Capítulo 04

1.5K 219 608
                                    




Katagatame é uma forma de estrangulamento no jiu-jitsu.

Quando usado bem, é mais letal que uma faca. Menos sujeira, porém, exige mais resistência. A vítima pode se contorcer ou lutar contra, o que vai cansar quem aplica o golpe. Uma calibre 32 também ajuda, mas é barulhenta, e se a mira for ruim mais atrapalha do que ajuda.

Quinze segundos.

Esse é o tempo que um adulto - cansado, após luta corporal - resiste a um estrangulamento. Após esses quinze segundos, não duravam muito mais.

Minjeong rangia os dentes, quase quebrando-os ao juntar as mãos e pressionar o golpe do homem abaixo de si.

Estava no bunker, prestes a fazer a execução quando o desgraçado se soltou da maca e correu até a saída. Outra vez, culpa sua. Estava mais distraída que o normal, várias coisas passando na sua cabeça ao mesmo tempo. Conseguiu impedi-lo, ele estava dopado, mas foi difícil derrubar.

Enquanto fugia, ele conseguiu apanhar o bisturi que estava na mesinha ao lado da maca, e quando começou a ficar sem fôlego, esticou o braço e enfiou bem no estômago da garota.

Minjoeng voltava a ranger os dentes, os quinze malditos segundos não passavam, e fazer muita força com aquele bisturi enfiado em si exigia muita resistência e fôlego.

Treze.

Apertou mais forte.

Quatorze.

Mais uma vez.

Quinze.

Ele parou de se mexer.

Se afastou com cuidado, resmungando de dor. O corte doía pra caralho, olhou para seu abdômen e encontrou a peça ali, enfiada quase pela metade.

— Puto — Cuspiu no cadáver, se levantando apoiada nas paredes.

Foi arrastando o corpo até chegar na sua mesinha enferrujada. Por sorte o bico de busen estava ali por cima, apenas foi preciso pegar a faca e esquentar toda sua área de corte. Após alguns segundos, quando o metal começou a mudar de coloração, com a outra mão, agarrou o bisturi puxando para fora.

Devagar, de forma torturante foi saindo, jorrando sangue por todo chão, manchando sua roupa. Jogou o objeto no chão e puxou a bainha da sua camisa branca, levando até a boca, agarrando firmemente com os dentes. Seu abdômen tinha um corte do tamanho de uma moeda, não parava de jorrar sangue.

Já estava ficando tonta, apoiou as costas na parede, agarrou a faca e com a mão livre levou até a ferida, forçando a fechar, passando a faca por cima, queimando toda sua pele, sangue, toda sua carne. Mordeu o tecido da camisa, suprimindo seu guincho de dor. Não era a primeira vez que cauterizava uma ferida aberta, nem seria a última. Mas não importava quantas vezes fizesse, doía toda sempre.

Dez minutos era o que precisava para fechar. Tinha que esperar e sentir aquela dor aguda da sua pele sendo queimada a cada segundo. O cheiro de queimado subia pelas suas narinas, o sangue ainda escorria e a faca queimava não só o local aberto mas também a sua pele boa.

Foram os dez minutos mais torturantes daquele dia. Quando acabou, largou a faca no chão e desceu as costas pela parede, caindo sentada. Tirou a camisa ficando apenas com o sutiã branco, que assim como todo seu torso, se sujou de sangue. Olhou para a queimadura exposta no abdômen, a carne vermelha mudando de cor aos poucos. Suspirou fundo e descansou a nuca na parede atrás de si, fechando os olhos. Precisava fazer um curativo rápido.

Venetta - WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora