"Mas eu não perdi a memória." A frase de Rio ecoava na minha cabeça, desencadeando uma tempestade de pensamentos. Como isso podia ser verdade? Eu fiquei em choque. Por todos esses anos, me culpei por acreditar que a perda de memória dela fosse culpa minha e que, por isso, eu nunca a teria de volta.
Passei a me desdobrar para cuidar de casa e das crianças, porque elas só tinham a mim. Enquanto isso, Rio estava em outro lugar pensando apenas em si mesma? Ela sequer sentiu falta dos próprios filhos?
Minha expressão transparecia desgosto, e lágrimas já enchiam meus olhos. Eu estava incrédula, desacreditada. Ela agiu dessa forma por dinheiro?
Levantei-me e a encarei com ódio. Quando ela abriu a boca para dizer algo, desferi um tapa em seu rosto. Rio abaixou a cabeça, cobrindo com a mão o local onde a atingi.
— Não precisava, Harkness.
— Precisava sim! — respondi, minha voz carregada de dor e raiva. — Você me enganou, Vidal! Fiquei me culpando durante anos por sua causa. Como pode fazer isso com nossa família? — Movimentei-me em direção à porta, mas Rio segurou meu braço.
— Me deixe explicar!
— Não. Você não tem esse direito. — Saí chorando até minha sala, peguei minha bolsa e corri em direção ao elevador.
Antes das portas se fecharem, escutei Jennifer dizer:
— Não faça besteira, Agatha.
No elevador, selecionei o andar do estacionamento. Permiti-me chorar ali dentro. Escorreguei pela parede, tomada pela dor que parecia esmagar meu peito.
Me perguntava se Rio alguma vez foi capaz de me amar ou se apenas fingia bem. Quando o elevador parou e as portas abriram, corri até meu carro. Precisava desabafar.
Já dentro do carro, desabei em lágrimas. Como ela pôde? Como foi capaz? Soquei o volante com toda a força. Liguei o carro e saí do estacionamento rapidamente.
Eu precisava de colo, e só Lília podia me ajudar. Ela sempre foi como uma mãe para mim. Dirigi apressadamente pelas estradas até chegar em casa. Alice estava se preparando para buscar Vicente, mas parou ao me ver.
— Mamãe! — Nycole correu em minha direção e me abraçou. — Por que está chorando?
— Estou nos meus dias, filha. Fique tranquila. — Beijei sua cabeça e caminhei até Alice.
— Alice... Se não for pedir muito, busca Vicente?
Ela me olhou, tentando entender o que tinha acontecido. Apenas abaixei a cabeça e sentei no sofá.
— Claro, mas vamos conversar depois.
— Eu prometo.
Alice saiu com Nycole para buscar meu filho mais velho. Peguei o celular e liguei para Lília. Ela atendeu preocupada, mas não perguntou muito. Disse que viria imediatamente. Agradeci e desliguei.
Chorei baixinho no sofá enquanto esperava. Quando Lília chegou, entrou sem cerimônia.
— O que aconteceu, meu anjinho? Ou devo dizer... capetinha? — Ela tinha um talento único para me fazer rir, mesmo nos piores momentos.
Sentou-se ao meu lado e me abraçou de leve.
— Quer conversar?
— Agora não... Só me deixe chorar no seu colo.
— Claro, Aggie.
Ela deitou minha cabeça em seu colo, e eu estiquei as pernas no sofá. Deixei as lágrimas fluírem.
Não sei quanto tempo fiquei assim, mas, depois de um tempo, comecei a falar:
— R-Rio voltou, Li... — soluçando. — E ela não perdeu a memória... — Meu choro aumentou.
— Não entendo, Agatha. Ela foi embora porque não se lembrava de nada. O que será que ela pensou ao mentir dessa forma? Eu vou quebrar a cara dela! — Lília esbravejou.
— O pior é que ela está casada... e tem uma filha... — chorei mais ao lembrar do beijo. — Ela beijou aquela loira bonitona na minha frente.
Lília respirou fundo, controlando a raiva.
— Rio ficou maluca. Agatha... — me olhou seriamente. — Então, ela é sua chefe?
Assenti com a cabeça.
— Deus... Nem sei o que dizer. Só sei que você não pode se descontrolar. Precisa mostrar que vive bem sem ela. Ela foi uma tremenda babaca com você.
— Não consigo, Lília. Eu a amo. Dói saber que passei todos esses anos sentindo falta dela, enquanto ela nem se importava comigo.
Sentei no sofá, apoiando a cabeça nas mãos.
— Vou preparar um chá bem forte para você melhorar.
— Estou precisando mesmo é de uma tarja preta. — Cocei os cabelos.
— Nem pense nisso.
Ela foi até a cozinha. Enquanto isso, peguei meu celular e pesquisei a conta dela no Instagram. Antes, nunca a tinha encontrado porque não sabia o outro sobrenome. Digitei "Rio Vidal Montgomery", e o perfil apareceu: conta privada.
Não me contive e segui o perfil. Joguei o celular no sofá, mas uma notificação chegou quase imediatamente. Peguei o aparelho e vi que Rio me seguiu de volta. Comecei a stalkear.
Nas fotos, ela parecia feliz ao lado da loira. Parecia que a mulher tinha outra filha. Uma lágrima solitária escorreu quando vi uma publicação onde Rio se declarava para ela. Bloqueei o perfil e parei de seguir.
Deitei-me no sofá, cobrindo o rosto com as mãos. O que farei a partir de agora? Terei que vê-la todos os dias na empresa. Será que conseguirei suportar essa situação? Não acredito que ela sequer se importou com os próprios filhos.
Nós éramos felizes juntas. Por que ela fez isso? Ela dizia que me amava todos os dias. Agora, declara-se para outra. Depois de cinco anos, será que nunca vou superar? Por que tudo isso está acontecendo comigo?
Perguntas e mais perguntas bagunçavam minha mente. Meu coração doía, ferido pelo desprezo dela por nossos sentimentos e história. Mesmo que brigássemos, o que a levou a fazer algo tão cruel? Como pode ser tão fria ao ponto de ignorar tudo o que vivemos?
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Sorte ou Azar?
FanfictionViver um amor que não condiz com a realidade, é prazeroso? Nessa história, Agatha harkness , uma mulher bem sucedida, dona de casa, mãe de 2 crianças, funcionária de uma das maiores empresas de todo o país. Rio Vidal uma mulher exemplar, dona de u...