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Estava andando de mãos dadas com um garoto que tinha conhecido a um tempo, ele estava me levando a um café para um encontro. Tudo estava indo bem, bebemos e comemos. A conversa fluiu sem problemas, além dele ser um cavalheiro de primeira linha, contudo o beijo não encaixava em nenhuma de nossas tentativas. Para ele acho que esse problema não era grande coisa, mas para mim faltava algo.

Quando estávamos nos despedindo senti olhares sobre nós dois, depois que ele foi embora me virei e dei cara com, Jungkook nos fuzilando com o olhar, ele estava sério e raivoso eu diria. Tentei ignorar, mas ele veio em minha direção, parou bem em minha frente.

— Então é esse? — ele disse.

— Desculpe, o que? — me fiz indiferente.

— Esse cara com quem você tá saindo?

— Isso é da sua conta, por um acaso? Acho que não. — continuei a andar, mas o filho da puta veio atrás de mim.

— Você não deveria tá saindo com caras assim! — parou em minha frente.

— A é? E com quem eu deveria sair senhor Jeon?

Ele iria responder alguma coisa, mas deixou para lá, olhou para o lado e suspirou antes de sair.

Não entendo esse comportamento do Jungkook. Não somos próximos, só somos cordiais quando nossos amigos em comum então em jogo, mas normalmente é uma troca de farpas e ódio gratuito. Eu não sei exatamente o porquê disso tudo, mas algo nele me tira do sério.

É como se a sua existência fosse um combustível ansiando para queimar. Voltei ao meu caminho.

Mais tarde naquele mesmo dia tudo mudou.

Era tarde da noite e estava chovendo, meu atual namorado estava aqui comigo e iriamos dar um passo a mais na nossa relação, eu estava nervoso porque seria a primeira vez que eu teria intimidade com alguém.

Meu namorado estava alegre demais por isso. Estávamos nos beijando quando suas mãos foram para meu suéter, ele o tirou com rapidez e não era assim que eu queria que as coisas fluíssem, não esperava um mar de rosas, mas toda essa pressa, toque frios… Não era o que eu realmente queria. Ansiava por paixão, algo que queimasse todo meu corpo como brasa. Contudo deixei as coisas acontecerem, o problema maior é que ele mal entrou em mim, de maneira dolosa e desajeitada demais devo afirmar, não durou muito e foi incômodo quando gozou.

Ele se jogou do lado, suado e ofegante enquanto eu ainda me sentia intocado.

— Isso foi ótimo, amor. — ele disse. Se virou para mim dando-me um beijo no meu rosto e se levantou catando as roupas.

— Onde vai? — me sentei.

— Ah… — ele pareceu pensar — Tenho que encontrar minha tia, ela chega hoje. Não te falei?

— Não.

— Bem, é isso.

— Mas achei que dormiria aqui hoje. Tínhamos combinado isso.

Mesmo não sentindo todo amor do mundo por ele, saber que ele iria sair assim depois disso me fazia sentir como um pedaço de carne, algo usado e descartável. Ele saiu sem mais explicações e eu não impedi. Me vesti e quando a porta se fechou senti uma vontade enorme de chorar.

Estava eu sentado em frente a lareira me lamentando e chorando quando ouvi um barulho de pedras na janela do andar de cima.

Quando percebi que eram pedrinhas sendo arremessadas para chamar atenção, fui até a janela lateral limpando o rosto. O que vi me surpreendeu. Jeon Jungkook estava atirando pedrinhas na janela que seria o meu quarto.

— Mais que diabos! — murmurei, abri a janela do andar de baixo onde estava — O que pensa que ta fazendo?

Ele se assustou e olhou para mim com aqueles olhos grandes e brilhantes.

— Ah, você está aqui embaixo. — foi se aproximando — Estava chorando? — me olhou curioso.

Olhei para o lado envergonhado e limpei o rosto novamente, mas duvido que consiga esconder meu olhos vermelhos e inchados.

— Não foi nada.

— O que ele fez? — seu tom tinha mudado para um sério.

— Ahm?

— O que aquele desgraçado que você anda exibindo fez?

— Por que acha que ele fez alguma coisa?

— Por que…. — sua fala morreu.

Jungkook olhou para os lados com uma mão na boca como se precisasse pensar no que ia falar. Ele parecia com raiva, mas também estava abalado com algo a mais.

— Ele… — começou — ele chegou numa festa agora a pouco, disse que tinha saído daqui e que…

Engoli em seco sabendo o que ele deveria ter dito para aquele monte de gente. Não existia tia, não existia amor, não existia nada e isso só me fez sentir pior.

— Não precisa completar, imagino que ele deve ta se gabando por aí. — eu disse.

— Sinto muito. — respondeu.

— Não sinta, você não fez nada.

— Ele é um idiota.

— E eu sou mais por acreditar.

— Não fala assim, Taehyung.

— Tem vinho e pizza aqui dentro, quer?

Jungkook sorriu para mim, pela primeira vez não foi um sorriso sarcástico ou zombeteiro, foi genuíno e isso fez uma pequena chave mudar na minha cabeça. De repente estávamos só nós dois em frente a TV, no tapete da sala vendo filmes, bebendo vinho e comendo pizza.

A conversa era fluida e adorei conhecer esse lado novo do Jeon. Sem farpas trocadas ou insultos velados, apenas nós dois conversando e comendo, contudo, o vinho acabou e estávamos meio aéreos, porém ainda donos dos nossos sentidos. Jeon olhava para mim sério.

— O que foi? — eu perguntei.

— Sempre achei você muito bonito, Taehyung.

— Não diga essas coisas. — fiquei sem graça.

— Estou falando a verdade.

— Desde quando?

— Desde sempre e ver você por aí exibindo sua beleza e seu sorriso para qualquer um menos a mim dói.

Engoli em seco.

— Jungkook? — me olhou nos olhos.

— Não gosto de brigar com você, mas às vezes é o único jeito de você me notar, saber que eu existo em seu mundo me traz alguma satisfação mesmo que seja desse jeito, pelo menos eu sou alguém para você.

Se aproximou de mim, sua mão segurou a lateral do meu rosto e nossos narizes roçaram, eu sentia sua respiração se misturar com a minha, seu cheiro de vinho do porto com perfume me invadia.

— Me deixe ser alguém melhor para você.

Então me beijou.

De repente 30 [Taekook]Onde histórias criam vida. Descubra agora