(Autora: continuação do flashback)
No dia seguinte, após a intensa discussão entre as duas, elas tinham um almoço marcado com as amigas, mais especificamente na casa de Jennifer. Enquanto se arrumavam para sair, Rio provocou:
— Tá se arrumando tanto assim pra quê?
— Vai pagar de ciumenta mais uma vez? Eu estou me arrumando pra sempre andar do jeito que você merece! — respondeu Agatha.
Rio revirou os olhos. Agatha terminou de retocar a maquiagem e avisou:
— Vou esperá-la no carro junto dos gêmeos.
— Já já desço com Vicente — respondeu Agatha, em voz alta, já que Rio já havia saído do quarto.
Rio passou pelo quarto dos gêmeos, pegou os dois e os colocou no bebê-conforto duplo. Depois, desceu com eles até a garagem, abriu a porta do carro, tirou-os do conforto e os colocou nas cadeirinhas duplas, certificando-se de que estavam bem presos. Ligou o ar-condicionado no mínimo e sentou-se no banco do motorista.
— Eu que vou dirigir! — disse Agatha, enquanto ajeitava o macacão.
Rio, relutante, perguntou:
— Mas por quê? Eu não sou barbeira nem menor de idade. Sei dirigir um carro, tá?
— Não perguntei.
— Eu dirijo na ida, e você na volta, ok?
— Está bem, mas vá devagar.
O caminho inteiro foi feito em silêncio, sem uma única troca de palavras. Quando faltavam duas esquinas para chegar à casa de Jennifer, Agatha disse:
— Até quando vamos ficar assim?
— Não entendi. — Rio respondeu sem desviar os olhos da estrada.
— Rio, há um tempo atrás, nós fazíamos o caminho parando a cada esquina para demonstrar um ato de afeto: um beijo, um abraço, um carinho, ou até mesmo para dizer "eu te amo". Não conseguíamos ficar nem minutos sem nos tocar ou conversar. E agora estamos assim... Eu sinto falta da nossa sintonia. — Agatha encarava Rio, buscando ao menos um olhar carinhoso.
— Me desculpe... Eu só não sei o que sentir. Tenho medo de que você me deixe por outra pessoa.
— Quantas vezes eu tenho que repetir que jamais faria algo assim com você?
Rio não respondeu e continuou dirigindo.
Vicente, que estava quieto até então, perguntou:
— Vocês não se amam mais?
Agatha olhou para Rio como se estivesse fazendo a mesma pergunta.
— Isso é assunto de adulto. — Rio respondeu friamente.
Vicente se calou e permaneceu em silêncio durante o restante do trajeto até a casa de Jennifer.
Quando estacionaram em frente à casa, Rio ficou parada, olhando fixamente para frente, como se esperasse que alguém fizesse o primeiro movimento para sair do carro.
— Coloque pelo menos um sorriso no rosto.
Rio forçou um sorriso, abriu a porta do carro e saiu.
— Eu levo o Vicente desta vez.
— Ele vai caminhando. Me ajude com os gêmeos.
Rio apenas obedeceu, indo até o banco de trás e pegando Nycole no colo. Agatha pegou Nicholas e a bolsa de emergência, que sempre ficava no carro para situações como troca de fraldas ou mamadeiras.
Agatha bateu na porta da casa de Jennifer, e ambas foram recebidas pela anfitriã. Depois dos cumprimentos gentis, entraram e encontraram o restante das amigas.
Logo após o almoço, todas estavam na área da piscina. Agatha conversava animadamente com Wanda, deitada em uma espreguiçadeira, enquanto Rio mexia no celular, observando de longe. Os gêmeos haviam capotado no quarto de Jennifer, e Vicente brincava com Billy, o filho de 12 anos de Wanda. Irritada com a interação entre Agatha e Wanda, Rio levantou-se para pegar uma bebida na cozinha.
Rio estava encostada no balcão quando Agatha apareceu e perguntou:
— Meu amor? O que faz aqui? Nem conversou com os outros ainda. Wanda estava contando sobre quando tentou beber cerveja direto de um galão de chope. — Agatha riu.
— Você parece bem interessada nas histórias dela, né? — Rio virou o copo de conhaque que havia se servido.
— Ela é divertida. — Agatha aproximou-se, colando o corpo no de Rio. — Me beija... Faz tempo que não fazemos isso.
— Não tem nem duas semanas, Agatha.
— Mas eu sinto falta. — Agatha começou a beijar o pescoço de Rio.
Rio segurou o rosto da esposa e disse:
— Beija ela.
Depois, afastou-se e voltou para a área da piscina.
Agatha bufou, claramente irritada com o ciúme de Rio. Respirou fundo e retornou para a espreguiçadeira, tentando manter a calma.
Já era hora de ir embora quando Agatha insistiu que Vicente ficasse com Billy para brincar mais. Rio não queria, mas Agatha deixou mesmo assim.
Relutante, Rio acompanhou a esposa até o carro com os gêmeos, que agora estavam trocados de colo.
— Me dá a chave! — pediu Agatha.
Rio estendeu a chave sem dizer nada.
Agatha deu partida no carro. Já era quase noite, então acelerou para chegarem logo em casa.
No meio do trajeto, o celular de Agatha apitou com uma notificação dentro do porta-luvas. Rio o pegou para ver quem havia enviado a mensagem.
— Quem é? — perguntou Agatha.
Rio leu a mensagem e ficou perplexa.
— O que foi, meu bem? — Agatha perguntou, alternando o olhar entre Rio e a estrada.
— Wanda disse: "Espero que goste do lugar que vamos."
— Meu amor... Eu... — Agatha tentou se explicar, nervosa.
— Conversar? Harkness, desde quando conversar exige segredo?
— Nós só íamos conversar, eu juro!
— Conversar? Você deve estar marcando para me trair. Eu sabia que tinha algo errado! Desde quando isso está acontecendo?
— EU NÃO ESTOU TE TRAINDO! — Agatha gritou, olhando para Rio.
— Então por que marcou de sair para algum lugar com aquela mulher? Você enlouqueceu? Eu sou sua esposa!
— Eu ia te contar, Rio!
— E por que não contou? Acho melhor darmos um tempo.
— O quê? Não faz isso, amor. — Agatha começou a acelerar o carro instintivamente. — Vamos conversar. Eu não te traí!
— Não acredito nas suas mentiras.
Agatha ia responder quando percebeu que o carro entrou na contramão. Na direção contrária, um caminhão vinha em alta velocidade. Desesperada, Agatha jogou o carro para o acostamento, mas ele desceu uma ribanceira íngreme.
As duas gritaram enquanto o carro descia desgovernado, enquanto os gêmeos riam, sem entender o que estava acontecendo. O veículo parou ao colidir com uma árvore, capotando no meio de uma pequena floresta.
Então, tudo se apagou. Agatha não conseguia ouvir ou sentir nada, exceto, ao longe, o som de sirenes.
Será que essa era sua deixa?
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Sorte ou Azar?
FanfictionViver um amor que não condiz com a realidade, é prazeroso? Nessa história, Agatha harkness , uma mulher bem sucedida, dona de casa, mãe de 2 crianças, funcionária de uma das maiores empresas de todo o país. Rio Vidal uma mulher exemplar, dona de u...