Capítulo 19

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Estar nos braços de Tom é reconfortante, não é como estar com Alexandre, porque o Alê me entende melhor, mas é sempre bom poder desabar seus sentimentos em alguém que confia. Ou quase. Mas com Tom há uma conexão.

Ficamos horas conversando expliquei tudo para ele, desde o acidente até a perda do bebê. Contei tudo para ele. E pedi silêncio e ele o fez.

Mais tarde naquele dia que parece nunca acabar, todos estavam lá. Os garotos vizinhos, a família da Tatiane, meus pais, que surpreendentemente já sabiam a tempo sobre a gravidez, infelizmente Nucci estava também, Tatiane dormia em uma poltrona, Fernando estava ao seu lado o tempo todo segurando sua mão, trazendo café para mantê-la acordada, e tudo mais, mas o sono a consumiu.

Por volta da Meia Noite estavam todos familiarizados, conversando e tudo mais. Tom e Fernando conversaram bastante, eu não aguentava o sono estava me consumindo mas a tristeza e angustia, eram maior, fui até a lanchonete do hospital comprar um café, sentei em um banco na recepção longe de todos os outros, para descansar os olhos e pensar em tudo que aconteceu desde que voltei.

Depois de algumas horas sozinha, em modo zumbi, sinto uma mão quente em meu ombro. Olho para traz e vejo João.

-Fiquei sabendo quase agora, vim o mais rápido que pude.

Assenti com a cabeça, minha vontade era de não estar em lugar algum, eu queria estar na minha cama deitada, debaixo de meu edredom.

-Ali você está bem ? - Neguei com a cabeça

-Ali, fala comigo? - Fixei os olhos em um ponto de sua camisa e não desviei mais o olhar, ele falava comigo e eu não ouvia, não conseguia. Era como se estivesse anestesiada, tentei falar e não consegui, tentei me mexer, mas não havia como.  Estava perdida em meus devaneios.

De repente  vejo Fernando, Tom, meu pai, minha mãe, João e o Doutor a minha volta. Não conseguia ouvir nada, eles falavam, falavam, mas não conseguia ouvir nada. Sinto uma leve picada no meu braço e em poucos instantes adormeço.


Tom

O irmão da Ali é um cara super legal. Já tinha visto ele outras vezes no apartamento das meninas, mas nunca trocamos uma palavra. Conversamos sobre o estado  da Patricia e o que iria acontecer se Tatiane descobrisse.

Alice saiu a algumas horas e esta ficando preocupado, quando um cara, que não sei quem é chega do nada.

-Fernando, eu não sei o que aconteceu, ela esta parada sem falar nada, não se mexe, eu estou desesperado chamei-a diversas vezes e nada, vem comigo por favor.

Eles saem, mas algo me diz que devo acompanhar, sigo-os  e vejo do que se trata.

-Acho que ela esta tendo uma crise. Vou chamar meu pai, ele deve saber o que fazer.

Fernando sai, me ajoelho m frente a Alice pego sua mão, e a chamo diversas vezes, ela não se mexe. Passo a mão em seu rosto e a chamo novamente.

-Ali- pauso por um tempo- Alice por favor, peço em desespero.

-Licença, Ali docinho, escute a voz  do papai, você consegue voltar, escuta o papai Ali por favor, olha pra mim, Ali, Ali, Ali, já passamos por isso antes por favor.

Nada acontece, nada, de repente a senhora de cabelos negros compridos aparece com o doutor que aplica uma injeção nela.

- O que é isso? - Pergunto assustado

-É só um calmante, é fraco, mas daqui a pouco ela esta acordando novamente.

- O que foi isso? -  Perguntei ao Fernando

- Ela tem isso desde os 6 anos, é um tipo de Choque psíquico, Estado de crise,  ou mais popularmente conhecido como "estado de choque" é como ela fica após uma situação de risco de vida ou perigo de entes queridos. É um transtorno transitório que ocorre após eventos de extremo estresse físico e/ou psíquico e geralmente desaparece em algumas horas ou em alguns dias.

-Isso acontece com frequência?

-Não, só nesse casos mesmo. Os piores foi quando meu irmão morreu, e a uns anos atrás por causa desse ai. - Indica o cara desconhecido ao lado.- Bom eu vou voltar pra lá com a Tatiane, Fica com ela Tom, por favor?

-Não precisa pedir vou ficar aqui.

-Eu também - Diz o cara- Eu sou o João. Ex da Alice.

Não sei porque disse, mas saiu espontaneamente:

-Thomas, Futuro.


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