1- Amor nos Bastidores

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O salão estava impecável. As luzes cintilavam como estrelas, e a música suave se misturava ao burburinho dos convidados. Hinata estava radiante em seu vestido branco, o sorriso estampado no rosto ao lado de seu noivo. Eu, como madrinha, estava emocionada, mas também distraída. Não conseguia tirar os olhos de alguém: Naoto, o irmão de Hinata.

Naoto sempre fora o irmão mais velho que eu evitava olhar por muito tempo. Alto, com aquele sorriso fácil e olhos que pareciam ler a alma, ele era, sem dúvida, o centro das atenções. Só que tinha um problema... ele estava com a Letícia.

Ah, Letícia. A personificação do incômodo. Ela tinha aquele jeito de falar como se todos fossem obrigados a ouvir e riam das piadas dela por educação. Bonita, sim, mas a personalidade deixava a desejar. E lá estava ela, agarrada ao braço de Naoto como se ele fosse um troféu.

Durante a cerimônia, me esforcei para focar na felicidade de Hinata, mas a presença dele era quase palpável. Quando ele olhou para mim e sorriu enquanto segurava a aba do paletó, senti um calor estranho subir pelas bochechas. Balancei a cabeça. Controle-se!

A noite seguiu, e eu evitava me aproximar demais. Até que, no meio da festa, Hinata me pediu para ajudá-la com um problema no fundo do salão. Lá estava Naoto, sozinho, ajustando algo na mesa de presentes. Letícia, felizmente, estava do outro lado do salão, monopolizando a atenção de meia dúzia de pessoas.

"Oi, Naoto. Precisa de ajuda?" perguntei, tentando soar casual.

Ele se virou, e aquele sorriso genuíno que sempre me desarmava apareceu. "Só tentando impedir que isso aqui desmorone," ele brincou, apontando para uma pilha de caixas.

Eu ri, sentindo o nervosismo se dissipar. Trabalhamos juntos para organizar a mesa e, entre uma troca de olhares e outra, a conversa fluía como nunca. Ele contou sobre os planos de mudar de cidade, os desafios no trabalho, e eu compartilhei alguns sonhos que nunca havia contado a ninguém.

No meio da conversa, ele perguntou: "Você nunca pensou em mudar também? Ir para um lugar novo, começar do zero?"

Fiquei sem palavras por um momento. Ele não sabia, mas aquela pergunta parecia ter camadas. Antes que eu pudesse responder, Letícia apareceu do nada, interrompendo o momento.

"Naotooo, você prometeu que íamos dançar!" ela reclamou, puxando-o pelo braço sem nem disfarçar.

Ele me lançou um olhar de desculpas antes de ser arrastado para a pista de dança. Fiquei ali, parada, com uma mistura de frustração e tristeza.

Mais tarde naquela noite, enquanto observava de longe, vi algo mudar. Rafael parecia desconfortável ao lado de Letícia. Eles discutiam algo, e ela, com sua costumeira dramaticidade, jogou as mãos para o alto e saiu pisando firme.

Ele caminhou na minha direção, hesitante, mas com determinação no olhar. "Será que podemos conversar?" ele perguntou, a voz baixa.

Fomos para uma varanda nos fundos do salão. Ele suspirou, parecendo aliviado por estar longe do caos. "Letícia... não é o que eu quero. E hoje eu percebi algo."

"Percebeu o quê?" perguntei, sentindo meu coração acelerar.

Ele me encarou, sério. "Que, às vezes, o que a gente procura está mais perto do que imaginamos."

Minhas palavras sumiram, e antes que eu pudesse processar, ele segurou minha mão. O toque era quente, reconfortante, e ali, naquele instante, o mundo parecia ter parado.

"Se eu estiver sendo impulsivo, me diga. Mas... eu quero te conhecer de verdade, sem distrações."

Olhei para ele, e pela primeira vez, senti que não precisava fugir daquele sentimento. "Acho que também quero isso."

E ali, sob as luzes suaves e o som distante da festa, um novo capítulo começou.

o irmão da minha amiga Onde histórias criam vida. Descubra agora