EM suspenso

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     Dylan

Ela era a única coisa boa em um mundo sujo e implacável. A única coisa que me fazia sentir que havia algo de real, no meio de tanto crime e escuridão. Seu sorriso era meu ponto de equilíbrio, sua presença, minha tranquilidade. Agora, só resta um buraco vazio, uma sombra que nunca vai se dissipar.

Naquela noite, o telefone tocou e trouxe com ele o fim de tudo. A voz na linha era fria, sem qualquer piedade, me contando sobre a emboscada que levou a vida dela, a única pessoa que me fazia sentir algo além da frieza. A dor foi instantânea, um golpe direto no peito, que me deixou sem ar. Meu coração se partiu, e eu, que nunca tive medo de nada, me vi ali, perdido, desejando poder voltar no tempo e tê-la de volta.

Então, veio a raiva. Uma fúria sem controle, uma necessidade de fazer os responsáveis pagarem por isso. Jurei que quem fez isso iria sofrer, cada um deles. Mas nem a promessa de vingança consegue apagar o vazio que me consome.

Agora, caminho pelas ruas escuras, com um peso enorme no peito. Cada sombra é um lembrete da perda dela, e cada passo é uma luta contra esse vazio. Eu, que sou feito de aço, me vejo ali, destruído pela dor, enfrentando a perda da única pessoa que realmente me importava.

        A solidão é como uma ferida aberta na alma, uma dor que corta mais fundo do que qualquer faca já fez. Sinto cada dia escorrer como areia por entre meus dedos calejados, enquanto tento desesperadamente segurar os fragmentos do que um dia foi a minha felicidade.

Ela se foi, levando consigo o brilho dos meus dias e a paz das minhas noites. Agora, cada amanhecer é uma lembrança de que não vou mais acordar ao som da sua risada, nem sentir o conforto do seu abraço. A vida perdeu parte do seu sentido. As noites são difíceis, o silêncio parece pesar ainda mais, cheio de lembranças que não param de me assombrar. Sinto a ausência dela como uma falta que não consigo preencher.

A dor está ali, constante. Cada batida do meu coração é um lembrete do vazio que ficou. Às vezes, fecho os olhos e ainda imagino o cheiro do seu cabelo, o toque suave da sua mão, mas é só um reflexo daquilo que perdi. Ela se foi, levando com ela uma parte de mim, e eu fico aqui, tentando seguir, enfrentando o vazio que ficou.

E, por mais que eu tente seguir em frente, ainda sinto falta dela todos os dias. A dor da perda não vai desaparecer, mas a vida continua. O amor que eu sinto por ela permanece, queimando dentro de mim, mesmo que o resto ao meu redor tenha mudado.

     Perder a minha noiva e a nossa filha... É como se o mundo tivesse desabado sobre mim, como se a própria vida tivesse sido arrancada dos meus dedos. Eu me vejo cercado por sombras, por memórias que queimam como brasas, me lembrando do que poderia ter sido e nunca será.

Era para ser um momento de esperança, um olhar para o futuro. Mas tudo desmoronou em um instante, como algo que se desfaz sem aviso. A dor é constante, um peso no peito que me lembra o que perdi.

Agora, estou tentando entender o que aconteceu e encontrar algum sentido no que ficou. Cada dia é uma tentativa de seguir em frente, mas ainda há uma pequena chance de algo melhor. Preciso deixar o passado para trás, essa vida de violência e vingança. Preciso de um novo propósito, algo que me tire desse ciclo.

Não vai ser fácil. O passado ainda vai me assombrar. Mas sei que preciso seguir em frente, buscando algo que realmente valha a pena. Talvez exista uma oportunidade de reconstruir, mesmo que aos poucos.

Então, aqui estou eu, tentando encontrar uma direção, uma chance de recomeçar. Não sei o que o futuro me reserva, mas ainda mantenho a esperança de que as coisas podem melhorar.

Aceitar uma nova casa, uma nova "família"... é como entrar em um terreno desconhecido, onde cada canto parece carregar uma história que não é a minha. A casa que agora é minha não é só mais um lugar, mas um reflexo dos erros do passado.

As memórias do antigo dono ainda estão por aqui, como ecos de algo que não terminou bem. Ele perdeu tudo: a fortuna, a honra, a própria vida, esmagado por dívidas e traições. E agora, sou eu quem está aqui, assumindo as consequências das escolhas que ele deixou.                                          Apesar de tudo, sinto um peso de responsabilidade que não posso ignorar. Este castelo, essas mulheres que agora chamam este lugar de lar, precisam de mim. Cabe a mim protegê-las e guiá-las através das sombras do passado. Aceito esse fardo, não por escolha, mas porque não há outra opção. A vida me colocou aqui, e agora é meu dever enfrentar o que vier com determinação.

A esposa e a filha são, para mim, quase como pessoas de outro mundo. Elas têm seus próprios fantasmas, seus próprios sofrimentos, e não sei ainda como me encaixar nessa equação. A dor da perda está escrita em seus olhos, e em cada gesto, vejo o peso que carregam. Mas, mesmo no meio disso tudo, há algo em mim que acredita que, com o tempo, isso pode melhorar.

Eu sei que não vai ser fácil. Vai haver desconfiança, até mágoa, talvez até algum tipo de rejeição enquanto tentamos nos entender e encontrar nosso caminho juntos. Mas, no fundo, estou disposto a fazer o que for necessário para reconstruir o que este lugar representa. Quero que ele volte a ser um lar, um lugar seguro onde possamos seguir em frente e construir algo novo.

Então, vou enfrentar o que vier. Sei que as noites podem ser longas e os dias, difíceis. Mas, no fim, é aqui que estou, neste castelo, com o peso de tudo o que aconteceu, mas também com a esperança de que há algo melhor por vir.

Os medos de Dylan - Livro DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora