dos meus homens, ele vai te instruir sobre suas novas funções. E, Hana... — A voz dele endureceu, e ele deu um passo à frente, seus olhos penetrando os meus. — Não pense em me trair novamente. Eu fui mais gentil do que costumo ser dessa vez, mas não haverá uma segunda chance.
Eu apenas assenti, incapaz de encontrar palavras. Ele deu uma última olhada para Aika, ainda adormecida no sofá, e virou-se, caminhando lentamente até a porta. O peso da sua presença parecia deixar o ar mais denso.
— Ah, e uma coisa, Hana. Cuide bem da sua filha. A segurança dela depende de você agora.
A porta se fechou atrás dele, e eu desabei no chão, sentindo o peso da decisão que acabara de tomar. O jogo estava longe de terminar, mas, desta vez, eu estava jogando de acordo com as regras de Manjiro Sano.
𝓡𝓪𝓲𝓷𝓱𝓪 𝓭𝓮 𝓒𝓸𝓹𝓪𝓼 – Manjiro sano
Espero que estejam gostando.
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𝓡𝓪𝓲𝓷𝓱𝓪 𝓭𝓮 𝓒𝓸𝓹𝓪𝓼 - Manjiro sano
Fiksi Penggemar"Se o meu coração não puder ser teu, então deixe que o sangue dos sonhos desfeitos corra, e que todos os obstáculos sejam arrancados, como cabeças que caem ao chão."