Somos o que fazemos!

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O frio do castelo parecia mais cortante naquela noite, como se as próprias pedras carregassem um presságio sombrio. Era uma sensação inquietante, como se o gelo ancestral das muralhas estivesse vivo, sussurrando advertências que eu não podia compreender. O silêncio era tão denso que chegava a ferir os ouvidos, até que foi despedaçado sem aviso.

Explosões ecoaram como trovões, fazendo as paredes tremerem e o chão vibrar sob meus pés. O castelo parecia um gigante acordado à força, sacudindo-se em meio ao rugido da destruição. Um presságio se tornava realidade diante de meus olhos.

Do lado de fora, Petrovik Rigorov, o homem que buscava vingança pelo irmão Frederick, finalmente havia mostrado sua face. A saga dos irmãos Rigorov não estava morta, e um deles estava ali, comandando um ataque metódico. Seus homens avançavam como lobos famintos, passos lentos, mas decididos, fechando o cerco ao castelo com precisão cruel.

Petrovik, no entanto, mantinha-se afastado, escondido na retaguarda, observando como um estrategista cruel. E  só havia covardia em sua posição. Seus olhos brilhavam à distância, como brasas alimentadas por um ódio profundo e paciente. Era o mesmo homem que havia orquestrado a morte de Ryan Greyson , o irmão mais velho de Dylan, tentando ferir não apenas a família, mas a alma do império que eles construíram.

A visão de Petrovik fez meu estômago revirar. Ele não estava apenas atacando o castelo; estava mais uma vez testando a sanidade de Dylan, alimentando uma guerra que parecia não ter fim.

Porém, algo nessa cena não se encaixava completamente. A investida de Petrovik era precisa, meticulosa demais para ser apenas sobre vingança. Ele não se arriscava sem motivos. Esse cerco não era apenas uma afronta; era um movimento dentro de um jogo maior, um jogo que ainda estava fora de minha compreensão.

Enquanto as explosões continuavam e os gritos começavam a ecoar no horizonte, uma coisa era clara: a guerra contra os Rigorov não havia terminado. E, desta vez, o preço seria ainda maior.

- Dylan Greyson - a voz de Rigorov soou grave, arrastada, como o som de uma porta de ferro se fechando.

- Este castelo será seu túmulo.

Dylan estava parado diante da grande janela quebrada, os cacos espalhados pelo chão refletindo a luz da lua. A luz o envolvia como se quisesse protegê-lo, destacando sua presença em meio ao caos. Ele parecia imóvel, mas seus olhos diziam outra coisa. Havia dor neles, algo profundo, tão forte quanto tudo o que estava acontecendo ao nosso redor. E ainda assim, ele estava ali. Firme, mas de um jeito que parecia prestes a desmoronar.

Sem dizer uma palavra, Dylan se afastou da janela e caminhou até o centro do salão. A confusão ao redor parecia não tocá-lo. Ele era uma presença forte, uma sombra firme, como uma rocha inabalável no olho da tempestade. Seu longo sobretudo negro não era só proteção; ele mostrava quem ele realmente era: um homem marcado pela dor. Não havia medo ali. Nem sequer raiva. Apenas a frieza cortante de alguém que havia perdido tudo - e que agora parecia disposto a perder a si mesmo. . Mas seus olhos... Aqueles olhos, que raramente se fixavam em alguém, estavam agora completamente voltados para uma única pessoa.

Petrovik Rigorov.

O nome ecoou na mente de Dylan como um veneno. O homem que era responsável por toda aquela destruição. Só a visão dele parecia envenenar o ar, fazendo a raiva crescer no peito de Dylan. Mais uma vez, os russos. Mais uma vez, o passado de Dylan voltando para assombrá-lo.

Mas ele estava ali.

No centro do salão destruído, Dylan permaneceu firme, tão imutável quanto as colunas que ainda sustentavam o teto.

O susto foi paralisante. Ninguém estava preparado. O som dos tiros cortava o ar como um grito de guerra, cada disparo espalhando o caos pelo castelo. O ambiente gelado se tornava ainda mais insuportável, mais do que qualquer fogo poderia fazer.

Os medos de Dylan - Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora